CAPÍTULO 12 RYAN

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É como se você estivesse gritando, e ninguém pudesse ouvir. 
Você quase sente vergonha, de alguém que possa ser tão importante. 
Que sem essa pessoa, você se sente um ninguém. 
Ninguém nunca entenderá quanto dói 
Suas esperanças acabam, como se nada pudesse salvá-lo
E quando tudo acaba, você quase deseja que pudesse ter todas as coisas ruins de volta. 
Para poder ter também o que era bom.
(Rihanna - We found love (Texto).

- E então, ela viu as rosas? Gostou do cartão? - Perguntei empolgado que nem um adolescente boboca.

- Ela viu as rosas. Deixou-as no escritório e quanto ao cartão... Ela o jogou fora. - Richard respondeu me olhando. Talvez esperando minha reação.

Por dentro, eu sentia como se tivesse sido nocauteado. Por fora, eu tentei mostrar que estava muito tranquilo. Mas, Richard me conhece muito bem; claro que ele não me força a sair surtando, mas ele sabe exatamente que estou me matando por dentro. Elena era complicada, ás vezes ela me surpreendia. Outras, ela me mostrava exatamente pra que veio. E ela me surpreendeu jogando o cartão fora, claro que eu não esperava que ela me recebesse de braços abertos, mas também não esperava que ela fosse agir daquele jeito.

- Vai desistir? - Richard buscou meu olhar perdido. Olhei em sua direção e sorri de canto.

- Não, não vou desistir. Você me conhece bem... - Fiquei por alguns minutos pensando em alguma forma de poder vê-la e então lembrei da ultrassom que teria hoje. - Elena tem ultrassom hoje, não é?

- Lara comentou comigo que iria com ela.

- Não vai mais. - Rebati e peguei o celular. Disquei o número de Elena, ela atendeu depois de alguns toques. Acho que estava pensando se devia ou não atender.

- Oi Ryan.

- Olá, Elena. Como vai?

- Bem e você?

- Estou... Indo. Hoje tem ultrassom não é? Eu gostaria de participar. - Falei, esperando uma resposta relutante.

- Tudo bem. Te encontro ás três na clínica de sempre. Era só isso? - Outra surpresa.

- Era, era sim. Te encontro lá. - Desliguei o telefone e o Richard parecia tão chocado quanto eu.

- Ela simplesmente aceitou?

- Louco, não é? Ela nem mesmo contestou. - Olhei pro nada. Tinha algo diferente na Elena. Não sabia dizer se isso era bom ou ruim.

O dia passou se arrastando. As três horas pareciam não chegar nunca. Eu estava totalmente ansioso e rezando pra que eu conseguisse conversar com ela normalmente. Quando deu duas e meia, corri pra clínica. Não era tão longe, cheguei dez minutos mais cedo e fiquei esperando-a. Quando eu a vi, meu coração disparou e eu parei de respirar. Estava fodido! Ela chegou perto de mim e me saudou, entramos juntos na clínica. Não estava muito cheio então logo ela foi chamada, entramos juntos no consultório da doutora.

- Vamos ver as preciosidades de vocês. Estão ansiosos com a chegada do grande dia? - A Dra. Samantha perguntou.

- Um pouco nervosos. - Respondemos em uníssono. Eu olhei para Elena e ela que também estava me olhando, logo desviou o olhar. Que clima tenso!

No percorrer da consulta, eu chorei, feito idiota, ao ver duas coisinhas se desenvolvendo e depois fiquei sabendo que uma delas se chamaria Grace, chorei um pouco mais. Elena me olhava e ria. Meu coração se inchou na pequena possibilidade de que ela estava reconsiderando. Quando saímos da consulta, ofereci carona e vi uma oportunidade de conversar.

- Elena, eu sei que não é uma boa hora. Ou talvez seja. Depende do ponto de vista. Mas eu quero me desculpar, por ter sido tão rude naquele dia.

- Você só agiu como eu, Ryan. Doeu em mim e deve ter doído em você também. - Ela parou de falar e olhou em minha direção. - Não quero pensar em mais nada agora, só quero poder mudar meu jeito de agir, porque eu vou ser mãe, preciso ser boa nisso.

- Está querendo dizer que vai continuar longe? - Perguntei um tanto aflito.

- Estou, Ryan. Eu amo você e é pelo fato de te amar que preciso ficar longe. Somos os nossos próprios vilões, não existe ninguém pra nos sabotar, apenas nós mesmos e eu preciso saber se nós devemos lutar contra isso.

- Eu quero, Elena. Eu amo você, luto com qualquer coisa que esteja impedindo você de voltar pra mim!

- Estará lutando contra mim, Ryan. - Perdi meu ar.

- Elena, por favor. Eu estou morrendo sem você, a falta que você me faz é destruidora. E nada ao meu redor irá fazer sentido se você não voltar pra mim! - Falei, sem poder olhar pra ela porque estava dirigindo. Esperando que ela pudesse ver os sinais. Quando consegui olhar em sua direção, ela estava de cabeça baixa.

- Ryan, por favor. Apenas me deixe. - Chegamos na Young Move e ela já estava saindo do carro quando eu a segurei pela mão.

- Eu não vou desistir de você, Elena. De nós. Eu te amo e espero que saiba disso. - Avisei olhando em seus olhos.

- Tchau, Ryan. - Ela puxou sua mão e e saiu do carro sem olhar pra trás. Partindo o que sobrava do meu coração.

Antes de ir pra casa, passei numa loja e comprei um presente pro David. Diante de toda a confusão, quase esqueci que hoje era o aniversário de treze anos dele. Fui pra casa da minha mãe, onde estava rolando uma festinha. Eu o abracei com força e entreguei o presente. Era uma câmera fotográfica de última geração. David gostava de tirar fotos e eu queria dar algo que pudesse fazer ele aprimorar o seu dom. Ele adorou e me agradeceu muito. No decorrer da festa eu fiquei em um canto sozinho observando meu sobrinho de longe, minha mãe se sentou ao meu lado e pegou em minha mão.

- Seja o que for que tenha acontecido com vocês, filho, não desista da Elena. - Me deu um sorriso reconfortante, beijou minha testa e me deixou sozinho novamente enquanto pensava em tudo o que Elena havia me dito, chegando a conclusão que mesmo com tão pouca possibilidade de volta, eu iria lutar pra ser feliz ao lado da mulher da minha vida; mesmo que aquela fosse a última coisa que eu fizesse eu a teria de volta.

Paixão AvassaladoraOnde histórias criam vida. Descubra agora