Capítulo 30 ✅

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[... Jennifer...]

Sabe aquele momento estranho que você para e pensa na sua vida? Tudo o que você passou durante todos os dias do ano ou do mês?

Para mim, agora era um momento de reflexão, e eu teria mil histórias para contar quando voltasse para Cork.

O tempo que estive lá teoricamente não foi o suficiente para que eu fizesse muitos amigos, na verdade eu só tinha uma, a Luli. Ela era incrível, super bem humorada e engraçada, tipo Annabeth. Mas a gente perdeu contato porque quando eu vim para cá ela ficou com raiva e me bloqueou.

Eu não podia reclamar porque eu também a provoquei, dizendo que faria novos amigos e que ela só seria mais uma tonta que achou que seria minha bff. Sim, eu sei que peguei pesado, mas nossas brigas sempre eram pesadas.

Eu estava animada para voltar para Cork, pedir desculpas para Luli e rever aquele garoto bonito que todo mundo tem na sala de aula. Só que eu não queria simplesmente ir, eu queria minha mãe, meu pai e minha irmã. Eu queria todo mundo, sem exceção.

Eu já estava em Dublin a quase um ano e eu pretendia ainda voltar a Cork, principalmente agora que a vida de todo mundo está boa e a minha está um horror.

Peter e Hanna estão ficando já a alguns dias e eu odeio ter que ouvir o barulho do beijo deles, mas prefiro que minha irmã fique com Peter do que com Sebastian.

Annabeth e Samuel se amam muito e estão brigando cada vez menos. Minha mãe, bem... minha mãe e meu pai andam brigando bastante e agora mesmo eles estão brigando.

Me sinto como se eu fosse uma das habitantes da casa do Jeremias e da Ana, só que a briga dos meus pais eram sobre quem ficaria com a nossa guarda e essas coisas todas.

E antes que perguntem, sim, a briga de Jeremias e Ana havia cessado logo depois do meu pai arrumar um emprego integral para ele.

-JENNIFEEEEEEER!

Tampo os ouvidos e me encolho na cama, fingindo que estou dormindo.

Se fiz algo de errado? Não. Só que toda vez que meu pai me gritava assim, no meio de uma briga com a mamãe, ele sempre dizia que iriamos voltar para Cork, mas mudava de ideia depois.

Ouço o barulho da porta do quarto se abrir e continuo encolhida, com os olhos abertos.

-Jenn, acorda. Vamos voltar para Cork! - ele diz.

Levanto a cabeça assustada e o encaro.

-O que?

-Partiremos amanhã, eu preciso que arrume suas malas!

Ele estava tão sério, tão seguro de si. Eu jamais o tinha visto falar assim comigo e parecia que agora era para valer.

-O que? - pergunto de novo.

-TÁ SURDA? - ele grita.

Eu fico com medo. Meu pai estava muito alterado e eu não tinha o visto assim antes. Nem mesmo quando alguma coisa no seu trabalho o irritava, e olha que meu pai era advogado.

Quando ele percebe que fiquei com medo suspira e caminha até mim em passos curtos.

-Eu sinto muito, muito, muito. Não queria te assustar mas... eu preciso urgentemente que você arrume as malas Jenn.

Me arrisco a olhar em seus olhos e tudo o que vejo lá é chateação e melancolia.

-Eu não quero ir! - falo.

Ele somente me puxa para si e me abraça forte. Forte até demais. Depois ele põe meu cabelo atrás da orelha e diz:

-Jenn eu preciso ir e não posso, de forma alguma, deixar vocês duas aqui. Eu preciso de alguma de vocês, eu preciso de apoio. Não sobreviverei a esse hospício chamado casa sozinho.

Gêmeas em guerraOnde histórias criam vida. Descubra agora