10. Lost

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Já é de noite quando o barco finalmente atravessa a fenda de terra que faz com que Fabul seja localizada ao lado de uma foz. As águas, mesmo que muito bonitas, estão um pouco turbulentas naquele fim de tarde, fazendo com que o capitão do barco tenha que fazer algumas manobras com o veículo que plana pelas águas.

Eles dão toda uma volta por alguns montes de terra, conseguindo ver a figura chamativa do Castelo de Fabul se dissipando ao olhar para trás. Adeus, terra firme. Também repassam qual seria o plano quando chegassem em Baron, explicando tudo mais detalhadamente.

— Eu só espero que esse cara do dirigível que você tanto fala ainda esteja vivo.

— Ele tem seus truques. — Harry dá de ombros. — Eu não duvidaria, sinceramente.

— Se você diz... — Marina conclui, suspirando ao observar a maré.

De repente, a embarcação começa a tremer e balançar, até que finalmente chega ao ponto de parar no meio do imenso oceano. As nuvens se fecham repentinamente como em um filme de terror, deixando o grupo naquele cenário escuro e assustador.

— O que foi isso? — Harry indaga para o nada, espremendo os olhos a fim de conseguir enxergar alguma coisa através do breu que havia se instalado por ali.

Uma criatura gigante emerge das águas, logo dando um pulo e voltando a afundar.

Todos os presentes no barco se reúnem na frente da embarcação a fim de enxergar melhor o que está acontecendo logo ali na frente.

— Impossível. — Um dos marujos comenta, abrindo a boca em um o perfeito.

— Então as histórias... elas eram verdade!

— É ele! O Lorde de Todas as Águas!

— Leviathan! — O Capitão completa o monólogo entre os marujos.

— Não fiquem aí parados! Temos que tirar a gente daqui!

Um marujo rapidamente toma controle do leme, o girando com força a fim de inutilmente tentar mudar o navio de direção. Não havia como, e ele tinha plena consciência desse fato.

Niall se segura fortemente em uma das laterais do navio, o vento violento em seu rosto fazendo com que ele também fechasse os olhos com força. Suas pernas são rápidas a desistir de se contrapor contra o impulso que recebe toda vez que o barco faz algum contorno, e ele logo caí drasticamente nas águas que uma vez haviam parecido inspiradoras para o garoto, mas agora, somente o engoliam.

— Niall!

Marina imediatamente pula da embarcação para resgatar Niall, sem nenhuma hesitação presente em seus músculos. A mulher de cabelos negros sabia qual era o certo a se fazer.

— Marina! — Harry vocifera.

— Niall! — É a vez de Cara exclamar.

O navio é mais uma vez atingido por uma forte onda, fazendo com que o marujo que estava controlando o leme caísse no chão junto com Cara e o Capitão.

— Cara! — Harry corre para ficar ao lado da amiga, olhando para o chão a fim de ver se havia alguma poça de sangue no lado da cabeça da mesma.

Relâmpagos e trovões acendem o céu em uma tempestade quando Harry vira para trás, encontrando com o rosto de Leviathan.

A criatura abre a boca, e, depois disso, tudo fica escuro.

X

O homem de olhos verdes acorda em uma baía muito, mas muito distante de seu destino inicial. A areia é fofa em suas mãos quando ele finalmente reúne forças para se levantar, observando todos os arbustos e árvores de pequeno porte presentes.

Ele chama pelos amigos, mesmo sabendo que não obteria resposta. Abaixando a cabeça, ele pronuncia:

— Parece que estou sozinho de novo. — O homem dá de ombros. — É como em Mist.

Só espero que os outros estejam bem, ele pensa. Se apegava rápido demais as pessoas: não conseguiria imaginar seus amigos mortos, não mesmo.

Não muito longe, Harry avista uma Cidade – bem conhecida pelo homem, por sinal. Ele resolve entrar, mesmo sabendo que provavelmente não seria bem–vindo. Poderia pedir ajuda para o Ancião, mas, sinceramente, não era como se ele fosse acreditar em suas palavras.

A entrada da Cidade de Mysidia era trilhada por um caminho de pequenas pedras, junto com alguns musgos e plantas rasteiras. A Torre de Orações era o ponto principal de tudo, tendo um grande destaque por conta de sua enorme altura.

O homem de cabelos castanhos balança a cabeça para os lados em negação, tentando sacudir os pensamentos de culpa e remorco que teimavam em ressurgir por entre seus pensamentos. 

Eram águas passadas. Ele era um homem diferente agora.

E, com esses pensamentos, Harry finalmente reúne coragem o suficiente para adentrar a Torre.

A grande porta de madeira range quando aberta, e as botas do homem de olhos verdes são brevemente arrastadas no tapete de entrada, a fim de retirar a terra que havia se acumulado por ali.

Quando se vira, o homem imediatamente se encontra com uma figura de estatura média, vestido com uma expressão séria e um sorriso nada amigável.

— Você é o Cavaleiro Negro que veio aqui há um tempo atrás. — O homem trajado em preto o avalia, indo direto ao ponto. — Por que retornou?

— O meu nome é Harry... e até pouco tempo eu servi como Capitão das Red Wings de Baron. — Harry explica. — Quando eu vim antes, estava obedecendo ordens do Rei – ordens que eu não possuía coragem para desobedecer.

— Então você veio para se desculpar? — O Ancião indaga. — Palavras não ressuscitam os mortos, Cavaleiro Negro, e nem trazem o nosso Cristal de volta.

O Ancião pausa por um momento, parecendo pensar em algo.

— Mas eu consigo ver um pingo de luz em seus olhos que eu não tinha visto antes. — Ele diz. — Escutarei o que você tem a dizer.

— Eu preciso parar um homem que está controlando Baron. — O homem de olhos verdes profere. — Eu estava indo resgatar o meu amigo que ele tem como refém, mas eu e meus companheiros fomos atacados pelo Leviathan. Eu não sei qual foi o destino deles.

— Sem sombra de dúvida, isso foi parte do teste que ordenaram a você.

— Que teste?

— Um teste de redenção. Olha, enquanto você usar essa espada negra, você não tem nenhuma chance de derrotar o verdadeiro mau. — O Ancião continua. — Você caça um monstro, mas enquanto o faz, também se torna em um. Lentamente mas certamente, a escuridão irá possuir a sua alma também, até chegar o dia em que nada sobrará.

— Você tem que ir ao Monte Ordeals, localizado ao leste daqui. O destino lhe espera.

— Mas o meu amigo – ele está em perigo!

— Esse seu amigo significa muito para você, não?

Harry confirma com a cabeça, não conseguindo explicar com palavras o quanto.

— Mas você não pode deixar o medo te levar a pressa. Deves ir ao monte e trocar a sua espada escura por uma feita de luz. Mas não será uma tarefa fácil: todos que foram nunca voltaram. Você irá tentar?

— Irei. — Harry confirma. — Pode deixar comigo.

— Bom. Mas terei que providenciar dois magos para te acompanhar: você não terá muita chance sozinho.

— Camila! — O Ancião chama. — Lauren!

X

N/A: De novo, essa é uma história cheia de plot twists ;)

Não se esqueçam de votar e comentar (juro que respondo!), significa muito para mim <3

Guided Forth Anew • {l.s} [pt/br]Onde histórias criam vida. Descubra agora