Capítulo V

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- Eu não quis te chatear. Foi só uma curiosidade.

- Eu sei Henry.

Me sentia cansada pelo rumo dos meus pensamentos. Há muito tempo essa ferida não era aberta. Ninguém tinha culpa, eu tinha.

- Vai trocar logo tua roupa, está batendo os dentes e teus labios estão roxos.

- Sim papai. - revirei os olhos. Ao menos isso me distraiu.

- É isso que ganho por me preocupar contigo? - mas ele estava relaxado, embora sua frase soasse magoada. Ele entrou na onda. Na certa para me distrair.

- É só o seu tom de voz e a forma como fala.

- Sempre fui assim. O homem da casa. Me acostumei a proteger minhas duas mulheres. Agora são três. - bufou. Mas a forma como ele disse aquilo me deu uma pontada na barriga.

- Não se preocupe comigo. - desviei para o quarto.

- Como se tivesse escolha.

E de novo sua voz veio como um sussurro e eu não tinha certeza se escutei mesmo aquilo. Ele ficou ali, parado me observando enquanto eu tentava entrar no quarto sem sucesso.

- Droga. - rosnei baixo.

- Gloria tem essa mania de se trancar. E esqueceu de ti. Tem roupa tua no meu guarda roupa.

Dito isso ele se virou em direção a entrada.

- Hey. Onde vai?

- Bater na janela pra ver se ela acorda.

- Porque não bate na porta? - recitei com obviedade.

- Eu quero acordar a Gloria não a mãe.

- Só bater baixo.

Fui em direção a porta e preparei meu punho. Senti sua mão no meu pulso e seu olhar restritivo.

- Ela acorda fácil. E não pode acordar assim, por susto.

Seu rosto estava próximo ao meu. Baixei minha mão e me afastei da porta.

- Porque não? - minha voz saiu baixa, se misturando ao vento.

- O dia que me contar teu segredo, posso contar esse.

Vi suas costas tensas sumirem na escuridão lá fora. Afinal, o que andou acontecendo por aqui?
Esperei alguns minutos, quase indo lá fora também. Eu disse quase, porque aquele escuro era de arrepiar. Então resolvi ir para o quarto do Henry, ele disse que haviam roupas minhas por lá. Acendi a luz, revelando um quarto simples com cama de casal, uma escrivaninha pequena, guarda roupa e um puff branco gigante, daquele tipo que você esquece do mundo ao deitar nele.
Abri o guarda roupa, mas só haviam roupas dele. Do outro lado tinham algumas coisas minhas, peguei um pijama de seda azul claro com short e blusa soltinhos. Minha toalha! Droga, estava no quarto da Gloria.

- Ainda está aí? Quer adoecer Clark?

- Minha toalha está lá... Conseguiu acordá-la?

- Não. - franziu a sobrancelha.

- E agora? - me apavorei, controlando a voz para não chamar a atenção.

- Tem toalha limpa aí. Dorme na minha cama, eu durmo no puff.

Olhei para a cama dele. Ew. Esperando sinceramente não ter cheiro de vagabunda ou alguma secreção delas.

- O que foi? - olhou de mim para a cama. Seus olhos pareceram captar meus pensamentos. - Para de frescura Clark. E anda logo, tá ficando toda roxa.

Expirei forte pelo nariz e corri para o banheiro. Precisava de água quente e roupa limpa. A única parte boa disso, é que a cama era de casal, não chegava aos pés da minha king size mas já era uma evolução. Deixei a água lavar meu corpo e cabelos cheios de cloro, me demorando um pouco para desfazer a tensão dos meus músculos. Minhas mãos passearam por meu corpo, meus mamilos estavam rijos. Aquela porra de vontade de sexo. Droga. Se eu estava assim, Theo iria foder a cidade em breve se eu não voltasse logo, mas ao invés de me bater com aquilo, eu ri. Ok, desconfio mesmo que esse lugar esteja mexendo com a minha cabeça.
Empurrei o assunto sexo para o abismo mais profundo e me retirei do banheiro já trocada. Somente um abajur iluminava o quarto, Henry estava sentado no puff e assim que entrei ele engoliu em seco e seus olhos cresceram em mim. Mas o quê...
Não entendi já que meu pijama nem era muito curto, mas ao passar em frente ao espelho do guarda roupa, pude notar meus mamilos ainda rijos e muito aparentes dava para notar até as auréolas que os circundavam, pela vontade anterior e pelo contato com o tecido fino. Merda, nunca me preocupei antes porque era sempre do meu banheiro para o meu quarto. Deus. Me encolhi debaixo das cobertas, um rubor tomando minha face. Henry ainda estava ali, mudo.

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