37. Deepest Darkness

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— Quando o nosso pai morreu, eu fui deixada sozinha com a nossa mãe, que ainda assim conseguiu te dar a luz. Os outros moradores que sobreviveram ainda se importavam conosco, as pessoas que Desmond havia abençoado com seus segredos. Mas a nossa mãe havia se tornado muito frágil e morreu pouco tempo depois de você nascer. — Ela explica, olhando para a parede, quase como se as memórias estivessem passando em uma espécie de projetor. — Eu te culpei, falando para mim mesma que a nossa mãe teria continuado viva se não fosse por você, Harry. — Pausa. — Eu te peguei em meus braços, ainda como um recém-nascido, para a floresta nas redondezas de Baron e te deixei lá.

O Paladino nem sabe mais o que pensar. Tudo que ele sabia sobre as origens de sua vida, mesmo que fossem poucas coisas, agora havia se tornado simples poeira no ar. Não havia nada tateável — agora era tudo novo e desconhecido. O que mais será que estavam escondendo dele?

— Depois disso, — A voz da mulher é pesada. Ainda haviam mais coisas a dizer? Será que todas aquelas revelações não eram o suficiente? — eu fui para as fronteiras, onde eu pude me esconder de todas as outras pessoas. Naufragando na culpa, com vergonha de mostrar o meu próprio rosto... por isso uso essa armadura.

Gemma levanta os olhos, com parte de seus cabelos os escondendo. Era como se, agora, tudo que a possuía era um terrível medo — medo de simplesmente existir.

— Eu não tenho a coragem e nem a audácia de pedir que você me perdoe, mas... — Ela cerra os punhos, com a voz falhando. Não havia volta, não havia volta, não havia volta. O que estava feito, estava feito. — mas eu estou imensuravelmente feliz que você sobreviveu.

A próxima frase torna a custar para deixar seus lábios, tamanho nó que habitava sua garganta. Queria chorar, queria fugir, só queria sair dali.

— Que peão melhor Zemus poderia ter encontrado do que eu?

Alguns momentos se passam, com a sala em um breu total por conta dos fios do Gigante finalmente terem parado de funcionar. Dali a algum tempo, provavelmente tudo explodiria, mas nenhuma das sete pessoas presentes conseguia sequer ligar o suficiente para isso.

O silêncio é, normalmente, estabelecido. Isso só serve de impulso para Gemma tornar sua decisão final.

Ela se vira, balançando a capa longa que cobria suas costas. Os detalhes eram bastante bonitos, com pérolas no meio do escuro, imitando as estrelas no meio da noite. A verdade era que, por mais que todos tentassem, a verdadeira beleza da natureza nunca poderia ser copiada.

— Para onde você vai? — Halsey pergunta, uma vez que já está de pé.

— Colocar um fim em tudo isso. — A voz da Cavaleira transmite convicção. Estava totalmente decidida. Depois de tudo que havia causado, o mínimo que podia fazer era tentar concertar a situação, mesmo que fosse impossível apagar as feridas.

A Maga parece ponderar sobre o assunto por alguns momentos, por fim sacudindo a cabeça ao dizer:

— Zemus é um Lunariano, assim como eu. — A batalha pelo mundo estava perto, mais perto do que Harry imaginava. Ele finalmente sente, era impossível ignorar. — Irei com você.

As duas figuras caminham lentamente até o que parece ser uma porta, com os conhecimentos de Gemma sobre os caminhos dentro do Gigante ajudando absurdamente. Ela aperta alguns botões redondos sobre a parede, e logo então, o compartimento finalmente está aberto.

A voz hesitante da mulher corta o ar pelo o que parece ser a última vez em que aquela troca de vozes ocorreria.

— Adeus... — Realmente não acreditava que haveria um reencontro. Se pudesse escolher, preferiria morrer na batalha, uma vez que finalmente tivesse acabado com a Guerra. Na verdade, não se sentia merecedora nem da própria morte. A solução era, na cabeça dela, muito provavelmente, desaparecer do mapa para todo o sempre. — Harry.

Guided Forth Anew • {l.s} [pt/br]Onde histórias criam vida. Descubra agora