29. Help

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A noite passou de jeito um tanto quieto, por mais que os corações dos viajantes estivessem tudo menos calmos.

Dormir em camas distintas toda noite, acordar de cara com uma paisagem nova a cada dia... certamente não foi isso que Louis imaginou para sua vida, quando decidiu sair de casa e procurar por Harry em Kaipo. Parecia que tanto tempo havia se passado desde então, mas talvez fossem só alguns meses. Nem ele mesmo sabia quantos.

Seus olhos se abrem lentamente ao que ele solta um suspiro sôfrego, quase como se tivesse tido uma noite maravilhosa de sono, mas a verdade é que nenhum dos cinco homens conseguiria descansar pacificamente enquanto Golbez não fosse impedido de fazer sei lá o quê que estava planejando fazer.

O corpo do garoto se vira quase involuntariamente, descendo os olhos por entre os travesseiros e edredons daquela pequena cama de motel, logo se encontrando com as orbes verdes fechadas do namorado. Observa todo os pequenos detalhes da superfície um tanto preenchida por pequenas marcas de nascença; os cílios de tamanho médio, o queixo quadrado e firme — o mesmo que Louis havia visto ficar impossivelmente aberto quando os dois presenciavam momentos quase irreais de prazer e amor. Passa os olhos pelos pequenos cachos despenteados e que pendiam para o seu próprio travesseiro, por fim parando nos lábios carnudos e vermelhos.

Amava tudo naquele homem, tudo, mas tudo mesmo.

Haviam falhas, é claro, como haviam em todos os seres humanos e criaturas mágicas existentes. Haviam falhas quando o egoísmo falava mais alto nos dois, ou quando o outro contava piadas ruins, ou quando Louis era bonzinho demais para seu próprio bem e acabava metendo ele mesmo e Harry em emboscadas diversas.

Mas Louis descobriu logo cedo que assim era amar. Amor não é perfeição, não é olhar para uma pessoa e ver um dia de sol e quentura nela. Ou talvez fosse, afinal, Louis era Louis e estava vivendo as próprias experiências, então, sim, para ele, amar era amar tudo, até mesmo as imperfeições.

O homem de olhos azuis e cabelos castanhos não sabe exatamente quando tirou essas conclusões, — um tanto poéticas, diga-se de passagem — mas provavelmente foi quando ele era criança. Quando ele se aventurava com Zayn e Harry nas florestas de Chocobo perto de Baron e voltava bastante ferido por conta dos ataques surpresas de monstros que os três geralmente sofriam. Era quando sua mãe o dava uma bronca daquelas, mas no final ele sabia que ela continuava o considerando o seu bem mais precioso.

Amar as imperfeições.

Porque afinal, talvez não existisse algo perfeito. Talvez só fosse invenção, um conto de fadas, assim como várias outras lendas e crenças — com todo o respeito — que existiam por aí.

Louis sacode a cabeça, por fim decidindo se levantar ao que finalmente percebe que já está ficando tarde, e sim, ele precisa falar com Niall, perguntar sobre a audiência com o Rei, e por fim procurar Liam e Zayn. E, pelos santos Cristais, talvez eles nem recebessem ajuda, afinal! Imagine só, viajar todo aquele magma para voltar para casa tão fraco quanto antes...

Seria um dia longo, mas enquanto ele olha para o rosto do homem de olhos verdes praticamente esparramado na cama, sabe que aquela é toda a motivação que precisa.

— Eu faria tudo por você. — Ele sussurra no tom mais baixo que consegue. Até matar, ele quer adicionar. Harry e Louis eram praticamente uma rosa e uma adaga. Um mataria algo tão bonito quanto a flor com o objeto cortante.

Louis mataria por Harry.

Mas não era o que ele já esteve fazendo durante esse tempo todo, enquanto matava criaturas asquerosas e o protegia de tudo o possível quando os dois ainda eram apenas crianças, quando era apenas um mago, e depois, quando se tornou um arqueiro?

Guided Forth Anew • {l.s} [pt/br]Onde histórias criam vida. Descubra agora