UMA NOVA VIDA

Capítulo X

O vento frio rebentava em minha pele, mas isso não me importava tanto. Eu tinha o cheiro dele impregnado nos meus poros, o toque áspero, típico de homens como ele, ainda fazia calafrios lá embaixo. Me custava acreditar que aquilo não passava de um sonho erótico da minha mente tocada pelo álcool, mas minha calcinha molhada contradizia essa tese. Abracei-me por um instante. E agora? Como agiríamos? Será que o clima ficaria muito constrangedor? E ele? Fez aquilo por causa do álcool? Mas é claro que sim, dã. Provavelmente amanhã já nem lembrará disso e eu por minha vez devo esquecer. Não tocarei nesse assunto, e pronto. As coisas vão voltar ao normal pela manhã. Ok Clark, respira. Conta até dez, ponha sua melhor cara de brisa e entre lá, continua sua festa e volta de carona pra casa, tendo que ficar sozinha no carro do Henry e minha tentativa de me acalmar foi pro brejo da Marshall.

- Clark?

- Eu. - virei de uma vez.

Leon estava a alguns passos de distância, tinha um meio sorriso safado.

- Por que está sozinha aqui fora? - se aproximou um pouco.

- Precisava de ar. A bebida me afetou muito rápido.

- Ahn... - coçou a cabeça, meio confuso. - Vem, vamos entrar. Você não precisa beber se não quiser.

- Acho uma boa. Até porque estou meio resfriada e esse tempo não tá legal. - tropecei nas palavras mais do que pude contar.

Leon somente observava meu nervosismo latente, mas limitou-se a manter a boquinha bem fechada. Menos mal.
Ele parou na porta, fazendo sinal para que eu entrasse primeiro. Alguns pares de olhos se voltaram na nossa direção. Incluindo meu primo delícia e seus dedos mágicos, Jesus, o que estou dizendo. Mas foi somente um olhar fugaz, logo ele se virou e continuou seu papo animado no meio de uma turma de dois garotos e três vacas oferecidas. Nem Yeda nem Carmen estavam mais ali, o que me restou? Nada né. Pois então, e de volta a bebida porque ninguém merece ficar só e sóbria. Catei um cooler de pêssego, tinha pouco álcool o que era até bom. Me joguei no sofá, dando uma rápida olhada em volta. Parece que mais da metade dos convidados resolveu brincar de cavalinho por aí.
Senti o sofá afundar ao meu lado. Nem fiz questão de olhar, já sabendo quem era.

- Não consegui parar de te olhar, nem um minuto. - não precisei olhar para ele, para saber que me comia com os olhos. Sua voz macia era convidativa.

- Se isso for um elogio, obrigada.

Bebi meu cooler encarando a parede coberta de cortinas creme com rendas douradas.

- Você chegou aqui de um jeito e agora está de outro. Deixa eu adivinhar, estava lá fora falando com o namorado?

- Muito errado Leon. Eu só... Perdi um pouco o ânimo, porque terminei com ele hoje pelo telefone. - menti. Pra falar a real, só lembrei disso agora porque ele tocou no assunto.

- Uau.

- Acha que fui muito cruel? - finalmente o olhei. Ele estava surpreso, alegremente surpreso.

- Depende. Se ele estava sendo um babaca desde a sua partida, então não. Foi até boazinha. - sorriu de lado, daquele jeito sexy.

Olhei para o lado e peguei Henry de olhos atentos em nós. Mas logo a mão boba de uma loira qualquer lhe tocou o ombro e seus sorrisos se voltaram para ela. O fato é, eu estava sem minhas amigas, depois da foda era provável que só acordassem amanhã pelo chão da casa do Leon. Se eu ficasse teria que ficar sozinha, e isso não é legal. Teria que ficar com Leon, isso é bem legal, se não fosse o evento anterior estar consumindo meus pensamentos.

- Pode me levar pra casa?

- Mas já? Ainda não são nem duas. - seu sorriso desmoronou.

- Não me sinto muito bem. Acho melhor descansar, até porque depois de manhã tenho que estar bem para trabalhar.