Princesa Indiana

18-INSEGURANÇA

   Ainda não acreditando que ele  é o Harry, cruzo os braços diante do busto e digo com a voz mais irônica possível:

- Vocês estão brincando comigo? - Meus pais arregalam os olhos e recebo um aviso silencioso ameaçador do meu pai, para parar com essa teimosia infantil, mas é incontrolável!  - Ele quase me atropelou! E ainda quis caçoar de mim! Ele é simplesmente um idiota!

   Harry, incrivelmente sorri, criando um ar de inocência. Não me seguro e subo as escadas correndo, querendo apenas me trancar no quarto e esquecer esse "incidente". Para o meu azar Mira está no quarto e me pergunta o que aconteceu. Para que eu não fale nenhuma bobagem que a magoe, fico calada, e não respondo nenhuma de suas perguntas.
 
Logo mamãe chega o quarto.

- Nila, filha, não sei o que houve entre vocês,  mas isso não é motivo para você maltratá-lo. Ele explicou para mim e para o seu pai o que aconteceu.

- Ah, é claro que explicou!

- Nila! - Ela esbraveja. - Ele disse que estava muito pensativo, em relação ao encontro de vocês, e disse que como gosta muito de adrenalina, acabou se distraindo, e não te vendo. Mas ele nos pediu milhares de desculpas, então querida, por favor, tente conversar com ele. - Ela se voltou para a porta, sabendo que eu não atenderia tão facilmente o seu pedido. - E sem gritar,  ok?

   Ela me deixa com um sorriso pequeno no rosto, talvez, ela entenda o que é isso. Fazer algo contra a vontade. Mas logo deixo de pensar isso, pois Mira começa a me provocar dizendo que eu deveria dar uma chance, e a única coisa que fiz foi revirar os olhos e correr para um banho demorado.

   Passo bastante tempo na banheira, tentando relaxar os músculos, mas parece impossível. Finalmente noto uma mancha roxa no cotovelo esquerdo, provavelmente apoiei o peso do corpo quando caí. Droga! Tudo culpa dele! Meu dia estava sendo ótimo! Aliás, já está quase na hora do almoço, ele não vai ir embora, não?

   E pensar que tudo isso é um desperdício, um homem lindo de morrer, perfeito; mas idiota! A única coisa que me vem à mente agora são aqueles olhos, parecem estar revoltados com algo, apesar de que ele só sabe mostrar aqueles dentes brancos e alinhados, os olhos dizem mais.

   É como se sua mente fosse uma caixinha de surpresas, que só mostrasse o que ele deseja, mas os olhos denunciam que está acontecendo algo dentro de si. Meu Deus! Que horror! Estou inventando teorias e teorias sobre ele, tudo porque eu olhei para aqueles olhos!

   Quando meus dedos enrugam o bastante para me convencer que passei tempo demais na água, saio. Visto as roupas íntimas, e também um roupão. Procuro tirar o excesso de água dos cabelos com a toalha deixada por Maria.

  Voltando ao quarto, dou de cara com minha querida irmã esparramada em sua cama, com o notebook, tão concentrada que quando entro, ela não nota.

- Mira! - Digo rápido e alto, só para poder vê-la se assustando.

- Sua chata! Não precisa fazer essas maldades comigo, só para que consiga a minha atenção! - Ela responde indignada.

- Não preciso da sua atenção. - Digo convencida.

- Eu sei que não! Você tem a atenção de um certo ser humano moreno, musculoso, com um sorriso perfeito, e olhos tão hipnotizantes que irá passar o seu aniversário e mais alguns dias conosco, aqui! - Ela despeja tudo de uma vez, e meu coração para.

- O quê?! Enlouqueceu?! - Não consigo controlar a minha histeria. Não posso suportar alguém tão egocêntrico como ele! E para minha irritação, Mira gargalha e aponta para suas pesquisas recentes no notebook. Uma página de fundo preto, com várias fotos de Harry e seus prêmios.