Capítulo Cinco (Parte I)

5.4K 510 111
                                    


O dia seguinte amanheceu mais quente – percebi assim que acordei, pois os raios de sol já estavam penetrando o quarto. Relutei em sair da cama e, quando o fiz, percebi que todos os músculos do meu corpo estavam doloridos, principalmente os das pernas, parte que o vestido não cobria. Resultado de uma noite fria! murmurei. Decidi então tomar uma ducha morna, tentando afastar toda aquela preguiça do meu corpo. Deu certo.

            Caminhei em direção à varanda da casa e logo avistei nonna Francesca e nonno Enrico tomando café e rindo sobre alguma coisa. Imediatamente, senti o meu coração acalentado por estar ali, tão pertinho deles.

            Os meus avós tinham personalidades bastante diferentes, mas formavam o casal mais apaixonado que eu já teria conhecido. Enquanto nonna era mais séria e estava sempre preocupada com alguma coisa, nonno Enrico era mais leve e tinha um humor aflorado. Entretanto, ambos eram extremamente carinhosos comigo.

— Acordou, querida? – perguntou-me nonno Enrico – Sente-se conosco e venha tomar o seu café. – bateu na cadeira ao seu lado e assim o fiz.

            Uma das lembranças mais fortes dos meus tempos na fattoria era o capricho da nonna Francesca em pôr a mesa para as refeições, sempre de forma impecável. Naquela manhã, não foi diferente.

— Eu nem acordei com muita fome, nonna, mas só de ver essa mesa posta – suspirei – a vontade aparece.

Grazie, minha neta.  – ela sorriu e afagou meu queixo. Fechei os olhos com aquele carinho. – Como foi ontem à noite? – perguntou-me colocando um pouco de leite na xícara a minha frente.

— Foi ótimo. – respondi sorrindo. – Os amigos do Pietro são bem atenciosos. -decidi não comentar o aparecimento da Paola.

— A Valentina estava por lá? – vovó me perguntou enquanto dava uma garfada no seu bolo de cenoura.

— Sim. Inclusive, gostei bastante dela. – respondi servindo-me de uma fatia do bolo da nonna. Era indescritível o sabor.

— Ela é realmente um amor. – falou por fim.

            Assim que terminamos o café, ajudei nonna Francesca com a louça e o nonno Enrico foi se arrumar para uma partida de tênis com os amigos, já que era sábado e ele estava de folga. Eu admirava muito a forma como ele levava a vida, sempre responsável com os negócios da fazenda, mas nunca deixando o lazer de lado. Eu deveria aprender com ele.

            Próximo a hora do almoço, decidi ligar para os meus pais e avisá-los que estava tudo bem comigo e com os nonnos e aproveitei para matar a saudade. Babbo Cesare me informou do movimento do restaurante e lamentou o quanto estava sendo difícil conseguir deixar a cozinha organizada sem a minha ajuda. Mamãe, por sua vez, contou-me sobre os seus mais novos projetos de arquitetura, me fazendo opinar entre alguns tipos de tecido e papeis de parede que seriam usados em um deles. No final, os dois lamentaram a minha falta, mas se mostraram felizes por eu estar em San Gimignano depois de tanto tempo.

            Nonna Francesca e eu já estávamos decidindo o que serviríamos no almoço quando o nonno Enrico chegou da sua partida de tênis e sugeriu que fôssemos almoçar fora. "Ainda não consegui passear com minha neta querida pelo centro de San Gimignano" era o que ele usava para nos convencer a sair. Nem preciso falar que havia sido a melhor opção, pois nonno Enrico nos levou a um típico restaurante italiano e lá saboreamos a melhor macarronada que eu já havia experimentado. Era isso que eu estava ávida para vivenciar em Londres.

            Enquanto caminhávamos por San Gigminano, resolvemos saborear os maravilhosos gelatos italianos e foi lá que encontramos a mamma do Pietro:

AntonellaOnde histórias criam vida. Descubra agora