Capítulo 1

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Mesmo sendo vizinho do Rodo de São Gonçalo, o Boaçú, que, junto ao bairro Portão do Rosa, tem aproximadamente cinquenta mil habitantes, é um dos bairros mais pobres da cidade. Bom, pelo menos metade do bairro é. Essa metade tem início na Ponte. O lugar recebe este nome pelo fato de ter uma ponte que dá continuidade à rua principal do bairro passando sobre o rio Imboaçú. Rio que passa por boa parte da cidade. Na margem dele foi construída a Igreja Matriz de São Gonçalo. A outra metade, a menos favorecida, tem término no Barenco, também conhecido como Zeca Madureira. O nome Barenco se dá pelo fato de que na divisa do Boaçú com o Portão do Rosa ter a Escola Estadual Monsenhor Barenco Coelho. A pessoa que dá nome a escola, atualmente está enterrada na lateral direita da Igreja Matriz de São Gonçalo. O segundo nome é por causa do proprietário da padaria que fica na esquina da rua principal, Rua Alfredo Bahiense, e a Praça João do Pulo, em frente ao Barenco. O seu nome era Praça Imboaçú, sendo alterado pelo decreto n.º 063 de 1.999. A primeira parte do bairro, que tem início no Rodo de São Gonçalo e vai até a ponte, se localiza numa região plana. Já a segunda parte do bairro, que vai da Ponte até o Barenco, está cercado de morros, totalmente dentro de um vale.

A rua principal, onde circula o transporte coletivo e demais veículos, está na parte mais baixa do vale. Tanto para a esquerda como para a direita dela só há morros. As ruas secundárias estão todas nesses morros, com algumas exceções. Elas são quase todas planejadas, não dando o caráter de favela. Isso se dá ao fato de ter sido o desmembramento de uma fazenda.

Essa parte do Boaçú é privilegiada por contornar a baía de Guanabara. Assim, uma coisa tem que ser dita, além do bairro ser bem arborizado, a vista do ápice de algumas ruas é linda. A Baía de Guanabara fica logo abaixo dos olhos, cercada pelos manguezais. Do outro lado da "poça", apelido carinhoso dado à baía de Guanabara, enxerga-se o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar e muitas outras belezas da cidade do Rio de Janeiro.

Mas todo esse olhar romântico, de quem viveu durante vinte e oito anos no bairro, é ofuscado pela violência marcada pelo tráfico de drogas e dos bailes funk comunitário.

Em nome de JoãoWhere stories live. Discover now