A carteira.

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Camila POV.

Terminei de formatar mais um computador e comecei arrumar minhas coisas para ir embora do meu trabalho fachada. Até os meus 20 anos meus pais depositavam mensalmente uma quantia maior do que o suficiente para mim, a única coisa que recebia deles era isso, dinheiro, nem mesmo nas lembranças de quando eu tinha 4 ou 5 anos eles eram carinhosos ou agiam devidamente como pais, a não ser para me castigar ou passar sermões enormes sobre como tudo o que eu fazia era errado. Com o dinheiro que eles me davam eu não precisava trabalhar. Me dedicava apenas a faculdade de ciências de computação, escolha minha por gostar muito da área, quando conheci Hailee em uma festa da faculdade, me apaixonei e descobri ser bissexual. Meus pais como sempre foram muito presentes para apontar o meu suposto erro e não aceitaram minha sexualidade, cortando o único "laço" que compartilhávamos se eu não mudasse, o do dinheiro. Eu precisei então arrumar algum emprego pois não mudaria por causa deles, mesmo depois de terminar com Hailee. Era realmente boa com computadores e a faculdade só me deixara melhor. Comecei a pesquisar sobre isso ainda nova com aproximadamente dezesseis anos. Na escola eu era sempre motivo de piadas por ter as melhores notas mesmo nem comparecendo na maioria das aulas. Por nunca ter algum compromisso ou amigos para me distrair sobrava bastante tempo para aprender sobre qualquer coisa e foi assim que me tornei uma excelente hacker. Aos dezessete anos, no ultimo mês de aula do ensino médio , como que para testar minhas habilidades e me vingar um pouquinho, invadi o celular da insuportável líder de torcida que sempre fez questão de fazer minha vida um inferno, Ashley Dampton. Eu juro, a intenção era apenas mandar algumas mensagens constrangedoras para ela se explicar depois, mas não resisti quando vi as inúmeras fotos dela nua e foi pensando nas vezes trancada por ela no armário da escola que enviei para toda a sua lista de contatos algumas das fotos. Eu quase senti um pouco de culpa ao notar o desespero e vergonha dela no outro dia, mas logo passou, afinal, ela sobreviveria.

Foi graças ao meu jeito com computadores que consegui emprego no ramo mesmo acham entediante. Quando sobrava tempo livre eu procurava algum sistema para invadir, isso era sempre desafiador, cada um tinha um tipo de segurança diferente e nunca era o mesmo processo para entrar neles. Foi pensando em um novo site ou sistema para invadir que pensei: por que não um banco? Era realmente complexo a segurança deles, mas com um pouco te paciência e algumas tentativas eu consegui e analisando bem a tela do meu computador pude perceber que não seria difícil criar e excluir uma conta junto com todos os dados e transferências da mesma. Agora eu ganhava dinheiro assim, invadia o sistema de algum banco, criava uma conta fantasma, transferia dinheiro para ela e dela para uma conta minha em Brunei, um paraíso fiscal, dessa conta transferia finalmente para a minha real conta aqui em Miami. Com o tempo minhas invasões começaram a ficar conhecidas por eu sempre deixar a palavra "flor" escrita em números binários como assinatura, mas sempre eram esquecidas pela falta de provas e serem insignificantes. Quando consegui hackear o FBI e o governo dos EUA, deixando nos sistemas a minha assinatura, comecei a ser realmente reconhecida, ganhando o titulo de rainha dos hackers. Minhas invasões passaram por um tempo em todos os jornais do país e eu claro, permaneci sem realizar nenhuma nesse período. Era arriscado demais, eu era boa, mas não iria brincar com o país inteiro em cima de mim. Por esse motivo continuo sempre mantendo algum emprego, para não chamar atenção nem ter ninguém se perguntando de onde tiro dinheiro para viver. Sou totalmente paranóica em relação a ser presa. Definitivamente eu não levo jeito para viver em uma coletividade cheia de regras onde todos tentam ser os melhores. Se a escola foi um inferno, a cadeia seria dividir cama com o diabo.

Eu já tinha terminado de guardar tudo o que usei. Trabalhava em uma loja de computadores e informática, gostava bastante de lá por não ter horário fixo, geralmente só precisava resolver os problemas mais difíceis e aparecer quatro dias por semana. Dean, proprietário da loja, era bastante compreensivo com horários. Não querendo me gabar mas isso só acontecia por eu ser a melhor funcionária e garantir a boa fama da loja "não existe defeito que eles não possam consertar". Peguei minha bolsa marrom jogando-a em meu ombro, chequei se as chaves de casa e meu celular estavam lá.

Kill Not To KillOnde histórias criam vida. Descubra agora