Capítulo 14

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LILLIA
Depois do treino das animadoras na sexta, Rennie passa o braço pelo meu enquanto andamos pelo estacionamento.
- Então, o que você quer fazer esta noite?
- Ah, você não vai trabalhar? - Eu achava que ela iria trabalhar e estava torcendo para que fosse.
Rennie faz que não com a cabeça.
- Terri disse que ia trocar comigo. Eu quero fazer alguma coisa divertida! - Ela diz a última parte com uma vozinha infantil.
- Hummm - digo, fingindo pensar. Mas só quero ir para casa, deitar na minha cama e sonhar mais coisas para fazer com Alex. Fico devaneando nas aulas, imaginando como me sentirei incrível quando começarmos a lidar com ele. É, digamos, terapêutico. Eu não me sinto assim feliz desde... bem... faz um tempo.
Ontem durante o almoço Rennie me viu sorrindo sozinha e perguntou:
- Por que você está rindo?
Quase engasguei com o frango. Nunca tive de guardar um segredo grande assim antes. Quando minha mãe planejou uma festa surpresa para os 50 anos do meu pai, fiquei tão preocupada que fosse dar com a língua nos dentes que tive dor de estômago por uma semana. Quando meu pai me colocava na cama à noite, eu ficava pensando não diga nada, não diga nada. Eu tinha esse medo de simplesmente sair falando porque estava me concentrando tanto em não falar.
Mas consegui guardar o segredo. Disse a Rennie que estava pensando em aonde iríamos em nossa viagem de graduação em maio. Esse sempre foi nosso plano. Ir juntas a algum lugar, só eu e ela.
- Fiji pode ser incrível. Ou as Maldivas - acabei dizendo.
Nunca mais vou olhar para Rennie do mesmo jeito, mas de certa forma estou feliz por não ter de fazer nada a respeito disso por enquanto. Meu problema é mesmo com Alex, e é nisso que estou focando toda a atenção.
Parte de mim, a parte nostálgica, acho, deseja que eu possa contar a Rennie o que estou fazendo.
Ela ia ficar toda animada com o que estamos planejando. Aposto que ia pensar em montes de coisas terríveis e doentias que poderíamos fazer com Alex, coisas em que eu jamais pensaria nem em um milhão de anos. Mas claro que não posso dizer nada. Porque, quando terminarmos com Alex, será a vez de Rennie.
Por agora só preciso seguir em frente. Quanto mais normal eu parecer, menos eles irão desconfiar de que estou tramando alguma coisa. Isso é essencial. Ninguém pode descobrir. Ninguém.
- Você quer ir jantar lá em casa, e depois pensamos no que fazer? - pergunta Rennie.
- Claro - digo, sorrindo.
Deixo meu carro no estacionamento da escola e vou para a casa de Rennie no Jeep dela. O condomínio se chama Gaivotas, e a placa é iluminada por holofotes. A entrada principal é muito bem cuidada, com flores e alguns arbustos altos. Mas, quando você passa por ali e chega ao portão, tudo fica muito menos atraente. Antes era preciso digitar uma senha para passar, mas o portão ficou quebrado o verão todo. Está amarrado com uma corda. Como ocorreram alguns assaltos nesse condomínio na primavera passada, meu pai não gosta que eu venha aqui.
- Alguém devia arrumar esse portão - digo quando passamos. Pego um pirulito de uva na bolsa e o abro. Então ofereço a primeira lambida a Rennie. Ela faz que não, e eu continuo: - Não é seguro. Qualquer um pode entrar.
Rennie dá de ombros.
- O síndico aqui é péssimo. Lembra o tempo que levou para consertarem o chuveiro? Minha mãe está novamente falando sobre sairmos da ilha no fim do ano.
Paro de chupar meu pirulito.
- Sério?
- Alô-ô! Ela queria se mudar já na primavera passada, quando eles aumentaram nosso aluguel.
Eu me lembro disso. Nós choramos e imploramos para a Sra. Holtz mudar de ideia. Até fizemos um plano para Rennie ir morar comigo no nosso ano de formandas na escola. A Sra. Holtz finalmente cedeu quando viu quanto Rennie realmente queria ficar.
- De qualquer forma, agora ela está saindo com um cara do continente. Rick, o restauranteur - diz Rennie, torcendo o nariz. - Ele é dono de uma lanchonete ou alguma coisa brega assim. Minha mãe fica lá o fim de semana todo e está gastando uma fortuna em passagens de balsa. Ela está procurando um lugar. Aposto que vai romper o contrato com a galeria antes de junho.
- Sua mãe ama demais a galeria para abandonar tudo.
- Ela ama sim, mas as coisas têm estado muito difíceis ultimamente - diz Rennie. - Não esqueça que eu acabei de fazer 18 anos. Isso significa o fim dos cheques de pensão do PPM.
Fico quieta. Eu nunca sei o que dizer quando Rennie menciona o pai. Ele a deixou quando ela estava com três anos, e ela só o viu duas vezes desde então. Ele costumava ligar no aniversário dela, mas não entrou mais em contato depois que casou novamente e teve filhos. Agora está em algum lugar no Arizona. Rennie mal fala sobre ele e, quando fala, refere-se ao pai como PPM, Pai Peso Morto.
Ela suspira.
- É uma loucura pensar que, quando estivermos no feriado de Ação de Graças do ano que vem, não estaremos mais morando a dez minutos uma da outra. Vai haver um oceano entre nós.
- Você não vai mudar para outro país - declaro, aliviada por ela não estar mais falando sobredinheiro ou seu pai. - A viagem na balsa não é nada demais.
- É sim, e você sabe disso - diz Rennie. - Tudo vai mudar.
Eu estava pensando sobre isso antes mesmo das coisas ficarem complicadas entre nós. Quando formos para a faculdade, iremos nos separar. Não precisaremos mais tanto uma da outra. Talvez isso seja bom. Se Rennie não estiver por perto nos feriados, tornará tudo mais fácil.
No complexo existem três prédios idênticos posicionados ao redor de uma pequena piscina no centro do pátio. Damos a volta nela no caminho para a entrada do prédio de Rennie. Apesar de todo o tempo que Rennie mora aqui, nunca nadei nessa piscina. Parece estranho, nadar na frente de uma centena de janelas de cozinha dos apartamentos. E a minha piscina é, sei lá, três vezes maior. Então
nós sempre nadamos na minha casa.
Rennie está procurando as chaves quando a porta do apartamento se abre. A Sra. Holtz está com o cabelo escovado e usando um vestido envelope cinza e branco, um grande colar de bolinhas e enormes brincos de prata.
- Como estou? - pergunta enquanto dá uma volta.
- Linda! - Rennie estreita os olhos. - Mas você precisa de um batom diferente. Alguma coisa mais brilhante.
- E acho que ainda está com a etiqueta - digo. Vou até a gaveta dos talheres, pego a tesoura e corto fora a etiqueta do vestido.
- Preciso contar a sua mãe sobre essa loja, Lillia - diz a Sra. Holtz. - Tem ótimos preços em roupas de grife. Veja esta etiqueta. Isso é um vestido Diane von Furstenberg de quinhentos dólares que comprei por sessenta!
- Eu já disse, mãe. Essa estampa é de dois anos atrás. Certo, Lil? - diz Rennie, num gemido.
- Não sei bem - digo, apesar de saber que Rennie está certa. Minha mãe tem outra versão dele.
Ela não o usa mais, claro. - Mas está lindo em você.
- Obrigada, querida. - A Sra. Holtz me faz girar com ela e dá dois beijinhos no ar, um de cada
lado do meu rosto. - Ei! Vocês, meninas, deviam passar na galeria esta noite. Tem uma exposição
incrível de um artista local que faz representações de água em vitrais. - Como nem eu nem Rennie mostramos muita excitação com isso, ela acrescenta: - Eu deixo vocês beberem um pouco de vinho
se prometerem ficar escondidas na sala dos fundos.
- Pode ser - diz Rennie a ela, mas em seguida me dirige um olhar que significa de jeito nenhum. Nem a bebida é atraente. Primeiro, vinho é desagradável. Rennie conta que tem pelo menos três garrafas de vodca com baunilha escondidas debaixo da cama. Ela as consegue com os barmen no Bow Tie.
A Sra. Holtz pede pizza, meio cogumelo e cebola para Rennie, meio mussarela para mim. Rennie e eu vamos para o quarto dela pintar as unhas enquanto esperamos. Escolho a cor Ballet Slipper. É um rosa-claro, tão claro que parece branco. Rennie escolhe Cha Cha, um laranja forte. Quando as unhas dela estão secas, ela vai tomar um banho. Eu deito na cama dela.
Uma parede inteira do quarto de Rennie é dedicada à nossa amizade. Há fotos de Ashlin e Reeve e todo mundo, mas na maioria somos só nós duas. Estamos no centro de tudo. A faixa de fotos que tiramos naquela máquina de fotografias na feira anos atrás, um cartão de metrô de quando minha mãe nos levou a Nova York para meu aniversário de 14 anos, o programa da Broadway da mesma
viagem. Fico triste ao olhar para isso. Como se as lembranças fossem de muito, muito tempo atrás.
A Sra. Holtz inclina o corpo pela abertura da porta.
- A pizza chegou, Lil.
- Está bem - digo, e dirijo um grande sorriso para ela. - Obrigada, Paige. - Sinto-me um tanto estranha chamando a mãe de Rennie de Paige, mas ela insiste nisso.
Em vez de sair, ela se encosta no batente da porta.
- Estou tão feliz por você ter vindo esta noite... Eu disse a Ren esta manhã mesmo: "faz tanto tempo que não vejo Lillia!". - Faz uma semana, o que não seria assim tão estranho, exceto que
Rennie e eu praticamente vivemos juntas, estamos sempre uma com a outra. Mas daí ela diz, com uma
risada engraçada: - Não fique tão assustada, meu bem! Não estou brava com você! Sei como vocês garotas estão com a escola e o treino de animadoras.
Eu concordo com a cabeça, como se fosse mesmo essa a razão.
- Você sabe que eu a amo. Você é minha favorita entre todas as amigas de Rennie. Eu só quero que vocês garotas continuem juntas.
Concordo novamente. A Sra. Holtz diz o tempo todo como eu sou a favorita entre todas as amigas de Rennie. Quer dizer, é um bom elogio, mas hoje isso me causa desconforto. Ou talvez seja minha consciência pesada.
Rennie aparece com duas toalhas, uma enrolada no corpo e outra na cabeça.
- A pizza chegou, Ren - diz sua mãe.
- Legal. Obrigada, mãe. Tenha uma boa noite! - Rennie praticamente fecha a porta na cara da mãe.
Ela tira a toalha da cabeça e a joga na cama. Tem de desligar o ar-condicionado para ter onde ligar o secador de cabelo. Eu abro a janela para o quarto não ficar quente demais. Ela senta no chão diante do espelho pendurado na porta do quarto e começa a secar o cabelo com uma escova redonda.
- Então, o que vamos fazer esta noite? - pergunta.
Desço da cama e vou de joelhos até ela.
- Vamos ao cinema. Nunca vamos ao cinema. - É o que Rennie e eu fazíamos sempre que chovia. Este verão teve um milhão de dias de sol. Esta noite quero ir ao cinema para não ter de conversar ou olhar para ela.
- Ah! Sim. Você quer que seja uma noite só de garotas? Eu, você e Ash?
- Não. Chame os rapazes. - Eu tenho de dizer isso, porque é o que a velha Lillia diria. E é ela quem devo ser- Só Reeve e PJ? Ou chamamos Alex também? Ele já parou com a frescura porque saímos da festa dele?
- Tenho certeza de que sim. _Começo a trançar meu cabelo. - Além disso, quem é que iria comprar doces para mim?
Rennie cai para trás rindo e, no mesmo movimento, me puxa junto. Ela começa a apertar meu joelho, e não consigo evitar rir, porque tenho cócegas. Daí Rennie se vira de lado e sorri para mim.
- Lil - diz, antes de soltar um suspiro -, estou tão contente... - Não sei se ela espera que eu ermine a sentença ou o quê, mas quando não faço isso ela se vira de costas e diz, sem olhar para mim: - Você está tomando a decisão certa deixando para lá.
Enfio as unhas na palma da minha mão e sinto o esmalte curvar contra a pele.
- Eu sei - digo, com os olhos fortemente fechados.
Acordo com Rennie sacudindo meu ombro.
- Levante, Lillia. Levante!
Estava escuro. Eu estava deitada num sofá de couro, as pernas caídas para o lado. Minha blusa e o short tinham sumido. Eu vestia apenas o maiô de uma peça.
- O que está acontecendo? - gemi. A boca estava seca e parecia cheia de algodão, e a cabeça girava.
Rennie, os olhos grandes como eu jamais vira, inclinou-se para mais perto.
- Psiu! - sussurrou. Seu hálito cheirava a tequila. Ela estava com os sapatos na mão. - Vamos dar o fora daqui.
Sentei no sofá, e a sala girou. Ainda estava bêbada. Havia alguém deitado na cama, dormindo.
Meu cara, Mike, não estava ali. Não sei onde ele estava.
Rennie estava ajoelhada no chão, procurando minha blusa. Ela a encontrou perto da mesa. Eu a
vesti rapidamente, e encontrei meu short atrás de uma das almofadas do sofá. Rennie abriu a porta do quarto só um pouquinho, mantendo os olhos no rapaz na cama. Ela me fez sair primeiro.
A casa estava um desastre completo. Havia gente dormindo nos quartos pelos quais passamos e num sofá-cama na sala. Eu nem mesmo respirei. Estava correndo para a porta, com Rennie bem atrás de mim.
Não paramos de correr até estarmos do lado de fora. Eu me apoiei na caixa de correspondência, sem fôlego. Rennie se abaixou para calçar os sapatos de salto alto. Fiquei perto dela, tentando lembrar o que acontecera. Para onde a noite fora. Estava tudo embaçado em minha mente.
Mas então lembrei. Tomando as doses de tequila. Seguindo os rapazes para o quarto. Eles disseram que íamos ver um filme. Mike, beijando meu pescoço. Pegando-me no colo, colocando-me
na mesa. Eu o beijei. Estava gostando. Daí parei de gostar. Eu disse não. Acho que disse não. Ele não me ouviu?
Senti a bile subir pela garganta
- Acho que vou vomitar. - Comecei a forçar o vômito, e Rennie me levou até o meio-fio.
Vomitei tudo.
- Vamos ter de andar - disse Rennie. - Meu Jeep está bloqueado na entrada da casa.
- Não! - disse eu, já quase chorando. - Não podemos andar toda a distância daqui até T- Town! É longe demais.
- Temos de ir. - Ela não parecia muito preocupada comigo. E começou a andar. - Vamos.
Eu não disse nada por cerca de um quilômetro e meio. Só chorei. Rennie ficou alguns passos à minha frente, as costas bem retas. Meus pés doíam muito nas sandálias, mas eu não podia tirá-las.
Havia vidro quebrado na estrada. Alguns carros passaram, e imaginei se iriam parar. Mas não pararam. Nem mesmo reduziram a velocidade.
Vomitei mais uma vez no mato. Rennie veio e me empurrou pelas costas.
- Não posso mais andar - disse-lhe, abraçando a mim mesma.
- Você pode sim. Não é tão longe.
Rennie começou a andar de novo, mas dessa vez não a segui.
- Temos de chamar alguém. Acho... acho que preciso ir para o hospital. Acho que Mike colocou alguma coisa na minha bebida.
- Ele não colocou nada na sua bebida. - O vento fazia seu cabelo bater no rosto. - Você só bebeu demais, é só isso.
- Não é só isso! Ele... eu não... - Eu estava chorando para valer, tanto que as lágrimas estavam entrando na minha boca. - Eu posso ter pegado uma DST! Eu posso ficar grávida!
Rennie fez que não com a cabeça.
- Ele usou camisinha. Não se preocupe. - Ela desviou os olhos. - Ele veio pedir uma a Ian.
- Ó meu Deus. Ó meu Deus. - Fiquei repetindo sem parar. Como uma prece. Uma prece para que aquilo fosse um pesadelo, que eu acordasse e não estivesse mais ali. Qualquer lugar, menos ali.
- Lil, você tem de...
- Você fez sexo com Ian?
- Sim - disse ela, suavemente.
- Por que você não me ajudou? - Continuei chorando. Eu lembrava agora de que chamara o nome dela. Eu vi Rennie na cama com Ian. Mike estava beijando meu pescoço, puxando a frente do meu maiô para baixo o máximo que dava. Eu chamei Rennie. Depois apaguei.
- Você estava bem! Você estava se divertindo. - Ela começou a andar, afastando-se de mim.
Eu corri até ela e segurei-lhe o braço.
- Não, eu não estava! Você sabia que eu não queria que acontecesse assim! - Com um cara que eu mal conhecia, no mesmo quarto com minha melhor amiga, tão bêbada que eu mal conseguia segurar a cabeça. Minha primeira vez tinha de ser especial. Com alguém que eu amasse. Eu mal
trocara carícias com alguém antes. Eu só beijara três rapazes na minha vida.
Rennie soltou-se de mim. Os olhos dela eram duros como diamante.
- As coisas saíram do controle. Mas nós duas sabíamos o que poderia acontecer quando fomos
para cima com eles.
- Eu não sabia! - Gritei tão alto que minha garganta doeu.
- Vamos lá, Lillia! Você estava gostando daquilo tanto quanto eu. Ninguém a forçou a beber.
- Eu... não era para ser desse jeito. Não comigo.
Rennie deu um sorriso torto.
- Mas tudo bem se fosse comigo? Eu posso não ser virgem, mas não sou uma puta. - Eu estava chorando tanto que não consegui responder, e ela suspirou e disse: - Olhe, aconteceu e pronto.
Vamos apenas esquecer isso.
- Não posso - disse-lhe, meus ombros se sacudiam. - Quer dizer, e se as pessoas descobrirem? E se esses dois aparecerem de novo? - A ideia de encontrar Mike em algum lugar da
ilha me fez querer morrer.
Rennie balançou a cabeça e colocou as mãos nos meus ombros.
- Eles só alugaram a casa por uma semana, lembra? Eles vão embora esta tarde. - Ela fixou os olhos nos meus. - Eu não vou contar. Você não vai contar. Ninguém vai ficar sabendo.
Já era dia claro quando chegamos ao apartamento de Rennie. Eu queria ir para casa. Queria contar tudo a minha mãe. Ela saberia o que fazer. Saberia como consertar isso. Mas eu não podia lhe contar.
Ela achava que eu dormira na casa de Rennie. E o que pensaria de mim se soubesse a verdade? O que meu pai pensaria? E Nadia? Eu nunca mais seria a mesma garota para eles. Nunca, nunca.
Quando saí do chuveiro, Rennie já estava na cama, os olhos fechados. Deitei ao lado dela. De costas uma para a outra.
- Esta noite não aconteceu. Não vamos nunca mais falar sobre isso - disse ela.
Fomos buscar Ashlin e seguimos para o cinema. Eu não sabia o que estava passando até chegarmos lá. Os rapazes estavam esperando por nós do lado de fora. Rennie pulou nas costas de Reeve, e ele a carregou para dentro. Ashlin e eu entramos na fila dos doces e fizemos nosso plano.
- Que tal pipoca, confeitos de amendoim e jujubas? - pergunta-me.
Posso sentir Alex atrás de mim, então faço um show exclamando.
- E nada de confeitos de chocolate meio amargo? São os melhores! - Esses são os favoritos de Alex.
Ashlin faz uma careta.
- Esses confeitos são nojentos, Lil! E têm gosto de poeira. E como um relógio, Alex se aproxima e diz a Ashlin:
- Você está brincando? Eles são deliciosos.
- Está vendo? - digo a Ashlin. - Não sou a única que gosta.
Para a balconista, Alex diz:
- Uma caixa de confeitos meio amargos, por favor.
Eu coloco o queixo no ombro dele.
- Você vai dividir comigo, não vai?
- Compre uma caixa para você - diz ele, mas suas orelhas estão cor-de-rosa e os cantos da boca virados num sorriso.
Isso bastou para eu ter Alex exatamente onde eu queria, pensando que estava tudo bem entre nós e
não desconfiando de nada.

Olho Por OlhoWhere stories live. Discover now