Contagem Regressiva - 4 (Final)

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Depois de muitas músicas e muitos drinques que eu não deveria ter bebido, a batida incessante de eletrônico começa a me incomodar.

Poucas pessoas ainda restam na área externa, a qual nunca deixamos, e o sol começa a despontar no horizonte leste.

Petri percebe e nem me pergunta nada, só me escolta de volta para a entrada do clube. É claro que ele toma a comanda da minha mão e não me deixa pagar por nenhuma das muitas taças de champanhe que tomei. Se por um lado gosto do cavalheirismo europeu, por outro minha veia feminista briga comigo por deixar que ele faça isso.

Petri e eu, então, estamos andando pelas ruas agora desertas de Buenos Aires.

— Podemos pegar logo um táxi? — Peço, abraçando a mim mesma.

— Vamos só até a rua ali da frente, ok?

— Mas eu estou com medo...

E como eu não estaria? Ao meu lado tem um europeu com toda a cara de gringo, desfilando com uma mochila à tira colo e o exibindo o celular de última geração pendurado em sua mão. Se estivéssemos no Rio de Janeiros, já teríamos sido assaltados há muito tempo.

— Medo de que? — Ele pergunta rindo. — Eu sou forte, posso te proteger!

Eu rio de leve, decidida a não apontar que ele tinha muitas características positivas, mas não era do tipo que botava medo nem em um cachorrinho de madame.

— Calle Rivadavia. — Peço com meu melhor sotaque portenho, assim que finalmente entramos em um taxi.

O caminho todo faço em silêncio, com sono demais para falar.

Não demora muito para chegamos e, quando desço do carro, Petri logo vem atrás de mim e manda que o motorista espere.

— Vou te ver de novo?

Suas mãos estão quentes quando tocam as minhas e seus olhos mostram toda a sua expectativa.

Eu sei que tem dois pares de olhos me observando da varanda acima de nós, mas ignoro minhas amigas e volto toda a minha atenção para o europeu gato que roubou meu coração com sua voz grave.

— É claro que sim! Aparece aqui mais tarde, hoje tenho a programação perfeita para o primeiro dia do ano. — Sorrio.

— Estarei aqui ao meio-dia.

— Boa noite, Petri.

— Boa noite, cariño.

Ele apenas cola os lábios nos meus novamente e me solta para que eu entre em casa.

Mas, assim que eu giro a chave na porta, Petri me puxa de volta para si e segura meu rosto em suas mãos.

Eu sei, eu sei... Também me senti a mocinha de um filme de Hollywood, mas ele toca minha boca com tanta urgência e suspira meu nome como se o mel de todo o mundo caísse em sua voz.

— Nina... — Ele murmura em minha boca. — Minha Nina.

Meu nome em sua voz parece até um poema, seus braços ao meu redor me dão toda a segurança de que eu preciso. E seu beijo... Ah, o seu beijo...

As férias em Buenos Aires mal começaram e já são as melhores que já tive em toda a minha vida.


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Oi oi gente, tudo bem?

Então, eu venho acompanhando todos os comentários de vocês durante a postagem do conto e queria agradecer muito!
Tinha esquecido como era bom ter esse feedback dos leitores.
Ainda estou voltando a escrever aos poucos, mas espero que vocês acompanhem hehe
Obrigada por todas as palavras e pelo tempo tomado para ler esse conto que means a lot pra mim.
Se quiserem, fica o convite pra vocês lerem um livro que estou reescrevendo:  https://www.wattpad.com/story/61331234-segredos

("Segredos" no perfil Marinabguimares)

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