Capítulo Vinte

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Depois de todo o clima criado com o papo sobre a minha volta a Londres, Pietro e eu prometemos não tocar mais naquele assunto enquanto eu ainda estivesse na Itália. O problema é que aquela era aquela minha última semana na fattoria e, ainda que eu tentasse evitar, o assunto sempre dava um jeito de aparecer na minha mente. Normalmente, eu conseguia disfarçar o incômodo para a nonna e o Pietro, mas, dessa vez, a Lexie não me deixou escapar:

— Estou com tantas saudades, sweetie! Já está na hora de voltar, não acha? – declarou animada de um jeito que fez os meus tímpanos doerem. – Falando nisso, vou te buscar no aeroporto, okay?

— Claro. – respondi num tom de voz nada animado.

— Nossa, Ann! Você nem parece animada em me ver novamente! – murmurou e eu tinha certeza que ela estava rolando os olhos naquele momento.

Não era isso. Eu estava muito animada em ver a Lexie, o Louis e os meus pais novamente. Quer saber a verdade? Eu estava morrendo de saudades da minha casa, das saídas com a Lexie – e até mesmo de resolver as suas brigas de casal com o Louis -, do dia a dia do restaurante e dos mimos da mamãe, mas eu também estava sentida de ter de deixar boa parte do que (re)conquistei nesses três últimos meses.

San Gimignano trouxe de volta a presença da nonna Francesca e do nonno Enrico, duas das pessoas mais importantes da minha vida. Durante aqueles três meses, eu tinha feito amigos que levaria para a vida toda: Valentina e o seu jeito – desumanamente - responsável; a dupla irreverente composta por Bernardo e Matteo; a ternura do Conrado e a paz do Pietro.

Ah, Pietro!

— Eu estou, Lexie. Muito. – respondi, mas ouvi um estalo impaciente do outro lado da linha.

— Vai me contar o que está acontecendo ou eu posso desligar e voltar a brigar com o Louis? – perguntou e eu gargalhei.

Lexie ainda não sabia do Pietro, embora eu imaginasse que ela tinha lá as suas desconfianças, então, eu contei tudo que havia acontecido durante aquele tempo na Itália. Contei o quanto eu lutei para não me envolver, o quanto eu sentia que aquilo magoaria a nós dois e o quanto eu estava sentindo em ter de deixar tudo isso para trás.

Desde o término com o Liam, eu duvidei que pudesse me envolver com alguém tão intensamente novamente. Pelo menos, não tão cedo. Liam era o meu melhor amigo, o meu confidente, o meu irmão. Eu o conhecia como a palma da minha mão, amava todas as suas qualidades e compreendia todos os seus defeitos. Nós dois tínhamos uma ligação tão forte que chegava a ser estranho tentar entendê-la. Então, era por esses e outros motivos que eu achava difícil conseguir amar alguém como eu o amava, porque, mais difícil do que deixar isso acontecer, é ter que abrir mão desse sentimento. Eu já conhecia aquela dor e não tinha o interesse de repetir a dose.

É ai que o Pietro aparece, negando todas as minhas teorias, pondo a baixo todas as minhas fortalezas e me mostrando que, por mais que eu tentasse, seria difícil perder aquela batalha para as borboletas no estômago que surgiam todas as vezes que ele me olhava.

— Antonella! Eu nunca imaginei que você teria um amor de verão! – brincou e eu rolei os olhos.

— Estamos no outono, se quer saber... – comentei e ela gargalhou do outro lado da ligação.

Whatever, baby! Seja qual for a estação, eu nunca imaginei que você voltaria a se apaixonar. Quer dizer, você e Liam era aquele tipo de casal que eu tinha absoluta certeza que casariam e então você me disse que não estava mais apaixonada por ele... – comentou e eu tive que concordar. – Okay, mas deixa o Liam fora disso antes que a situação piore. Mas e então, você já sabe o que vai fazer?

AntonellaOnde histórias criam vida. Descubra agora