Setembro Chove - 4 (Final)

1.1K 210 9
                                    



         A Lua é o satélite natural da Terra. Ela não tem luz própria, é um amontoado de rochas espaciais. O Sol é o motivo dela brilhar à noite. É por causa da grande estrela que ela parece ter luz. Mas na verdade a Lua tem um lado sempre escuro. E é fria.

No fim, somos todos poeira espacial.


-

Fran se despediu de Rafa com um beijo. Os dois estavam de baixo da sombrinha dela e Rafael correu para o carro da mãe, um dos últimos estacionado ali em frente à escola.

A chuva havia diminuído e não estava tão forte, mas ainda era constante. Na verdade, ela estava bem fraca, quase um chuvisco. Fran andou devagar em direção a sua casa. Não era exatamente longe da escola. Pensou no que teria que fazer quando chegasse em casa. Esquentar o almoço. Seu estômago roncou de fome. Ela não tinha fome daquele jeito fazia alguns dias.

Sorriu para si mesma, de forma sarcástica. Ultimamente parecia ser a única coisa que fazia. Soltar sorrisos sarcásticos. Nunca para os outros, quase nunca para sua mãe. Sempre para si mesma.

A chuva começou a diminuir cada vez mais. As pessoas que passavam por Francielly não usavam mais guarda-chuva, mas ela ainda podia ver a garoa nas poças de água das quais desviava. Não que conseguisse ver em sua frente, mas ela sentiu que se abaixasse a sombrinha, iria se molhar.

Fran parou em uma esquina, esperando o sinal abrir. Do outro lado da rua um prédio abandonado tentava continuar firme, em pé, sem muito sucesso. Mas onde o prédio encontrava a calçada, ela conseguiu avistar algo. O farol abriu finalmente e ela atravessou, quase hipnotizada, tentando descobrir o que era aquele colorido no meio de tanto cinza. Ela esqueceu de segurar a sombrinha acima da cabeça, mas não havia mais chuva nem garoa. As nuvens cinza ainda permeavam o céu e o sol estava longe de sair, mas Fran não corria o risco de se molhar mais.

Ela olhou para o ponto onde o prédio encontrava a calçada e se agachou para ver melhor. Ali, entre a poeira dos passos, a poluição dos carros e a decadência do prédio, uma pequena flor nascia. Uma flor lilás, diferente de qualquer outra flor de chão que Fran já tinha visto em sua vida.

Francielly sorriu. Naquele momento, olhando aquela flor, com a barriga roncando de fome e segurando uma sombrinha aberta ao lado do corpo, ela não se sentiu sarcástica. Ela apenas sorriu. Talvez a luz esteja sim dentro dela mesma.

-


Às vezes as nuvens são tão densas e pesadas que conseguem bloquear o Sol. Tem dias que a Lua também consegue bloqueá-lo.

Mas no fim, ele está sempre lá. Sempre no mesmo lugar. Sempre pronto para surgir quando menos se espera. Sempre pronto para ajudar as plantas a florescerem no momento certo.


-------------------------------------------------------


Acabou gente!

Eu li todos os comentários e vi as estrelinhas de vocês. Agradeço imensamente quem comentou, acompanhou e se interessou pela história da Fran, que também é um pouco da minha história e de muita gente.  A história da Francielly surgiu com a Primavera e o desabrochar das flores em mente, antes de eu tomar conhecimento da existência do Setembro Amarelo.  E o caso da Fran é mais comum do que a gente imagina.

Setembro é o mês de prevenção ao suicídio (conhecido como Setembro Amarelo). O suicídio às vezes vem ligado à depressão. Em ambos os casos é bom conversar com alguém (um psicólogo profissional), já que 9 em cada 10 casos de suicídio podem ser prevenidos. (fonte: http://www.setembroamarelo.org.br/)
Você pode acessar esse site para mais informações: http://www.cvv.org.br/


Gostaria de convidar vocês para seguirem meu perfil (MRSilva) pois em breve virão novidades por lá!  Fiquem com a fofíssima ClarissaVaz6 e seu o conto para o mês de outubro.

Nossos 12 mesesOnde histórias criam vida. Descubra agora