Cinco - Parte 4

1.3K 193 29
                                    



5/5/2013

Abri os olhos, e vi a luz do sol entrando pelas frestas da janela. Parecia que eu tinha acabado de dormir, mas quando olhei no relógio do celular, já passava do meio dia.

Me revirei na cama, incapaz de levantar, mas também sem conseguir voltar a dormir. Eu estava exausta, mas mais horas de sono não resolveriam o meu problema. Não era uma questão física: era meu coração que estava cansado, exausto, pesado. E a única pessoa capaz de resolver a minha situação tinha sido a responsável por tudo, pra começo de conversa.

Meus olhos encheram de lágrimas só de lembrar. De Jade, da outra garota, das mensagens. Como ela teve coragem de mentir pra mim?

- Filha? – mamãe bateu à porta e abriu devagar – Você já está acordada?

- Já. – respondi, fungando e rapidamente limpando o rosto com as costas da mão.

- Não quer comer nada, Lavínia? – mamãe entrou e sentou na beirada da cama – Não aguento mais ver minha menina assim.

- Não to com fome agora, mãe. – falei, me virando de lado. Mamãe não se deu por vencida e deitou comigo.

- Não quer me contar o que aconteceu? – perguntou.

- Não. – resmunguei, toda encolhida, as lágrimas rolando pelo meu rosto e molhando o travesseiro.

- Então você deveria pelo menos falar com a sua namorada.

- Ela não é mais minha namorada.

- Seja como for, ela tá lá na cozinha, esperando você descer.

Me sentei na cama, tão rápido que o mundo girou diante dos meus olhos.

- Ela tá aí?

- Sim. – mamãe confirmou, se levantando – E disse que não sai até falar com você.

- Então ela vai esperar pelo resto da vida. – falei, cruzando os braços.

- Lavínia, deixa de ser teimosa e fala logo com a moça – mamãe parou na porta do meu quarto e me olhou, brava – Isso é ridículo. Nem que seja pra só terminar de vez. Vocês duas merecem isso.

Mamãe saiu e bateu a porta. Eu voltei a deitar, agora mais alerta do que nunca. Jade estava ali. O que eu ia fazer?

Bom, descer e encará-la é que eu não ia. Me recusava, depois de tudo que ela tinha me feito passar. Se ela quisesse esperar, esperaria pra sempre. Bem que ela merecia.

~*~

Eram quatro da tarde e eu estava morta de fome.

Não havia nada no meu quarto pra comer. Eu já tinha bebido água da pia só pra não ter que descer as escadas, mas isso não resolvia a questão da fome. Só estávamos eu e mamãe em casa – sem contar Jade – e eu não tinha a quem recorrer. Eu sabia ser teimosa, mas mamãe era mais ainda. Enquanto eu não desse as caras, ela não ia me ajudar.

Sai do quarto e fiquei bem quietinha, prestando atenção nos sons da casa. Nenhuma conversa, nenhum som que desse a entender que tinha alguém em casa. Talvez mamãe tivesse saído? Ela não ia sair com visita em casa, então se a casa estava naquele silêncio todo, era porque Jade tinha ido embora também.

"Só vai embora depois que falar com você". Ah, sim. Durou bastante essa determinação.

Desci as escadas sem medo e fui pra cozinha. Estava vazia. Não havia som algum na casa, e eu respirei tranquila. Fui até a geladeira e peguei os restos da janta do dia anterior pra esquentar. Foi quando ouvi a porta abrindo e olhei pra trás.

Nossos 12 mesesOnde histórias criam vida. Descubra agora