- Mãe. Conversa com ele, faz ele mudar de ideia. - olhei para seu belo rosto confuso. Ela não sabia tomar decisões sozinha, nunca soube, nem nunca quis saber.
- Clark, eu... Vai ser bom. As vezes nós não enxergamos as coisas de forma positiva. Tenho certeza que vai ser bom pra você.
- Bom? - debochei. - Vai ser um horror. - desvencilhei de seus braços, enxugando grosseiramente as lágrimas com as costas da mão.
Bom! Se ela estivesse em meu lugar estaria louca por não poder passar o dia todo bebendo e fofocando ao telefone. Era tão fútil e sem opinião própria.
- Não dificulte as coisas. Vá, quem sabe você volte logo se for sem mais confusões. - ela parecia preocupada comigo. Ao menos isso. - Você não vai estar desamparada lá. - passou a mão de leve em meus cabelos.
Não respondi, só chacoalhei a cabeça já sabendo que era perca de tempo. Deixei-a lá, em pé, rumando para meu quarto. Precisava pensar em alguma coisa mas ir pra Goldenville estava fora de cogitação. A última vez que fui obrigada a visitar aquele lugar, deveria ter uns nove anos. Na época era criança, e tudo era bom, o campo era algo novo pra mim, a natureza e a simplicidade. Gostava da comida interiorana da tia Anna, irmã adotiva de meu pai. Amava brincar com a Gloria, apesar de ela ser mais velha. O irmão mais novo de Gloria também era mais velho que eu e quase não ficava em casa, sempre na rua com a meninada do campo. Tinha ódio dos meus pais não me deixarem livre daquele jeito.
Não lembro direito dos rostos deles, se os visse hoje na minha frente, não os reconheceria. Eram distantes, não aceitavam ajuda do meu pai e preferiam viver aquela vidinha medíocre. Até que me recusei a voltar lá, meu pai vai de vez em quando vai, eu, nem morta. Odeio essa coisa rural, tudo que me encantava antes agora me causava asco, sou completamente e apaixonadamente urbana e pretendo continuar assim.
Minha testa parecia quente de tanto que pensava em soluções que pudessem me salvar daquele martírio. De repente algo me ocorreu, uma loucura, mas, medidas drásticas as vezes pediam soluções drásticas. Vesti um casaco qualquer e me dirigi para fora de casa, indo em direção a garagem, mas tive que dar meia volta ao recordar que não podia mais usar meus carros.- Shane. Me leva para a casa dos Jameson. - não esperei nenhuma resposta do motorista, só fiz entrar no carro amuada.
- Desculpe senhorita, tenho ordens restritas de não levá-la até lá. - respondeu resignado, olhando com pesar pela janela do passageiro.
- Puta merda! - xinguei entre dentes, fazendo o coitado do motorista que nada tinha haver com meu drama saltar para trás.
Escorei a cabeça no encosto do banco e fechei os olhos à espera de que todo esse vendaval fosse passageiro. Saí do carro sem me dar ao trabalho de fechar a porta e corri para o telefone da sala. Primeiro liguei para o celular dele, mas estava fora de área. Desisti na primeira tentativa e então liguei para sua casa.
- Alô. - aquela voz irritante. Merda.
- Quero falar com o Theo. - respondi, cheia de impaciência.
- Quem quer falar? - dessa vez a peste da Norma me irritou.
- Ahhhh não amola, vai chamar logo teu patrão. - berrei.
- Um instante.
Meus pés estavam quase furando o chão. Cada segundo parecia uma eternidade.
- Fala. - Theo parecia ter acabado de acordar.
- Amor, por favor me socorre. - choraminguei baixo, olhando de um lado a outro por precaução de meus pais aparecerem.
- Clark o que foi? Calma, fala devagar pra eu entender. - Theo estava mais alerta desta vez.
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UMA NOVA VIDA
FanfictionClark Everett tinha tudo que uma garota de vinte anos poderia querer. Carro importado, um namorado bonito e rico, viagens... Tudo o que o dinheiro da única herdeira de um dos maiores impérios do cosmético pudesse comprar. Mas o que aconteceria se ao...