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De manhã, Emmat acordou com a agulha e linha na mão. Ela havia dormido cosando as roupas do jazido Nicholas para vestir, pois ainda estava com as roupas do CTSM. Emmat também encontrou um coturno melhor do que os que usava e logo quis prová-los; mas ao invés de conforto, teve de colocar jornal no encontrado.
As roupas serviam-lhe com perfeição. Os cabelos, mesmo penteados com a ponta dos dedos machucados, deixavam o rosto mais discreto. O coturno agora estava desamarrado, um estilo 'grunge' que a garota adquiriu. Era só isso que havia mesmo, deveria aproveitar - pensou. Agora, deveria criar um modo de que não suspeitassem da sua identidade. Com os óculos escuros no rosto, Emmat seguiu para o centro da cidade.

Várias superstições passavam pela mente. Não sabia se deveria reservar um hotel ou até mesmo arrumar emprego, mas não havia documentos para isso. Tomou rumo para a cafeteria e depois pensou em fazer compras. Quando conseguisse, falsificaria os documentos e praticaria essas coisas. Mas no momento, queria descobrir Derbyshire nos mínimos detalhes.
Os cabelos voavam na cabeça rebelde; rebeldia que fora adotada desde os 12. A mãe da menina era bastante religiosa e estabelecia limites, mas Emmat sempre provocava a mãe não realizando-os. Emmat já chegou ao ponto de se masturbar em cima de uma imagem de Cristo crucificado. Como a "freira" resolvia tudo, colocou luvas sem dedos para impedir esse tipo de "promiscuidade" da filha e como todas as vezes, Emmat ganhava e ria incessantemente. Julgou até mesmo Deus por ser tão rebaixado à ela.

Emmat estacionou a picape ali perto, desceu e entrou no estabelecimento. A cafeteria possuía um ventilador de teto e um cheiro forte de pães e café, o que fez Emmat despertar o paladar. Quando deu o terceiro passo, foi atendida por uma mulher loira - que havia traços pouco horrendos, pela maquiagem - e se sentou na sétima mesa. Analisando mais o ambiente, as plantas eram a decoração mais utilizada no lugar todo. As paredes empapeladas com um papel de parede vintage relevavam o chão branco, ambos se encontravam amarelados. Emmat se lembrou da sala branca com a porta prateada, que havia uma cômoda verde ao lado da sua cama. O cheiro de cloro do piso ainda impregnava seu rosto, já chorou tanto naquele piso que esquecia até quantas vezes. O teto com uma pequena lâmpada fluorescente iluminava os seus medos e suas ansiedades.

E o seu diário, ah, seu doce diário...

Dream Needles  (Romance Lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora