Capítulo 82-"Eu já sentia falta do melhor mês da minha vida."

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Quando consegui forças e ânimo, me levantei, acendi a luz e resolvi tomar um banho; peguei uma toalha nova e pendurei perto da banheira, peguei um prendedor para meu cabelo e tirei minha roupa enquanto caminhava, deixando um rastro pelo quarto. Tomei um banho relaxante e merecido, saindo apenas quando a água já estava ficando fria e meus dedos enrugados como de idosos. Olhei no relógio e já passava das 22:00. Caramba, eu estava realmente cansada. Eu ainda tinha mais um dia de folga antes de voltar para o trabalho, mas apesar das outras pessoas e de não ser à toa que me chamam de louca, eu estava sentindo muita falta. Preparei um sanduíche para comer, assisti um pouco de televisão e voltei a dormir.
Quando a manhã seguinte chegou, eu estava me sentindo uma nova pessoa, estava renovada e animada, a exaustão havia ido embora e estava pronta para aproveitar meu último dia livre. Me levantei, tomei um banho, vesti um short, uma regata e adorei andar descalça pela casa, tomei café da manhã e percebi que a casa precisava de cuidados, um mês fechada havia proporcionado um cheiro de... bem, lugares fechados. Liguei o som em uma altura mediana enquanto lavava e limpava toda a casa; quando terminei, decidi que estava na hora de fazer algo que eu odiava e que estava adiando o máximo que podia: desfazer a mala.
Preparalá-la era algo que eu odiava menos do que desfazê-la. Coloquei tudo em seu lugar, as roupas sujas foram para a máquina de lavar e, em seguida, peguei minha bolsa para tirar alguns objetos pessoais que havia colocado ali. Assim que a abri, dei de cara com um envelope de papel branco, franzi o cenho e o puxei para fora. Meus olhos ficaram amplos quando percebi do que se tratava: era o dinheiro que havia entregado para Nick. Ele provavelmente havia colocado o envelope de volta quando me abraçou antes que eu entrasse no avião. Me sentei na beirada da cama, atônita. Por que não aceitou o dinheiro? E fiquei com essa questão na cabeça o dia inteiro, até que pude conversar com Lídia quando ela apareceu no meu apartamento à noite.
- Como assim ele devolveu? - ela perguntou de boca aberta, literalmente.
- Ora, ele devolveu, simplesmente. Entreguei o envelope antes que fosse embora e quando abri minha bolsa hoje de manhã, voilá, ali estava o envelope branco - falei e Lidy ficou em silêncio por um tempo, me observando, como se estivesse pensando sobre isso. Eu quase podia ver as engrenagens em sua cabeça se movimentando.
- Talvez ele tenha se apaixonado por você - ela disse finalmente e eu ri do absurdo que soou para meus ouvidos.
- Não, não mesmo, ele está noivo e...
- E daí e? - ela me interrompeu - você mesma disse que ele parece ter sentimentos por ela, mas não parece ser amor.
- Sim, mas talvez eu esteja enganada.
- Anne, ele transou com você como ocorre com cachorros no cio - ela disse e eu fiz uma careta ante a comparação.
- Está me comparando com uma cadela, não sei se gostei disso - reclamei.
- O meu ponto é, se ele amasse a tal mulher que vai se casar não teria nem mesmo encostado em você - ela pensou um pouco e acrescentou - tudo bem, uma vez pode até acontecer, diríamos que foi um deslize de momento, mas três vezes?
- Sim, mas eu forcei a barra as últimas duas vezes e ele estava bêbado - justifiquei.
- Nick não parece o tipo de cara que faz o que não quer - ela deu de ombros - mas talvez você tenha razão e provavelmente apenas ficou com pena de você.
- Mui amiga - bati meu ombro com o dela e nós duas rimos.
- Eu quero bater em você pela sorte que tem, sabia? Contrata um homem do tipo perfeito, dorme com ele, aproveita dele e ainda fica com o dinheiro. Eu te odeio.

Namorado De AluguelOnde histórias criam vida. Descubra agora