Gêmeas em guerra

📌Capítulo 5

Sabe aquele momento estranho em que você descobre que você não conhece a pessoa tão bem quanto achava? Pois é. Meu pai é uma dessas pessoas.

No sábado meus pais resolveram de última hora que cada um ia sair com uma de nós. Eu sairia com papai e mamãe sairia com Jennifer.

Meu pai não conhece muito Dublin. Ele não está nem perto de conhecer Dublin, então dá uma de sabichão e usa aquele GPS falante chato.

Se eu não o corrijo ele quase faz o caminho errado para o shopping. PARA O SHOPPING.

No caminho ficamos muito calados, e quando chegamos lá ele abre a boca.

-Então filha, você encontrou alguém? Está namorando?

Eu começo a rir alto, chamando a atenção de algumas pessoas.

-Não, pai. Eu não sou... assim.

Ele me envolve com o braço direito.
Me sinto um tanto estranha por estar abraçando alguém que sei quem é, mas nem tenho a menor intimidade.

-E você pai? Encontrou alguém?

Ele dá um sorriso singela.

-Não. Eu não sou... assim.

Nós entramos na sala de cinema e assistimos Jogos Vorazes - A esperança parte 2 em 3D.

Quando saímos eu estava perplexa. Não acredito que aconteceu aquilo tudo no filme. Eu sempre acompanhei a saga e esperava ansiosa a continuação. E agora acabou. Não vai ter mais.

Na praça de alimentação, eu estava comendo uma batata recheada e meu pai estava comendo um hambúrguer gigante. Eu estava olhando para o nada ainda não acreditando que um dos meus personagens preferidos foi pro saco.

-O que foi Hanna? - meu pai pergunta me tirando da transe.

-Ahn?

-Tudo bem?

Dou a última mordida na batata e respondo de boca cheia:

-Tô bem. Mas não estou acreditando que meu personagem preferido morreu!

-Quem é?

-O Finnick. Ah meu Deus pai, ele morreu!

-Quem?

-Ele foi morto por aqueles... aqueles cavalos no esgoto.

-Cavalos? - meu pai pergunta. - Pensei que fossem zumbis ou algo assim.

Dou uma gargalhada. Mas eu ainda estava nervosa por Finnick estar morto.

Esse era um dos meus maiores defeitos, assistir algum filme e surtar totalmente quando algo de ruim acontecia.

-Mas de qualquer jeito... eu não assisti todos os filmes - meu pai diz dando de ombros.

E então eu parei pra pensar. Não acredito nisso. Eu podia jurar que meu pai tinha assistido. É o tipo de filme que ele adora.

-Puxa pai. Pensei que você tinha vida para ir ao cinema assistir filmes, ou pelo menos assistir em casa.

Ele sorri.

-Eu precisava trabalhar filha. Alguém tinha que sustentar a casa e a Jennifer.

-A mamãe teve mais prejuízo que você e nem por isso fugiu de mim.

Meu pai faz uma careta magoada.

-Eu não sumi da vida da Jenn.

-Mas sumiu da minha.