A Festa dos Humanos

593 32 0
                                    

Saio da agua lentamente, fazendo meu cabelo vermelho grudar em meu rosto. Afasto-o para enxergar melhor e inspiro uma golfada de ar.

Já é noite. Uma brisa fria agita as ondas e faz o grande navio balançar de um lado para o outro. Ao longe, o céu está carregado de nuvens negras, sinal de que uma tempestade se aproxima.

Dessa distância, eu posso ver vários humanos à bordo. Eles não parecem estar agitados por causa da tempestade e sim por outra coisa...

__O que será que está acontecendo lá?__pergunto curiosíssima.

__Não tenho a mínima idéia.__responde Linguado.

Entre as ondas, um pouco distante de nós, surge uma criatura pequena e vermelha.

__Inadequado! Inadmissível!Perigoso!__grita a criatura.

__Sebastião, estamos aqui!__chama Linguado.

Sebastião nada até nós.

__Esta foi a pior de todas as suas atitudes, mocinha!__exclama__ regra vinte e nove do Livro de regras para o povo de Atlantis: Nunca devemos ir a superfície sem comunicar as autoridades primeiro.

__E o que você está fazendo aqui?__pergunto, apontado um dedo para a carinha raivosa de Sebastião.

__Estou tentando te proteger!__diz ele como se fosse a coisa mais óbvia do mundo__Agora vamos voltar para o castelo, onde é seguro...

__Pode ir. Eu vou olhar mais de perto.

__Não faça isso, Ariel! Os humanos são perig...

Linguado o impede de terminar a frase:

__Ariel, você nunca chegou tão perto assim dos humanos.

__Exatamente! Essa é a minha chance de vê-los melhor.

__Então tome cuidado.__recomenda .

É por isso que eu amo meu melhor amigo, ele sempre me apoia.

__Ariel!__berra Sebastião__isso é loucura.

Pisco para Linguado.

__Já volto.

Sebastião estala as garras e mergulha no mar escuro, resmungando: eu me recuso a ver isto...

Olho para o grande navio à minha frente.

Lá vou eu, penso.

Mergulho graciosamente para depois seguir saltando como os meus amigos golfinhos me ensinaram.
Paro a poucos metros do navio, a ponto de ouvir gritos e risadas vindos do convés.

De repente o céu noturno se ilumina com explosões de estrelas coloridas, quase me matando de susto.

Na proa do navio, um humano surge e, pela primeira vez, posso observar cada detalhe daquela criatura terrestre.
É um homem gorducho. Usa trajes de marinheiro e um grande gorro vermelho. Seu rosto tem uma aparência engraçada, seu nariz é pequeno e redondo; seus olhos são enormes e esbugalhados e, a parte mais engraçada nele: sua boca cheia de dentes amarelos forma um sorriso louco.

__Mais fogos de artifício! __grita ele.

E o céu se ilumina novamente com aquelas estrelas coloridas ou fogos de artifício, como dissera o homem. É lindo de se ver.

O humano do gorro vermelho volta para o convés e mais gritarias se seguem, fazendo minha curiosidade aumentar.
Procuro desesperadamente por uma maneira de poder ver o que está acontecendo.

A Pequena SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora