Antonella

Férias - parte II

Maslova

Não sei o que está se passando pela cabeça da Antonella, mas desde que entramos no avião percebo o olhar dela sobre mim. Chega a ser engraçado, ela quer perguntar. Eu sei que quer. Mas ela não vai, sei que não dará o braço a torcer. Não aguento ver mais uma de suas olhadas e solto uma gargalhada nada disfarçada dentro do avião. Quando enfim paro de rir, começo:

- Fala.
- O quê ?
- Ta ridículo esse clima. Eu fingindo que to lendo e você fingindo que ta dormindo.
- Mas eu...
- Ta nada. Pode falar! Você quer saber sobre eu e o Ethan. - ela virou para mim com os olhos brilhantes esperando que falasse o que ela queria saber. - Nós estamos mais próximos. Conversando, nos conhecendo melhor.
- Vocês estão...
- Ficando ? Não!
- Tem certeza ? - me encarou com a sobrancelha arqueada, como se soubesse que estou mentindo.
- Claro! Vocês seriam as primeiras a saber. Agora dorme.

Peguei no sono alguns minutos depois e só acordei quando o avião pousou.
Nos encaminhamos para a área de desembarque e fiquei feliz quando vi os meus pais a minha espera com uma plaquinha de " bem vinda, princesa! ", se vocês acham que fiquei envergonhada estão errados. Naquele momento eu me senti mais em casa do que nunca. Aqueles eram os meus pais, aquelas eram as pessoas que eu amo, aquelas eram as pessoas que me tratariam até o resto da vida como a " princesa da casa ".
Não aguentei andar ao encontro deles e comecei uma corrida desesperada por colo. Não era qualquer colo. Era o colo daquelas pessoas paradas ali na minha frente com lágrimas nos olhos. Era perto deles que eu quis estar todos esses meses.

- Eu amo vocês! - disse sem segurar as lágrimas.
Se vocês acham que eu diria - " que saudades " - estão errados. Naquele momento eu só precisava declarar o meu amor e abraçá-los.
Ficamos naquela conchinha de proteção por alguns minutos, até que fui tocada no ombro pelas meninas que me deram um " até logo " seguido de vários " tchal ".
Fomos para casa e fiquei impressionada quando vi que nada havia mudado. Passaram-se meses e as minhas coisas estavam do mesmo jeito. Do jeito que eu gostava, do jeito que eu havia deixado.