Capítulo IV

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- Henry me disse que se divertiu bastante ontem.

- É, são pessoas legais. - tirando a Delilah, pensei. Aquela garota não gostava de mim, sabe-se Deus porque.

- Sua vez. - Anna parou e ficou me observando.

- Ahr... Anna, eu não vou machucar os peitos dela, vou? - nojo, nojo, nojo.

- Tetas. - ela riu. - Não precisa usar força, só o puxe pra baixo, alternando.

Ok, aquela vaca imensa me intimidava. O cheiro daquele lugar não era dos melhores e meu estômago sensível já estava embrulhado. Pus as mãos nas tetas, mordendo a língua pra não vomitar. Forcei a primeira pra baixo, depois outra. A princípio saía pouco leite e eu já estava cansando daquela vaca. Porque raios não saía nada? Dei uma forçada e esguichou tanto que chegou a espirrar em nós duas. Eca. Fiquei azeda literalmente.

- Henry estava com aquela magricela sem miolos? - questionou enquanto eu trabalhava.

- Sim. Não gosta dela? - óbvio que não gostava, pelas palavras que usou, mas resolvi ter certeza.

- Não. Acho que meu filho merece coisa melhor. Aquela menina é tapadinha e não me inspira confiança.

- Ela não vem aqui? Talvez se você conhecê-la melhor...

A porra do leite voou na minha cara, argh. Vamos testar hoje se aquela conversa de banho de leite realmente faz algum milagre na pele ou no cabelo, olhei para a minha testa e pingavam gotículas brancas. Maravilha. 

- Foi esse o problema. Henry diz que tenho cisma com as pessoas, talvez tenha mesmo. Não é nada demais, só acho que ela é perca de tempo.

- Já conversou com ele? - parei de coletar leite e me concentrei em seu rosto preocupado. Foi uma desculpa para interromper a ordenha também, minhas mãos e braços estavam cansados.

- Henry não é do tipo que escuta muito. Mas enfim... Acho que não devo me meter de qualquer forma.

- Você é tão diferente dos meus pais, eles se metem em tudo, comandam tudo, por isso acho que fui tão rebelde... - confessei. Sentindo um pouco de inveja dos irmãos Marshall nesse aspecto.

- Engraçado. Acho que o dinheiro mudou o Matt, ele era tão doce e compreensivo. - ela franziu a testa ao falar do irmão adotivo.

Fiquei pensativa. Não imagino meu pai desse jeito, nunca.
O assunto morreu. Levantamos, pegamos os baldes e tampamos, saindo em direção a casa.

- Tem problema se eu for na casa do Leon hoje a tarde?

- Claro que não. - ela sorriu. - Você precisa contribuir com os afazeres na casa, mas não ficar presa aqui. Fico feliz em vê-la sorrindo.

Anna era tão carinhosa. Queria que minha mãe fosse assim comigo. Desde que cheguei aqui tenho pensado demais nisso e acho que pode me fazer mal.
Ajudei-a a ferver o leite, deixando-o esfriar para engarrafá-lo mais tarde. Henry havia acordado, já estava arrumado e caçava uns pães no armário.

- Bom dia. - disse sonolento.

- Bom dia. - respondi de bom humor.

- Alguém está bem feliz hoje. - ele comentou indo em direção a sala.

Fizemos o mesmo carregando geléia, suco e bolo.

- Ah, acho que é porque ela vai hoje de novo na casa do Leon.

Anna disse sorrindo. Henry estava prestes a morder o pão quando parou.

- Vai ter alguma festa hoje por lá?

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