Contra mão

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Após Madamm Cruiz ter examinado a magricela amarrada, ela tomou passos em direção a Luna e sussurrou algumas palavras em latim que Emmat não pôde decifrá-las. Ambas saíram da sala e ela ficou ali, sozinha, sem qualquer aviso de que alguém apareceria para salvá-la daquele inferno - literalmente.

Emmat se lembrou das coisas que tinha feito enquanto se encontrava dopada pelos três homens.
Qual era o nome daquele... Alex? Arlindo? Argel? Como diabos se chamava?

A garota, dividida em uma posição de quatro lembrava uma puma criada em cativeiro. Os cabelos cor de ébano e a pele branca como a neve - assim ditado no livro de Branca de Neve e os Sete Anões - pendiam sob as lágrimas ensurdecedoras naquele lugar tão nobre e encantado de bruxarias.
Ela foi uma garota tão boa para Luna, por que alguém faria isso com ela? Era tão rude e cruel para aquele mundo alojado em sua cabecinha de vento...

Os seus pensamentos foram interrompidos por uma figura que tomava forma na sua frente. Ela era negra, e parecia se alimentar de toda essa infelicidade despejada por Emmat no quarto.

Ela ruma olhares para cima.

A criatura possui quatro patas, e lembra muito um centauro. Em sua cabeça havia quatro chifres, sendo dois prensados por tranças grandes e pesadas. Nas suas mãos, ele portava um par de correntes e teve o poder de quebrar a jaula com um só golpe diferido por seu rabo. Emmat engole em seco ao presenciá-lo.

Ela sussurrava para si mesma: "Ah, Deus... eu não quero morrer...
porra... estou tão assustada...
por favor... alguém precisa me ajudar... por fav... eu... preciso..."

O centauro difere o primeiro golpe com suas correntes nas costas de Emm. O que parecia ser somente correntes, eram brasas vivas que estalavam no contato da pele. Ela urrou - quase engasgando com a saliva - de dor, e repetiu os gritos agoniantes nos próximos golpes que o centauro distribuiu.

"Eu estou com medo de morrer, puta que pariu... por quê? Ele está me batendo com t... tanta força... isso dói... eu quero morrer. Não quero mais sentir es... essa dor... insuportável."

Uma outra figura aparece na sala. É a mãe, sentada no chão, lendo sua bíblia e observando a sua filha sendo brutalmente espancada por um demônio irado. Ela parece orar, mas dessa vez não ora por uma coisa simples. Ela chora - mas as lágrimas foram trocadas em sangue - para que seja libertada do mesmo lugar onde o centauro possa ter vindo.

Ela também culpa Emmat.

Aquilo era um pesadelo - Não podia ser real. A dor era tão intensa, tão gigante, tão imensa que pela primeira vez, ela não tinha mais forças para encarar o centauro e para disputar contra Deus. Pediu para morrer, pediu que a perdoasse por tudo o que fizera contra tudo e todos. Ela tentou prender a respiração em meio ao seu sofrimento, ao seu sangue derramado no carpete persa, ao seu choro infantil, ao seu desespero em acabar com aquela porra logo e sumir dali.

- Ela deve ter desmaiado... - Uma voz próxima a Emmat clama. - Você está bem?

Dream Needles  (Romance Lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora