Mesinha de Chá

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Rosita chegou muito tarde do que Jade imaginava. Eram três e quarenta e cinco no momento em que a porta se abriu, junto com o som de passos pesados e muita fúria. Ela havia ido ao bar encher a cara e quando voltava, discutia com a irmã até as cinco da manhã. Era sorte se a casa não ficasse destruída depois disso.
- Qual o motivo de ter chegado tão tarde assim, Rosita? - Jade descia das escadas para ver como Rosita estava.
- Eu bebi pra caralho. E eu não tô pra briguinhas agora, Jade. - Rosita a empurra. - Quero aquela junkie embora daqui essa noite.
- Quem vai embora daqui é você. - Jade fecha o rosto. - Pega as suas malas lá em cima e sai daqui.

Rosita desfere um soco forte no rosto de Jade, a derrubando e deixando um roxo no olho esquerdo. Logo em seguida, puxou uma Magnum da cintura e a destravou, mirando na sua própria irmã caída em prantos.

- Quem vai embora pro céu é você, sua vadia porca. Começa a orar, Maria. - Rosita anda mais alguns passos, ficando frente a frente com ela e, puxou o rosto da morena na arma, encaixando a sua boca no cano. - Paga um boquete pra mim, irmãzinha. Hein?
Não é você quem gosta de vagabundo?

Emmat espiava tudo da parte de cima da escada e ao avistar Jade, desceu em disparada sob cada degrau. Apertou os punhos e derrubou Rosita para o chão, jogando a arma para longe.
As duas brigaram, tentando socar uma a outra. Emmat ficara em cima de Rosita, aprofundando as mãos brancas no pescoço fino de Rosita e, distribuindo porradas fortes, teve êxito em estourar o nariz dela. Por descuido de Emmat, Rosita conseguiu girar e ficar por cima da junkie que não parava de lutar e tentar - em vão - se salvar da surra que estava tomando.

Jade ficou paralisada pelo medo e culpa. Não sabia o que fazer.
Via ali que Emmat estava prestes a morrer para a irmã que mal demonstrava remorso nas feições e não havia força para enfrentá-la. Rosita começou a sufocá-la, deixando Jade ainda mais desesperada.
Emmat estava roxa. Tinha espasmos exagerados para recuperar o ar impedido de entrar nos pulmões, os olhos estavam saltando lágrimas para fora e possuía suspiros envoltos de fraqueza. Queria ter ajudado Jade a se livrar da irmã, mas não tinha jeito. Ela iria morrer e Jade, infelizmente, seria a próxima. Tinha certeza disso, mas Jade provou que nada disso foi previsto para acontecer as duas naquela madrugada.

Jade atirou em Rosita.
Tremeu, mas atirou.
Suou frio quando apertou o gatilho, mas viu que tinha que salvar quem tentou a salvar.
Após o tiro, os pulmões de Emm jamais haviam respirado um ar tão puro na vida toda. Jade correu até Emmat, novamente em prantos.
- Emm! - Jade segura o corpo da amiga nos braços, trêmula e inquieta.

Jade encobriu Emmat com amor. Ela não sabia o que era amor, mas Jade havia mostrado para ela ali o que o amor fazia. Fazia as pessoas se amarem mais. Fazia a vida doce. Fazia você se importar mais com as pessoas do que com a si mesmo.
- Se você estiver bem, eu estarei bem. - Emmat sorri.
- Eu estou bem. Obrigada Emm. Como posso te agradecer por isso tudo?
- Enrole o corpo da sua irmã no carpete e o levamos para o carro. Precisamos nos livrar dele esta noite para que não levantem suspeitas. - Emmat olha para Jade, demonstrando uma calma psicopática. - Não quero que isso pareça doentio, Jade. Mas precisamos fazer isso. Nos livramos dessas roupas que estamos usando, voltamos e dormiremos. Tudo bem para você?
- Sim. - Jade confirma.

Ambas levam o corpo de Rosita para o carro, jogam num poço, queimam as roupas que usavam e voltam para casa.
Emmat terminou a noite agarrada com Jade.

Dream Needles  (Romance Lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora