Capítulo 35

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Boa noite!
É uma história! É ficção! Lembrem-se que não é o que EU PENSO, é o que os personagens pensam! Muitos pensamentos são meio loucos, desconexos, ok?


D. MARIA

A dor de uma mãe que perde um filho.

Não é uma dor de uma topada em uma quina de um móvel.

Não é uma dor de dente infeccionado.

Não é uma dor de barriga forte ou uma de ouvido.

É uma dor no coração e não no órgão "físico".

É uma dor na alma. É uma dor física, mental, espiritual, carnal...

É a maior das dores.

E todos nos dizem "eu te entendo"; "eu sinto sua dor"; "eu compartilho a sua dor".

E, por mais consoladora que a pessoa que diz isso quer ser, por mais que ela tente te consolar e tentar te deixar melhor...

Ninguém imagina.

Ninguém mensura.

Ninguém calcula.

Essa é só de quem sente. É uma dor que parece que rasga o peito, na realidade não parece rasgar.

Ela rasga.

Ela arranca um pedaço.

Ela mata um monte de pedaços.

Ela não passa... e tenho certeza que nunca vai passar.

Há sempre aquela esperança de que é apenas um pesadelo e a gente vai acordar e seu filho está lá: lindo, saudável, alegre... e quando você acorda e a realidade bate novamente, a gente morre mais um pouco, como se fosse possível.

Foi assim comigo. Tem sido assim comigo e tenho certeza que vai ser assim até o último dia da minha vida, não que eu tenha vivido... eu tenho apenas sobrevivido, a duras penas.

Ninguém está preparado para perder um filho. Eu não estava preparada para perder minha Malu. Não daquela forma. Não sem poder me despedir.

Sei que fui errada e injusta com a minha neta.

Ela realmente existe?

Eu não quis saber o que tinha acontecido e acredito que mesmo que soubesse naquele momento, minha conduta não seria diferente. Tenho esse tipo de pensamento sim. Sempre fui assim. Certa ou errada essa é a minha forma de pensar.

Essa sou eu? Eu sou assim?

Foi depois de tudo isso que caí nesse buraco de onde não consigo sair.

Minha filha realmente morreu depois de ter um bebê? Eu o reneguei? Eu o inventei?

Em alguns momentos tenho certeza que esse filho dela é de verdade, mas eu não o vi. Será que ele sobreviveu? Será que ele existe mesmo?

- A Malu teve mesmo um filho?


Sr. JOSÉ

- Sim, meu amor. – respondo pela milésima vez. Tem sido assim desde o "surto", a depressão. Desde a perda de nossa filha. - Nós temos uma neta.

- É uma menina?

- É sim.

- Como a Malu?

- Sim, uma menina como a Malu, mas nós nunca a vimos.

Sempre ao seu lado (Livro 2 : Série Transformados pelo Amor) #wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora