Princesa Indiana

6-CARTAS SECRETAS

   No dia seguinte, minha rotina se seguiu a mesma. Mas claro, sem meu piano, senti falta de tocar todos os clássicos que aprendi desde criança. Mas em compensação, fiquei brincando com os pequeninos no Jardim. Em meio às brincadeiras, uma das damas de companhias e ajudadora, Anne, chegou com uma carta.

  Quando a abri, fiquei sem reação, era uma carta romantica, porém sem remetente. Apenas com as iniciais H. K. Perguntei à Anne se ela sabia quem tinha a enviado, ela apenas me disse que achou em minha cama.

   Depois do jantar fiquei imaginando quem seria o autor da carta. Enquanto tentava descobrir, pensei na possibilidade de ser o princípe de Cazaquistão. Não! Papai o mataria! De qualquer modo ele é meu inimigo, não perderia seu tempo mandando cartas de amor para mim.

  No outro dia, quando acordei, vi em meu travesseiro, um envelope vermelho, parecido com o do dia anterior. Quando abri, reconheci a letra. Na carta "ele" dizia que eu poderia respondê-lo, e levar a resposta em um lugar onde poucas pessoas tinham acesso, na cozinha do palácio. Em uma empolgação estranha, eu imediamente levantei e fui encontrar papéis e canetas.
Respondi à ele com muitas perguntas, querendo saber a identidade e o por que de enviar-me uma carta. Fiquei com medo de ser alguma armadilha, para que eu fosse prejudicada de alguma forma. Mas antes que esse pensamento me fizesse mudar de idéia, corri eufóricamente por imensos corredores, pareciam mais compridos à cada passo que eu dava.

  Quando finalmente cheguei a entrada principal da cozinha, olhei para todos os lados, com receio de que alguém surpreendesse tal ato. Felizmente, a cozinha estava praticamente vazia.

  Provavelmente a maioria deveria estar arrumando a mesa do café da manhã para meu pai. Não sabia o que fazer. Até entrar um jovem, alto, de cabelos loiros e olhos verdes escuros, estava vestido como um servente comum. Quando me avistou, sorriu. Quando chegou perto, me afastei um passo. Pude ver que ele se divertiu com meu embaraço. Simplesmente pegou a carta de minha mão. E sussurrou em meu ouvido:

- Ele agradeçe!- E me deixou ainda absorvendo essas palavras. Como assim ele? Quem?! Antes que eu pudesse gritar e perguntar, a porta se abriu novamente e eu corri me esconder embaixo da maior mesa que encontrei.

  Quando vi que conseguiria sair sem ser vista, aproveitei a chance e saí. Corri de volta ao meu quarto. E comecei a rir, como se fosse louca, pois nunca imaginei fazer algo parecido. Nesse instante, Anne entra em meu quarto, com expressões de surpresa e susto em seu rosto, ela começa a me acompanhar. E assim começa mais um dia. Logo me visto com um dos meus saris preferidos, branco bordado com prata, e cheio de pequenas pedras, meus cabelos foram presos em um coque embutido, pedi que não colocassem a Coroa da Rainha, então colocaram apenas uma tiara baixa prateada, que fazia uma volta completa em minha cabeça.

   Fui cumprir meu dever, ajudei meu pai com muitos julgamentos, mas minha mente vagava, a ansiedade de receber mais cartas de um admirador secreto, me dominava. Meu pai discretamente me deu uma cotovelada, e acordei de minhas viagens mentais.

-Perdão. Estive pensando em outros assuntos. O que perdi?- sussurro.

- Esse senhor diz que tem direitos sobre vários quilômetros de terras por herança de seus pais, mas esse outro homem, diz que comprou-as quando o antigo dono era vivo. O que um rei deve fazer?- Quando termina de contar o caso, percebo que quando faz essa pergunta, ele esta me avaliando. Para saber o limite de minha sabedoria e entendimentos em julgamentos.

- Ora! Se quiser agir da maneira mais dificil. Mande homens analisarem os atuais documentos, se constatarem que as terras foram vendidas, o dominio será do segundo homem, se não houver tais provas, pertencerá ao primeiro- Digo com voz baixa olhando para ele que sorria já sabendo qual seria minha resposta

- E qual seria a maneira mais fácil?

- Simples, diga que vai matá-los se nenhum dos dois dizer a verdade.- Respondo sorrindo com malícia, apenas escutando a risada de meu pai.