28. Feymarch

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"Primeiramente, quero que essa carta seja curta. Estou a escrevendo depois do toque de recolher, e bem, o meu papel cartão é apenas um guardanapo. Não há espaço para discursos nem tempo o suficiente para despedidas melancólicas, então...

Escrevo essa carta no caso do pior acontecer. Se você estiver lendo, bem... já deve ter acontecido. Seja lá quem estiver lendo essa carta — Louis, Harry, Zayn, ou até mesmo a enfermeira que deve estar trocando os lençóis da minha cama, uma vez que estou morto — espero que você a repasse para o destinatário inicial. A morte pode levar muitas coisas, porém ainda não tem o poder de enterrar minhas palavras.

Estou orgulhoso de vocês todos — mesmo os que conheço a bastante pouco tempo. Não se esqueçam disso, por favor, quando estiverem lutando contra Golbez. Todos nós vencemos desafios de um jeito ou de outro — vocês sabem que isso é verdade, no fundo de suas almas — para chegarmos até aqui, então por que desistir agora? Não se deem por vencidos, a guerra ainda não chegou ao fim — e se tiver chegado, tudo bem, pois ganharemos A BATALHA. Os Cristais, o mundo e as pessoas precisam de vocês, em hipótese alguma se esqueçam disso.

Deem uma extra high—five nos meus amigos mecânicos por mim, e por fim, peçam os meus mais sinceros perdões a minha filha, por tudo que eu a fiz passar por conta do meu egoísmo. Todas as horas extras no trabalho para construir dirigíveis para a droga de uma guerra... esse é o meu maior arrependimento.

Com amor, Ed."

A sensação que toma o corpo de Harry é totalmente insana. Não sabe se o que sente é surpresa, admiração ou até mesmo tristeza, uma vez que há muitos sentimentos variados embutidos em um simples pedaço de guardanapo velho —  que obviamente não possuía um Selo Real, apenas um desenho meio falho do mesmo. Nunca conseguiria imaginar que por dentro de Ed haviam palavras tão bonitas, mas a verdade é que em todos nós existe uma parte poética e cheia de cores alegres, e Ed aprendeu a usá—las, bem... agora.

A razão do amontoado de palavras ter sido entregue em suas mãos não havia ficado nem um pouco clara quando ele a recebeu, mas talvez não existisse um significado exato para tal, no final das contas. Talvez fossem Ed e sua preguiça não querendo repetir as palavras melosas em voz alta, ou talvez só fosse aquilo mesmo: Ed estava bem, havia escrito tudo aquilo de modo árduo achando que iria morrer então queria que os outros admirassem seu esforço. Não é nem um pouco romântico; é só a realidade agindo tão naturalmente quanto a gravidade. Simples assim.

O garoto de olhos verdes suspira, abraçando o papel contra o peito de sua armadura pesada como uma criança ansiosa para que seus pais voltassem logo de uma viagem do outro lado do oceano.

Mas ele não estava planando sobre águas, e muito menos estava deitado em sua cama no Castelo de Baron. Havia somente madeira abaixo de seus pés, com lava e mais lava a medida que sua visão descia.

A viagem para Feymarch estava sendo consideravelmente rápida, uma vez que a velocidade da Direction era ridiculamente maior do que a da aeronave anterior, graças as habilidades de Edward. Sua bandeira continuava branca, como sugerido pelo Rei Giott, já que botar o símbolo de Baron ou qualquer outra coisa já seria pretexto o suficiente para o grupo ser perseguido ou algo do tipo.

— Você não tá com medo, né? — É a voz de seu melhor amigo e quase—irmão que o chama, com o homem se aproximando de onde o outro estava não muito tempo depois.

— Claro que não. — O outro sacode a cabeça, certo de si. — Só estou... pensativo.

— Quer me contar por quê? — As mãos do moreno se apoiam contra as bordas da aeronave, descansando parte de seu peso sobre ela em uma postura relaxada.

Guided Forth Anew • {l.s} [pt/br]Onde histórias criam vida. Descubra agora