Capítulo XI

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Como ainda havia leite na geladeira, peguei somente alguns ovos. Já nem tinha mais nojo, as galinhas até que não eram mais monstros bicudos cheios de pena, agora eu as achava bonitinhas, e gostava de brincar com os pintinhos, eram tão fofos, nesse momento ainda dormiam, pequenas bolinhas de penugem fofa. Coloquei os ovos no cestinho e voltei para casa, a brisa fria da manhã era tão boa que dava vontade de andar de olhos fechados, eu até faria isso se não carregasse uma cesta de ovos. Tinha pego na internet uma receita de panquecas. Talvez hoje fosse um dia bom para pôr em prática.
Peguei uma vasilha e despejei a farinha, os ovos, um pouco de sal, açúcar e leite. Não queria usar o liquidificador uma hora dessas, a barulheira seria infernal e além do mais, nunca havia usado um. Peguei um batedor manual da Anne e mãos na massa. Pus mais um pouco de trigo pois a achei meio rala, no vídeo ela parecia mais espessa. Pois é, tive de assistir um vídeo também, já que não tinha muita prática com cozinha. Um pouco de óleo na frigideira. Deixe-me ver, colocar uma concha de massa ou duas por vez. Ok. Fácil. O difícil foi virar as danadas, mas me surgiu um ajudante muito oportuno.

- Faz tempo que não como panquecas no café da manhã. Mas ainda lembro como faz, deixa eu te mostrar.

Henry virou com destreza a panqueca, usando somente a frigideira. Tentei uma vez, fazendo a massa redonda cair quase nos meus pés, arrancando boas gargalhadas do meu primo idiota.

- Usa isso.

Ele me passou uma colher grande com furos em formato de espátula. Depois de duas tentativas frustradas, consegui pegar o jeito.

- Hummm. Tem alguma coisa além de mel pra despejar nelas?

- Acho que tem calda de chocolate.

Ele foi até a geladeira e pegou um frasco grande enfiado bem lá embaixo junto com alguns molhos. Se abaixar daquele jeito, me permitindo uma visão linda do seu traseiro, não podia ser de Deus.
Arrumei as panquecas em uma travessa e pus um pouco de mel, deixando a outra pro Henry por o chocolate. De repente um dedo surge na minha frente e sinto algo pegajoso passear por meu rosto.

- Argh. - gritei.

Ele havia passado calda na minha cara.
Não pensei duas vezes quando ouvi aquele risinho. Soa bem nojento, mas aproveitei as rebarbas do mel na travessa, passei os dedos bem rápido e minha mão voou para o seu rosto. E assim começamos uma guerra doce, até o momento em que Henry sendo Henry, agarrou minha cintura e levou a boca até minha bochecha cheia de calda. Ele não contente em só lamber, deu um belo chupão daqueles, que se ouvem o barulho no outro cômodo. O efeito daquilo desceu para o meio de minhas pernas e tive de empurrá-lo um pouco para me restabelecer. Gloria entrou na cozinha rindo do nosso estado açucarado.

- Resolveram fazer o café da manhã, ou estão disputando o eu não tive infância?

Ela partiu uma panqueca com as mãos e enfiou toda na boca, melando um pouco o rosto.

- E por falar em não ter infância...

Henry riu e levou um tapa da irmã.
Carregamos as coisas para a sala, para comermos direito dessa vez. O café foi divertido, até a Anna estava mais alegre e diferente... Havia um brilho especial em seus olhos, uma cor a mais em suas bochechas, me perdi um pouco tentando analisar aquela expressão familiar.

- Por que está tão calada Clark?

A voz do Henry interrompeu minhas divagações.

- Nada. Eu... Eu só estava prestando atenção em vocês. - admiti morrendo de vergonha.

- Em nós? Por que? Parecemos um bando de loucos caipiras? - Gloria sorriu, mostrando as covinhas idênticas as do irmão.

- Claro que não. - revirei os olhos. - É só que... Eu nunca tive refeições assim e isso... É bem legal. 

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