Carnis Levale - 7 (Final)

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Você gosta de filmes de terror?
(Pânico)

Um sentimento irrefreável de realização inundou meu cérebro.

Eu sabia que não deveria sentir aquilo, principalmente se levarmos em conta o que aquela descoberta significava, mas não foi possível impedir. A fã de filmes de terror dentro de mim havia despertado e seu coração batia fortemente dentro do peito.

- Você está sorrindo. - Nicolas observou, me trazendo de volta a realidade.

Depois de guardar as fotos, me levantei envergonhada.

- Ei, não foi uma crítica. - ele se apressou a explicar, quando percebeu que o sorriso havia escorregado do meu rosto - Eu poderia passar dias inteiros te vendo sorrir. - completou, me fazendo perceber o quão próximo nós estávamos um do outro.

Um relâmpago caiu, iluminando todo o cômodo.

Quado seu olhar fixou-se em algo atrás de mim, o rosto de Nicolas, tão terno e amoroso, se metamorfoseou em uma máscara de choque e medo.

Lentamente, virei-me para a direção para a qual ele olhava.

E, desta vez, seria melhor se não houvesse ninguém ali.

De frente à janela, iluminado pela pouca luz vinda da noite, estava Roberto. Seu corpo estava envolto em sombras, mas nós éramos capazes de ver seu rosto. Ou ao menos o tanto quanto era possível em meio a todo o sangue. Mas aquele não era o aspecto mais assustador de sua presença, o mais terrível de tudo eram os olhos.

Inteiramente brancos.

- Corram. - o fantasma rosnou para nós, enchendo de urgência cada uma das letras pronunciadas.

Não foi preciso que ele repetisse.

**

- A Flora! - exclamei, conforme corríamos para fora do escritório - Onde ela está? - perguntei, ao perceber que minha amiga não se fazia presente.

Com a mão presa a minha, enquanto nós tentávamos nos guiar nos corredores escuros, Nicolas pareceu levar alguns instantes antes de perceber o que eu dizia.

- Porcaria. - resmungou, soando apavorado - Ela foi até a cozinha. - relembrou, sem interromper seus passos.

Quando chegamos até as escadas, entretanto, Nicolas congelou.

- Porcaria. - repetiu ele e, eu tenho de confessar, meu amigo utilizou um termo um tanto mais pesado do que esse em seu xingamento - As chaves do carro.

Demos meia volta, na intenção de chegarmos aos quartos, porém, não foi possível irmos muito longe. Havia uma pessoa no meio do corredor.

Mariana.

Assim como Roberto, o tom de seus olhos era de um branco leitoso. Em sua garganta, um corte profundo acumulava sangue coagulado.

- Fujam. - ordenou ela.

Esquecendo completamente as chaves do carro, descemos correndo pelas escadas, gritando pelo nome de Flora conforme nos aproximávamos da cozinha. Mas, quando finalmente chegamos no cômodo, percebemos que não havia ninguém ali.

- Onde ela pode ter ido? - eu perguntei, enquanto voltávamos para o hall de entrada e corríamos para a porta de saída.

Trancada.

- As janelas! - Nicolas gritou, me empurrando em direção a sala.

Gabriel não nos deixou prosseguir.

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