Dream Needles (Romance Lésbico)

Um Pedaço de Mim

Era real. Não era? Era...
Emmat indagava a cada minuto que o ponteiro do relógio, responsável pelo tempo, andava. Enquanto Jade e Rosita mantinham-se quietas com a boca fechada, ela chorava - o que seria normal para ela, mostrara-se uma anormalidade para as irmãs que a acolheram.

Inquietamente o tempo passava. No curto espaço do quarto, o silêncio já não era o único presente... o problema é que ele sempre falava demais com Emm e ela tentava o ferir, pelo menos um pouquinho... mas nunca conseguira.
Jade é a primeira a se pronunciar.

- Emmat.

Era uma tentativa de fazer com que ela ajudasse aquela menina chorona e a fizesse entender que tudo aquilo, de fato havia acontecido. Jade via um rastro de luz em Emmat inigualável, onde jamais houvera confiança em uma pessoa tão desconhecida e distinta. Durante o tempo que Emmat levantou os olhos, ela sorriu brevemente, mostrando que ela poderia chorar o quanto precisasse, se claro, isso a deixaria melhor.

- Quero que melhore logo, você tem que sair daqui.

Rosita, pelo seu lado, estraçalhou tudo o que Jade havia plantado naquele momento. A irmã se irou, pois Rosita sempre foi assim; direta e arrogante. Sua convivência com ela só era boa porque, mesmo que Rosita fosse bem mal educada, precisava de alguém para a ajudar até o término da faculdade.

- Ela vai ficar o tempo que precisar, Rosita. - Jade proclama. - Se quiser, pode voltar para Los Angeles.
- Daqui a alguns dias, eu vou. Se é assim que você quer...

Rosita sai do quarto. Sem avisos.

As duas estão ali. Emmat e Jade. Ambas estão ligadas no mesmo cabo, na mesma linha, no mesmo canal. O silêncio forma um alvoroço entre as duas, inspirando coragem o suficiente para que Emmat pronunciasse algo.

- O que aconteceu comigo, Jade? O que aconteceu? As coisas não são como estavam antes. Acho que não entende... ninguém me entende.
- Eu não te entendo, Emmat, mas posso tentar. Nada é tão difícil que possa ser praticado. - Jade anda na direção da menina, apalpando o seu rosto e acariciando-o docilmente. - Quero que saiba que está bem aqui, as coisas vão ser diferentes para você.
- Eu pensei isso, quando vim para essa cidade. Mas nada mudou. As coisas só pioraram e, eu preciso me mudar novamente. - Emmat se encolhe no outro lado da cama, tampando o rosto. - Eu vou ficar aqui até Rosita querer me ver.
- Fico com você - Jade retruca, ocupando um espaço da cama - e logo após isso, farei alguma coisa pra você comer.

As duas logo adormecem, abraçadas. Emmat não havia imaginado em como adorou ter Jade em seus braços naquelas horas. Ela era inteligente, sabia como conhecer as pessoas e tratava todos igualmente. Além disso, Jade tinha uma fisionomia exótica se comparado a outras meninas que conhecera; pequena, corpo violão, morena, cabelos longos e lisos, portando olhos verdes-amarelados. Qualquer homem iria fazer de tudo pelos seus carinhos.

Já Rosita poderia ser uma mulher que todo homem a desejaria, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Possuía cabelos loiros e ondulados, olhos verdes-escuros e um corpo de dar inveja em qualquer uma. As maçãs de seu rosto pendiam sob a pele rosada, destacando seu sorriso branco. Estava fazendo medicina; o seu maior sonho em anos.
Jade e Rosita não se pareciam nem um pouquinho.

Horas depois, Jade desperta Emmat a avisando que Rosita havia saído. Ela acorda, tomando uma breve ducha no fim do dia quente e seco. O clima estava estranho, combinando com o que havia entre Emmat e Jade.

Emmat a desejava muito.
Precisava dela.
Precisava daquele abraço.
Precisava beijá-la.
Precisava despir-a e provar de tudo que aquela garota tinha.

Jade estava na cozinha revirando alguns utensílios. Mal Emmat havia entrado ali e já tinha visto o que era demais: Jade estava usando um short curto por causa do calor e uma regata exageradamente curta. Ela estava de quatro, procurando nos armários de baixo algum recipiente para cozinhar.
Emmat suou frio.
- Preciso de sua ajuda - ela disse, apontando para os pratos na pia -, quero que seque aqueles pratos e os guarde no armário de cima. Poderia fazer isso?
- Sim, claro que posso! - Emmat se animou com o pedido. Diretamente ela seguiu aos objetos, apalpando um pano e os secando.

- Rosita nunca secou nada pra mim. - Ela, agora se apoiando no balcão com o recipiente que havia achado, pusera as mãos no cabelo liso. - É legal da sua parte estar fazendo isso pra mim, mesmo que nos conhecemos há poucas horas.
- É, você faz muitas coisas para ela... vi isso enquanto estava apagada na cama.
- Então... me conte mais sobre você e San Martinno. Seria incômodo saber dessas coisas? - Jade questiona.

Uma pausa vorpal perfura tudo e todos daquele lugar.
- Não seria nem um pouco. Venha; irei te contar tudo o que quiser ouvir. - Emmat sorri e molha os lábios, outrora secos. - Tudo começou quando...