Capítulo 3

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Já faz quinze minutos que estou sentado nessa cadeira, sem me mover. Já deveria estar com o esquadrão pronto, mas ao invés disso estou pensando em Irina. Ela estava tão linda, mais linda que nunca. Eu a conheci uma adolescente, agora é tão madura, tão... Mulher. Querendo ou não sempre me senti inferior a ela, por ser tão independente. Irina sempre cuidou de mim, mesmo sabendo que deveria ser ao contrário. Passo mais cinco minutos com um sorriso no rosto, olhando para o teto e pensando na sua última frase. Não posso negar que estou incrivelmente aliviado. Ela não quer ir, não quer acabar o que nós temos. Ela ainda me ama. Mas eu ainda a amo? Penso um pouco.

"Com toda certeza do mundo" digo em voz alta. Queria que ela ouvisse isso.

Levanto-me e pego uma caixa que está no centro da grande mesa. Dentro dela há fotos de perfil dos trinta melhores soldados da nossa base militar. Espalho as fotos pela mesa e começo a pensar em quais serão os quinze escolhidos.

Primeiro: Soldado Peter Hastins. Com certeza. Um dos melhores em operações noturnas. Ele nunca erra um tiro.

Segundo: Soldado Michael Evans. Extremamente silencioso e habilidoso com uma M4A1*.

Terceiro: Soldado Greg Mason. O melhor com uma M1014**. Sabe derrubar portas como ninguém.

Quarto: Soldado Connor Hall. Além de meu melhor amigo, é forte e muito bom com granadas.

Quinto: Soldado Oliver Young. Um sacana, porém muito bom em combate.

Sexto: Soldado Toby Aran. O melhor atirador de apoio.

Sétimo: Soldado Elliot King. Muito bom em avaliar objetos importantes.

Oitavo: Soldado Lucas Lopez. O melhor em treinamentos coletivos. Irei arriscar.

Nono: Soldado Leon Taylor. Muito inteligente e por incrível que pareça, sabe pilotar um helicóptero Apache.

Décimo: Soldado Liam Harris. Silencioso e sabe acalmar os ânimos de reféns e pessoas inocentes no meio que qualquer confusão.

Já estou cansado a esse ponto, logo sento na cadeira e escolho os outros cinco sem pensar muito. Os dez melhores já foram escolhidos. Escolho os soldados Tomphson, Scott, White, Collins e Moore.

Tudo pronto. Saio da sala e vou à busca do soldado Jakins. Will Jakins é um garoto de dezoito anos que é meu ajudante, quase consigo vê-lo como um filho. Não queria estar aqui, é medroso, loiro e franzino e se não fosse por mim, sofreria bullying todos os dias. Apesar de tudo, é muito simpático, curioso e o único com quem consigo falar sobre Irina.

Acho-o no refeitório.

Está sentado numa mesa sozinho, quando um soldado se aproxima. Luke Swan. Apenas um novato que só está há dois meses por aqui e já se acha o dono do mundo. Continuo parado na porta, ao longe, vamos ver até onde ele vai. Luke fala alguma coisa para Will e então pega sua bandeja de comida, jogando-a no lixo. Will se encolhe ainda mais e eu aperto meus punhos. A raiva começa a me apossar, porém, eu preciso de um bom motivo pra dar uma lição em Luke. E isso acontece logo. Luke pega a latinha de refrigerante de Will e derrama em sua cabeça, fazendo todos os soldados na sala explodirem em risadas. Luke apoia a perna no banco largo, de frente para Will, que está assustado, porém firme e tentando se limpar com um guardanapo. As risadas são altas e Luke ri mais que todos. Posso ver em seu olhar como se sente superior. Já chega. Ando até lá a passos firmes. Não dou tempo para explicações, chuto sua maldita perna com toda a força, fazendo-o cair no chão. Todos param de rir. Sinto que todos prenderam até suas respirações. Luke ainda está no chão, com as mãos na perna que estava no banco, antes de eu ter chutado.

𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐆𝐔𝐄𝐑𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora