Capítulo Dez

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Estou adiantada, mas só porque amo esse capítulo!

            Eu até consegui pegar no sono algumas vezes, mas, em todas elas, não consegui adormecer por mais de quinze minutos. E o pior é que nem dava para reclamar do tempo: a noite estava bem fria. Revirei na cama algumas vezes, tentando voltar a dormir, enquanto a ruiva tinha um sono pesado e totalmente tranquilo. Os fios vermelhos se espalhavam pelo lençol da cama e Valentina parecia até mais branca sob a iluminação da lua vinda da varanda.

Eu até tentei ligar para a Lexie, pois sabia que, certamente, ela estaria na casa do Louis junto com o Liam até àquela hora, mas ela não atendeu nenhuma das minhas chamadas. Dei-me por vencida e decidi beber um copo d'água.

No caminho do quarto até a cozinha, percebi uma luz forte e presumi que os garotos haviam esquecido a TV ligada, mas foi um Pietro sonolento que eu encontrei, esparramado no sofá:

— Bem vinda ao Clube Dos Que Não Estão com Sono! – ele sorriu a me ver, enquanto eu esfregava os olhos, incomodada com a luz da televisão.

— Achei que todo mundo já tivesse ido dormir. – dei de ombros, enrolando-me na colcha que eu trouxe da cama e indo em direção à cozinha.

— Dormir fora de casa sempre foi um problema para mim. – ele deu risada, se ajeitando para que eu pudesse sentar ao seu lado no sofá.

— Que bom que eu não sou a única nessa casa. – falei, dando o último gole na água e deixando o copo na mesa de centro à nossa frente. – E aí, algo de útil passando na TV? – perguntei apontando para o aparelho à nossa frente.

Non, já estou ficando entediado. – respondeu com sotaque e eu não consegui conter o sorriso que insistia em se formar em meus lábios.

Non. – imitei o sotaque dele, gargalhando logo em seguida. Ele revirou os olhos.

Um longo silêncio se fez. Tentei encontrar algo legal para assistirmos na TV, observando de soslaio um Pietro sonolento ao meu lado. Depois de tanto procurar um canal interessante, acabei retornando ao primeiro que estava passando quando me sentei ao lado do Pietro:

— Está frio! Vou pegar uma colcha no quarto, espere um minuto. – ele avisou, encolhendo-se com o vento gélido e indo em direção ao quarto que ele dividia com o Conrado.

Por algum motivo, a pergunta da Valentina ecoou na minha cabeça naquele momento, mas não tive tempo de raciocinar sobre, porque logo avistei Pietro se aproximando, trazendo a colcha e um objeto metálico nas mãos.

Quando ele se sentou ao meu lado novamente, pude perceber o quanto os seus olhos ficavam menores à noite e a como a íris verde se tornava mais cintilante, devido ao reflexo da televisão. Pietro pareceu não notar o quanto eu o observava, pois não tirou os olhos do que estava passando um minuto sequer. Não demorou a que a minha visão fosse direcionada ao objeto metálico ao lado da dobra da colcha e a curiosidade me invadisse:

— Isso é uma gaita? – indaguei curiosa, aproximando meus dedos do objeto. Pietro confirmou, virando-se para me olhar.

— Quer ouvir alguma coisa? – ele tomou o instrumento da minha mão, brincando com o mesmo.

— Eu iria amar, de verdade, mas já está tarde, o pessoal pode acordar. – lamentei.

Gaita, para mim, era um dos instrumentos com o som mais lindo. Eu amava quando o Firmino e o meu nonno tocavam-na à noite, próximo do horário de dormir, para todas as crianças da fattoria, enquanto o Pietro arriscava algumas notas.

AntonellaOnde histórias criam vida. Descubra agora