Princesa Indiana

12-CASAMENTO?

   Palácio Amba Vilas, Sul da Índia.
   

- Eu não disse que não gostei! - Eu respondo, afinal, eu gostei, gostei até demais! Mas percebo a gravidade da resposta, e desvio um pouco o olhar, meu rosto ainda está quente pelo momento em que vivi a poucos segundos; Jack acaricia meu rosto com a mão e delicadamente me faz olhar em seus lindos olhos. Me perco no brilho e na cor verde suave. Ele sorri de um modo em que meu coração derrete. Sorrio de volta e ele me retribui com mais um beijo, mas agora sem surpresas e indecisões.
   Apenas um beijo apaixonado, que quero que dure eternamente. O carro para um pouco brusco, e nos separamos instantaneamente. Como os guardas já estão aguardando ao lado da porta, percebo que preciso ir logo.
  - Boa noite! Obrigada pela noite. - Me despeço tímida.
  - Boa noite, anjo! Até amanhã. -Ele devolve, como se estivesse ganhado o maior presente.
  Saio do carro, e ando em direção ao quarto. Conto a Anne o que me aconteceu e ela também se comporta como uma adolescente em êxtase. Durante o resto da noite não paro de sorrir, Jack é o meu consolo, dentre tantas separações e compromissos meu pais e irmãos não podem estar comigo, não tenho noção de quem seja o misterioso das cartas, e apenas Jack me ajuda, distraindo-me quando estou muito aflita e me preparando para seguir a cada problema que surge. Agora que sei que ele sente algo mais forte do que nossa amizade, pretendo contribuir, porque agora minha vida ficará mais leve; sabendo que tenho com quem contar sempre.
  Carrego meus pequeninos para minha cama e provoco-os com meus cabelos, eles tentam pegar as mechas que caem, como gatinhos. Durmo tranquilamente, sonhando com os beijos amorosos de Jack.

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  Acordo com um humor alegre e me visto com um sari detalhado de flores pequenas douradas e decido deixar meus cabelos soltos, prendendo apenas a parte de cima com uma presilha, onde o desenho da flor de lótus dourado, tinha um destaque evidente. Vou caminhando e conversando com os guardas sobre suas familias, um hábito não muito comum, mas o motivo é óbvio! Jack! Imagino que vá estar na mesa do café da manhã.
   Mas me assusto quando adentro o cômodo e só encontro meu pai e a mesa posta, em pé, esperando que o acompanhe, me sento, mas apreensiva, pois meu pai não costuma e nem o tempo lhe favorece para que tenha um momento de alimentação a sós com a filha.
  - Aconteceu algo? - pergunto preocupada, e me sento logo em seguida.
  - Vamos aproveitar o momento! - Ele diz, com um sorriso forçado. Esperando que eu acredite que está tudo correndo perfeitamente bem. Apenas confirmo com a cabeça e começo a escolher algumas frutas e o suco. Seguimos o café da manhã em silêncio, mas em algum momento ele começou a procurar algum assunto:
- Sua mãe me ligou. - Disse simples assim, e me engasguei com o suco. Ele me observou como se eu estivesse doida.
- Por que não me contou? Não me avisou que eu poderia falar com ela? - Eu respondo indignada, afinal faz quase 1 ano em que não vejo ou ouço a voz de minha mãe.
- Você estava jantando com Jack, lembra? - Fico corada e ele me sorri com ar de maroto, provavelmente porque adivinhou o motivo. Mas isso logo desapareceu e sua seriedade voltou.
- Eu a convidei para um evento muito importante que vai acontecer em breve, seus irmãos virão e permanecerão o verão aqui. - Essa resposta nos traz sorrisos e sem me conter dou um gritinho de felicidade. Ainda batendo palmas, pergunto que evento será esse. A fisionomia de meu pai muda de um segundo para o outro, e seu rosto se torna sombrio e sem sinais de que sejam algo agradável.
- Eu, bom, digamos que... Quero que... Primeiramente, saiba que isso não foi algo planejado e peço pra que você leve em consideração fatos que estão acontecendo atualmente.
- Pai, está me deixando assustada! Que mal pode haver nesse evento? É uma grande festa não é?
- Sim. Uma festa que pode gerar conflitos ou uma organização pacífica. Nila, peço que entenda os meus motivos. Não tive escolha e ainda, nem eu mesmo digeri essa proposta! - Seus olhos lacrimejam e sua voz falha. - Me perdoe! Sempre vou estar com você independente da distância!
- Pai, por favor! O que o senhor fez? - Minha angústia é muito grande, sei que isso tem relação ao meu povo.
  - Nila, amor!  - Ele sorri sem forças. - Sabe que te amo não sabe? Mesmo não demonstrando,  te amo muito, você e seus irmãos são o que me fazem viver;  me perdoe por não ter tido tempo, estive muito tempo tentando tirar a Índia das dívidas com os países ao redor, mas infelizmente,  a dívida é grande,  e para que fosse totalmente paga, o povo teria que pagar, eles passariam fome por mais de 1 ano para voltarem a se estabilizar. E não teríamos equipamentos e funcionários para a produção das indústrias alimentícias,  ou eletrônicas. - Ele respira fundo e suas lágrimas ainda caem lentamente, pela primeira vez meu pai não esconde suas lágrimas de mim; a única vez em que eu o tinha visto chorar, foi quando meus pais se separaram, mas ele fez de tudo para esconder a tristeza. Começo a chorar com ele, mas ainda permaneço calada, sei que ele vai me contar, porém se eu interromper talvez piore. - Minha solução foi a mais dolorosa possível, mas ainda assim, foi a melhor; nos ajudarão a manter a economia estabilizada e com a aliança irão nos ajudar com a dívida, inclusive,  pouparão-nos de pagar-lhes e serão apenas os países europeus e juntos iremos dominar Quirguistão e Afeganistão. E pouparemos guerras contra esses países.
Seu silêncio o ajuda a
se recompor, mas a pergunta ainda requer uma resposta.
  -Pai?
Ele sorri sem olhar pra mim, observa algum ponto atrás de minha cabeça. Balança a cabeça. E me olha nos olhos:
- Você irá casar Nila! Com o herdeiro de Cazaquistão, Harry Kamal.
   Não sei se eu respondi esse absurdo, só consegui ver meu pai vindo em minha direção e me carregando em direção à porta, eu ouvia sua voz mas não entendia as palavras. Enfim, me entreguei à escuridão.