KAT
É sexta-feira, pouco mais de sete da noite. O plano original era pegar uma peça para a moto de Ricky na loja de autopeças, mas ela já estava fechada e agora estamos andando por aí. Eu, Ricky e Joe no carro de Joe. Ricky e Joe são caras que conheço através do meu irmão, Pat. Eles dois estavam um ano na minha frente na escola. Joe não se formou ainda porque nunca vai às aulas, e Ricky está agora
na faculdade comunitária. Lillia provavelmente os consideraria perdedores, mas eles são caras legais.
Estou no banco do passageiro, e Ricky está dormindo atrás.
- Aonde vamos? - pergunto a Joe.
- Para onde é que sempre vamos? - responde ele, os olhos mal abertos. - Para lugar nenhum.
- É por isso que ela parou de andar com a gente neste verão - murmura Ricky lá de trás, sonolento.
- Cale a boca. Eu não parei. - Mas tinha parado, sim. Estava com Alex, na maior parte do tempo. Viro e dou um soco no ombro de Ricky. - Acorde! Vamos. É sexta à noite. Vamos fazer alguma coisa.
- Você tem mesmo um espírito inquieto, Kat - diz Joe. - Devia se acalmar.
Estou agitada, porque o jogo de futebol americano vai começar logo. Inclino-me para a frente no assento e bato com as mãos no painel.
- Ei, tive uma ideia. Por que não passamos pela escola? Tem um jogo esta noite. Vamos rir deles.
Joe olha para mim como se eu fosse maluca.
Ricky senta e diz:
- Um jogo de futebol? De jeito nenhum.
- Vamos lá, caras - insisto. - Quer dizer, o que mais podemos fazer? Ficar andando de carro o resto da noite? - Abrindo a bolsa, mostro um saco de maconha que roubei do meu irmão. - Vocês dois fumam. Eu dirijo.
É uma oferta que eles não podem recusar.Meia hora depois estamos embaixo das arquibancadas perto da end zone. O jogo está para começar. Lillia está fazendo aquecimento na lateral, dando chutes e saltos. Nós nos vemos, e ela acena com a cabeça antes de realizar um alongamento. Isso quer dizer que ela conseguiu. Bom. Eu
estava um pouco preocupada depois da conversa na piscina ontem. Preciso parar de pressioná-la.
Porque a verdade é que, se Lillia decidir parar, não há nada que eu possa fazer para impedir. Mesmo que comece a dizer a todo mundo na escola o que ela fez com Alex, ninguém vai se importar, não depois de ficarem sabendo por que ela fez isso. Dói dizer, mas preciso mais dela do que ela de mim.
Se não fosse por Mary, teríamos implodido ontem, e onde isso me deixaria?
Dou uma tragada no cigarro de Joe, e é então que vejo Mary nas arquibancadas. Ela acena excitada
para mim. Desvio os olhos, mas não antes de ver a expressão de dor que surge nos olhos dela.
Fico me sentindo mal. Ela está lá sentada sozinha. Mas não posso convidá-la a ficar comigo, Joe e Ricky. Eles fariam perguntas, iriam querer saber quem é ela. E Mary provavelmente desmaiaria ao
ver um baseado. É melhor assim.
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Olho Por Olho
ActionAlguma vez você já quis realmente se vingar de alguém que a ofendeu? Talvez uma ex-amiga que a apunhalou pelas costas, ou um namorado traidor, ou um estúpido da escola que a humilhou desde que você era pequena... Alguma vez você já sonhou em envergo...