Capítulo Cinco (Parte II)

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Eu estava pronta para ligar para a Valentina cerca de vinte minutos antes do programado, explicando a ela que não iria, mas a ruiva, ao contrário de como me comportei com o Pietro, insistiu para que eu fosse e no final eu já não tinha mais como dizer "não". Confirmada a minha presença, Valentina combinou que Bernardo e Matteo me pegariam em casa às 20h, visto que nonno Enrico não conhecia o endereço e tratei de me arrumar, antes que eu me atrasasse.

            Quando contei sobre o convite a nonna Francesca e ao nonno Enrico, eles não conseguiram conter a animação em saber que eu estava fazendo amigos italianos. "Quem sabe assim você vem até a Itália mais vezes, Ann" era o que vovô repetia. Rolei os olhos. O maior motivo de eu querer ir para a Itália sempre seria a minha família.

— Já estou indo! – avisei assim que ouvi a buzina de um carro.

— Pode me ligar na hora que for para te buscar. – nonno Enrico respondeu.

— Não se preocupe com isso, nonno. Eu peço para alguém me deixar aqui em casa, va bene? – respondi já me direcionando a escada que dava acesso ao portão de madeira.

            Bernardo buzinava incessantemente assim que me avistou descendo as escadas. Dei um riso frouxo com aquela atitude, porque era óbvio que só mostrava o quanto ele estava animado em me ver. No banco do carona, Matteo se divertia com a atitude do amigo, acenando para mim algumas vezes.

— Vocês não sabem mesmo esperar? – perguntei assim que me aproximei do carro e Bernardo e Matteo gargalharam.

— Quando se trata de belas garotas, a resposta é não. – Matteo respondeu e eu rolei os olhos. Ele era bem engraçado.

— Qual o seu problema, Mat? – Bernardo perguntou com os olhos arregalados ao ouvir a resposta do amigo. O ruivo parecia indignado com a cara de pau do amigo.

            Algo me diz que o caminho será longo... E bem divertido presumi.

            Durante o caminho, Bernardo e Matteo já estavam mais controlados e conversavam como pessoas dignas de 23 anos de idade. Bernardo, assim como Valentina, demonstrou sua paixão pela profissão de médico, enquanto Matteo me contou que havia se formado em Jornalismo, chegando a citar a sua colega de turma, a Paola, algumas vezes.

             Nos momentos que a loira foi citada, senti que Bernardo e Matteo se limitaram a falar da proposta de emprego que ela havia aceitado, sem adentrar na relação dela com o Pietro – uma atitude que deveria ser admirada, já que eles eram amigos.

            O percurso durou cerca de vinte minutos até chegarmos à casa dos gêmeos e assim que o fizemos, percebi como a arquitetura do imóvel tinha influências norte-americanas. O acesso à entrada principal contava com um caminho de pedras rodeado por uma grama verde bem cuidada. As paredes todas estavam pintadas num tom lavanda, enquanto as portas e as janelas estavam pintadas de branco. Naquele momento, tive certeza que mamão acharia as escolhas de muito bom gosto.

            Bernardo estacionou o carro na garagem e logo já estávamos na sala de estar da casa. No sofá, Valentina e Conrado gargalhavam de algum programa que passava na televisão. A ruiva tinha a cabeça recostada na curva do pescoço do moreno, enquanto ele passava a mão pelos seus cabelos.

— Não acredito no que estou vendo! – Bernardo exclamou e Valentina e Conrado levantaram do sofá num súbito. – Olha só isso, Matteo! – Bernardo brincava e Valentina já tinha as bochechas da cor dos seus fios de cabelo.

— Que engraçado, Bernardo! – ela rolava os olhos já se pondo ao meu lado, enquanto Bernardo e Matteo perturbavam o Conrado. O baixinho parecia igualmente envergonhado e só então percebi que ele estava usando óculos de grau. – Buonanotte, Ann. Que bom que você veio! – ela me abraçava de lado.

AntonellaOnde histórias criam vida. Descubra agora