Capítulo XIII

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Meus dutos lacrimais esperneavam para explodir em água salgada. Meu coração trepidava no peito e gostaria mesmo de saber o motivo por trás disso. Ok. Havia acabado de magoar o Henry com minhas merdas, mas desde quando fiquei tão sentimental em relação ao que os outros pensavam?

- Ah Clark, vamos lá. Não se sinta mal pelo primo gostoso. Ele devia imaginar que você não pertence a este lugar. - Norah cruzou os braços com um meio sorriso no rosto de vadia.

- Se fosse eu, depois dava umazinha com ele e pronto, tudo azul. - Miranda riu também, forcei um sorriso para não parecer careta. - Isso aqui é mais chato do que todos os aniversários da minha avó juntos.

- Vamos pro hotel. - Norah sugeriu.

- Hey, porque tanta demora? - Theo surgiu ao nosso lado.

Ele poderia soar mais grudento?

- Queremos ir pro Hotel. Acho que nos divertiremos mais do que aqui. - Miranda ergueu uma sobrancelha.

Podia discordar piamente disso, mas os segui. Como boa covarde que sou.

🎬

- Então. O que você tem feito pra passar o tempo nesse muquifo? - Miranda me passou a garrafa de tequila.

Eles tinham os olhos em mim. Estávamos no quarto pequeno do hotel. As janelas abertas traziam um friozinho agradável. Sentei longe do Theo, ainda bem que ele não insistiu em vir para o meu lado.

- Ajudo na fazenda. Vou à algumas festas na casa do Liam... - bebi no gargalo.

- Fodeu com ele?

- O quê? - quase cuspi a bebida quando Theo me veio com essa. Já estávamos meio embriagados, o que não tornava nada mais fácil.

- Não. - rosnei revirando os olhos.

- Que otária. - Norah xingou, fazendo com que Theo a fulminasse.

- Fodeu com teu primo?

- Fodeu com a Norma? - repliquei. Não sei de onde saiu isso, mas esse merda estava me irritando.

- Q - que idiotice C. - Theo trincou o queixo, mas a forma como ele se moveu... Bem, minha cabeça não estava funcionando direito então...

- Ok. Vamos parar com esse caralho e... Surpresa. - Miranda tirou um embrulho de papel da mochila.

Droga!

- Maconha? - guinchei.

- Marijuana, Mary Jane, baseado, beck, tanto faz. Vamos hablar com Jah. - gozou ela.

- Eu bolo, eu bolo. - Norah gritou.

Larguei a garrafa quase seca de lado, sentindo-me torturada por dentro.

- Não. Deixa a Clark fazer isso. O dela fica mais apertadinho. - senti uma pontada de duplo sentido nas palavras do Jameson.

Miranda me passou o embrulho e os papelitos. Minha mão tremia, eu poderia acabar com isso e ir embora. Mas aquelas pessoas foram meus amigos de quase uma vida, não era fácil renegar tudo assim e empurrá-los para longe. E pensar que este era o tipo de atividade que praticava até alguns meses atrás, até vir parar nesse lugar maldito e tudo virar de ponta cabeça.
Trêmula, trouxe um punhado de erva para o papelito, enrolei um pouco, escorei na minha coxa e com um movimento preciso o bolei, formando um cigarro perfeito. A regra do nosso grupo era essa, quem bola dá a primeira tragada. Theo me estendeu o isqueiro e acendi o baseado, cheia de receio, como se nunca tivesse fumado antes. Traguei aquela fumaça podre, o fedor se instaurando no meu pulmão. Prendi um pouco para fazer logo efeito. Preciso ir embora. Então passei para Norah e assim começou o círculo...

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