Capítulo 17

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KAT


Na quarta-feira depois da aula, pego a balsa para ir ver Kim na loja de discos. Quando liguei para

perguntar se podia usar a copiadora deles, Kim me fez esperar e certificar-se de que o dono, Paul,

não estaria por perto. Quando ela voltou, disse que estavam com pouco papel, então eu deveria levar

o que fosse usar. Eu roubei um pacote inteiro na biblioteca. Quinhentas folhas para humilhar Alex.


Por mais animada que eu esteja com isso, é um pouco perturbador. Quer dizer, basicamente vou

passar a noite toda fazendo essa droga. Eu não me importaria, mas Mary não fez quase nada até

agora. Não a condeno por não ter tido nenhuma ideia ainda, ela não conhece Alex. Mas ela terá de


fazer força para merecer o lugar no grupo. Lillia está indo bem, eu acho. Apesar de as ideias delas terem sido bem bobas. O negócio do ácido retinoico foi legal, mas, se fosse eu, teria colocado

removedor de pelos no xampu dele ou algo assim. Arrase ou desista.


Mas tudo bem. Estamos só começando. Com sorte, quando for a minha vez e voltarmos a mira para


Rennie, seremos uma máquina de vingança potente.


Kim se anima quando passo pela porta. Apesar de haver um cliente esperando na fila para ser

atendido, ela me puxa para detrás do balcão e me dá um grande abraço. O cliente é um punk com

cabelo moicano completo, então imagino que Kim pensa que ele não dá a menor bola para o serviço

de atendimento ao cliente.


- Kat! - diz ela. - Senti sua falta, sua vaca!


- Também senti saudade - digo-lhe. Na verdade, acho que não senti. Tenho estado concentrada

demais nessa coisa de vingança.


No último verão antes de entrar para a escola secundária, passei horas e horas olhando as

prateleiras da Paul's Boutique, vendo as bandas que não ouvia nas rádios. Numa delas havia um fone

de ouvido com um fio superlongo, o que me permitia sentar no chão. Não ouvia uma música aqui e

outra lá, eu ouvia os discos inteiros. Cinco, seis, sete.


Kim me colocou para fora algumas vezes. Ela ia fechar a loja de noite, e lá estava eu no chão com

os olhos fechados, o volume o mais alto que podia aguentar, sem nenhuma ideia das horas. Não é que

eu não tivesse outras coisas para fazer. Era sempre bem-vinda para ficar com Pat e os amigos dele.


Mas só conseguia aguentar o papo de caras que amam motocross por algum tempo antes de querer

fechar as portas da garagem, acelerar todos os motores e morrer intoxicada por monóxido de

carbono.


Então Kim ficava, com toda a razão, incomodada comigo naquela época, porque eu era realmente

uma péssima cliente. Passava o dia todo lá e não comprava nada. Se eu fosse ela, teria me proibido

de entrar na loja, assim como ela faz com aqueles que roubam.


Não sei exatamente o que a fez ter pena de mim, mas foi assim que aconteceu. Fui até o caixa e tentei comprar uma entrada para ver uma banda chamada Monsoon na área da garagem apesar de

Olho Por OlhoWhere stories live. Discover now