Nascimento

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Estava grávida de oito meses. Descobri aos cinco meses que seria uma menina.
Era uma quarta-feira chuvosa, acordei cedo como sempre para acompanhar meu marido no café da manhã. Tínhamos o hábito de fazermos todas as refeições juntos. Acordei, fiz minha higiene matinal e desci até a cozinha para preparar o café.
Já se passava das nove da manhã, estava sozinha em casa quando uma forte dor me pegou de surpresa. A médica disse que da semana seguinte em diante, o bebê poderia nascer a qualquer momento. Mas não imaginava isso para aquela quarta-feira. Fiquei deitada, um pouco assustada com a possibilidade de dar a luz naquele momento. A dor passou. Fiquei uns instantes esperando que voltasse, mas não aconteceu. Tudo correu bem o resto da manhã.  Meu marido, o Léo ( ainda nao havia dito pra vocês ) ligou dizendo que não almoçaria em casa, mas em compensação chegaria mais cedo pro jantar.
Também não almocei, não estava com fome. Resolvi tomar um banho e voltar pra cama pra assistir algum filme ou um programa aleatório na tevê.
Depois do banho, fiz o planejado. Era por volta de umas quatro da tarde, estava ainda mais frio, comecei a sentir uma forte dor no pé da barriga e um calor estranho. Decidi ligar pra doutora Louise para que ela me explicasse o que estava acontecendo.
Peguei o telefone e disquei o número. Ela atendeu no segundo toque.
- Alô.
- Louise ?
- Sim... Tá tudo bem ?
- Não. Na verdade, não sei. Tô sentindo uma dor estranha, calor e fadiga.
- Será que chegou a hora ?
- Não sei! Tô assustada com isso.
- Fique deitada, estou indo praí.

Depois que desligamos, a dor se intensificou. Comecei a entrar num desespero sem fim, os minutos pareciam se tornar horas e Louise não chegava.
Nós nos conhecemos muito antes da minha gravidez. Louise estudou comigo todo colegial. Nos tornamos amigas, ela era a nerd e eu a desinteressada. Mas tinha boas notas e um ótimo senso de humor. Louise decidiu ser médica, eu lutadora. Como vocês já sabem. Quando decidi engravidar, Louise me acompanhou e me ajudou nesse processo.
Passados quarenta minutos não aguenta mais tanta dor, já rolava na cama e suava litros quando Louise entrou no quarto.

- Meu Deus! Como você demorou.
- O trânsito não ajudou muito.
- Faz essa dor parar, pelo amor de Deus!
- Me deixa examinar você.
Está com oito centímetros de dilatação.  Vou encher a banheira e avisar o Léo.

Eu havia decidido dar a luz em casa muito antes de decidi quando ter um filho. Fiquei me contorcendo de dor na cama enquanto Louise preparava tudo.

- Já ta tudo pronto.

Louise me ajudou a levantar e a tirar a roupa para entrar na banheira.  Alguns minutos de passaram e Léo chegou afoito.

- Como você ta ? Ta tudo bem ? Ta doendo muito ?
- Calma, deixa ela respirar.
- Ela vai nascer agora, Louise ?
- Sim.
- Mas não estava previsto pra daqui uma semana ou duas ?
- Vai ver ela é igual a mãe e toma suas próprias decisões.

Rimos com a hipótese dela ser como eu.
Entramos na banheira, eu e Léo, como havíamos combinado.
Ele ficou todo momento massageando minha barriga e segurando a minha mão. Louise dizia palavras de conforto e incentivo a todo momento.
Passados alguns minutos, estava ainda mais dilatada e Louise me pediu para fazer força e não parar.
A dor estava cada vez maior, quando ela tirou um pacotinho da água e disse:

- Nasceu!

De repente fomos tomados por uma alegria imensa e eu, juntamente por  um grande alívio.
Havia nascido a minha filha. A tão esperada primogênita.

AntonellaOnde histórias criam vida. Descubra agora