Minha recusa ao sexo, fez brotar um Henry seco e carrancudo. Depois disso, mal me dirigiu a palavra. Eu, por minha vez, tão pouco o procurei.
Mantive ao menos a postura, embora meu corpo desejasse ardentemente o oposto, a falta dela. Então, me restou o hábito maldito que esse povo daqui tinha: dormir cedo. Abracei o travesseiro e comprimi meus olhos, enquanto pensamentos desenhavam os momentos que passei aqui, e gostaria mesmo de entender porque em todos eles, o rosto do meu primo aparecia quase em câmera lenta. Não só o rosto, como todo e qualquer movimento, palavra, momentos... E em algum lugar das minhas tentativas frustradas de descoberta, o sono me arrastou.🎬
Abri os olhos no momento em que meu celular vibrou. Eu não estava dormindo antes, ninguém conseguiria passar das cinco e meia da manhã com meia dúzia de galos cujas gargantas pareciam não cansar nunca. Gloria já havia levantado. Acho que todos já estavam de pé, eu poderia estar lá também. Acordei antes das cinco, e me peguei pensando em minha última conversa com Henry e em como me sentia irredutível em dar o braço a torcer. Se ele queria ficar com aquela caipira tosca, ele tinha esse direito, afinal, espero mesmo poder voltar a NY em breve. Só o que me deixa confusa, é o fato de ter medo de me aproximar tanto dele, porque não posso simplesmente aproveitar e pronto? Não sei. Ok, como isso não estava sendo muito saudável, tomei a decisão de me manter segura. Resumindo: distante dele e de seus encantos.
- Clark. Você vai se atrasar. - Gloria entrou no quarto, fazendo um coque rápido, mas muito elaborado.
- Ahn... Ok, ok. - saltei da cama.
- Alguém anda muito pensativa por aqui. Na verdade, meu irmão também está nessa vibe. Nem imagino porquê. - ironizou, enquanto espirrava perfume pela roupa.
Revirei os olhos com um sorriso brincalhão no rosto. Peguei a toalha de banho e comecei meus preparativos para o primeiro dia de serviço.
🎬
Estar dentro do carro do Henry era um martírio. Lhe dei bom dia e me preparei para ir andando para o mercado, mas ele insistiu que passaria o caminho todo buzinando atrás de mim, se eu não entrasse logo. Inferno.
- Está nervosa?
Ele quebrou o silêncio. Sua voz profunda arrancou um calafrio na minha espinha. Reações atípicas como esta, tem acontecido com mais frequência do que era suposto.
- Um pouco. - mantive o foco na estrada.
O silêncio voltou a reinar, agradeci mentalmente por isso.
O carro parou na vaga de funcionários. Agarrei minha bolsa, como um escudo. E agora? Será que me aceitariam? Será que farei as coisas direito?- Relaxa. - soprou no meu ouvido.
Duas mãos fortes prensaram minha cintura, e me moveram para a frente. O toque dele me acalmou, mas só por precaução respirei fundo e expirei pela boca umas cinco vezes, trazendo a tona o sorriso rouco que tanto apreciava ultimamente.
- Clark! - Jonah Davis exibia um sorriso caloroso em plenas sete e meia da manhã.
- Senhor Davis. Bo - bom dia. - forcei minha educação, acostumada a não responder um único cumprimento de pessoas que não fossem do meu nicho particular.
- Muito bom. Venha conhecer seus colegas de trabalho.
O acompanhei seguida de Henry até o pequeno espaço depois dos caixas, onde três pessoas pareciam intimidadas por minha presença.
- Esses são Mara, que faz a limpeza. - a senhora morena me deu um aceno breve e ríspido. - Gina, que toma conta da lanchonete e Mark, que cuida do açougue entre outras coisas.
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UMA NOVA VIDA
FanficClark Everett tinha tudo que uma garota de vinte anos poderia querer. Carro importado, um namorado bonito e rico, viagens... Tudo o que o dinheiro da única herdeira de um dos maiores impérios do cosmético pudesse comprar. Mas o que aconteceria se ao...