Capítulo 8

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RICO

Nossa turma é muito top mesmo. Eu não esperava outra reação deles a não ser essa: apoio incondicional e respeito, sem julgamentos.

A Alice está muito engraçada como mãe. Nunca imaginei que ela pudesse se portar dessa forma, ou melhor, imaginei sim, mas nunca em tão pouco tempo. Só tenho a agradecer.

Mi cielo...

Ela é uma caixinha de surpresas. E sei que ela guarda muitos segredos familiares, já que ela raramente fala sobre eles, mas isso vou deixar para quando ela quiser falar, como ela fez comigo.

Durante todo o percurso ficamos mais silenciosos. De vez em quando eu a olhava de lado. Leoa alternava momentos de seriedade e de sorrisos incontidos. Eu me sentia e me portava da mesma forma.

Estamos em um emaranhado de emoções e, como disse o Pde Zé Maria, nunca devemos deixar de acreditar no poder de Deus. Ele pediu que acreditemos no Deus do impossível e isso, somado a tudo que temos passado, mexeu conosco.

Não vou dizer que é fácil, que estamos preparados, porém nos sentimos mais fortes, mais amparados, se posso assim dizer.

- Namô?

- Oi, porcelana!

- Você vai ficar por aí mesmo? - disse toda engraçada. Ela já tinha tomado banho e eu nem tinha percebido. Talvez porque ela sempre fecha a porta ou porque eu desliguei mesmo.

Desde a hora que chegamos eu tinha me jogado no sofá e continuava por lá pensando sem parar.

- Eu também preciso de um banho, mas ainda estou pesado por causa daquela pizza.

- Também fiquei meio estufada, porque não estou acostumada. A gente não tinha como rejeitar os brindes que foram feitos mais de uma vez à saúde da Stellinha... inclusive com pizza! - riu da turma que ama comer. Eles são umas figuras!

Tomei um banho e aquele peso no estômago parecia ter se distribuído pelo corpo inteiro. O dia foi intenso, tenso, cheio de emoções.

Desabei na cama e ela apareceu carregando duas xícaras.

- Um chá digestivo. - esticou uma xícara para mim.

- Vamos brindar de novo?

- Sempre!

Depois do chá, vi que era observado por intensos olhos verdes, que, às vezes, parecem mudar de cor.

- Perdi alguma coisa? - perguntei e ela puxou a pasta.

- Não temos mais como fugir disso.

- E não fugiremos. Cada um vai ler silenciosamente?

- Sim. Acredito que não temos condições para fazer isso em voz alta.

- Concordo. - eu realmente não tenho.

"Querido e amado papaizinho,

Hoje foi a primeira vez que minha mamãezinha viu minha carinha. Na realidade ela disse que não me viu tão direitinho assim, porque ainda sou muito pequenininho. O doutor explicou tudo para ela, que ficou feliz por saber que estou do tamanho que deveria estar, porém não gostou nada dos nomes que os médicos dão para os fetos do meu tamanho. Ela perguntou se eu estaria do tamanho de uma abelhinha e, como ele falou que talvez estivesse, ela preferiu me chamar assim. Toda engraçada, conversando comigo, ela disse que se eu for um garotão (mesmo que ela sinta que não) depois ela muda o apelido e pode até me chamar de zangão nessa fase. Ela gostou porque abelha é amarela e preta... como você é clarinho e ela é escurinha... e eu sou uma misturinha, ela achou legal me chamar assim. Além disso, eu dou umas ferroadas na barriga dela, mas o médico falou que não é maldade minha, que de vez em quando pode dar uma dorzinha assim mesmo. Ele pediu que ela preste atenção em tudo e sempre fale com ele e com os amigos dele quando achar que tem alguma coisa errada.

Sempre ao seu lado (Livro 2 : Série Transformados pelo Amor) #wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora