Capítulo 15

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Após todos os preparativos, eles seguem para o Boaçú. Seguem em dois carros até a praça XV. As armas estão em bolsas de viajem, junto de roupas e acessórios para disfarçar. Após descerem na praça XV entram nas Barcas. São 20 minutos de travessia. Ao chegarem a Niterói, dão de cara com uma estátua de um índio olhando para a baía de Guanabara. Fazem algumas piadas sobre o índio. Seguem para o ponto final do ônibus 422 da viação Mauá. Está escrito Ptão do Rosa. É uma abreviação de Portão do Rosa. Este bairro é vizinho do Boaçú, porém o ônibus percorre todo o bairro do Boaçú antes de chegar ao Portão do Rosa. Este nome se dá ao dono das terras desta região. As pessoas conseguiam chegar somente até o portão da família, de nome Rosa. Subiram para o ônibus e seguiram viajem. Mais ou menos uns quarenta e cinco minutos até chegarem a seu destino. João havia marcado um local com Orlando num lugar depois de onde rolava o primeiro ponto de venda de drogas, conhecido como Marrecão. Orlando alugou uma casa simples e a preparou para receber o pessoal. Quando eles chegaram à casa havia biscoitos, pães, café e mais algumas coisas. Também havia bebidas alcoólicas e drogas, muitas drogas. João se espantou com aquilo.

— Orlando para que isso? Você sabe que não uso drogas. Está querendo que o plano não funcione? Hoje ninguém bebe e nem se droga. Guarda tudo isso para depois. Na comemoração.

Orlando retira tudo e guarda. João apresenta Orlando aos integrantes do bando. Fala para todos que ele é um grande amigo. Todos ficam dentro da casa aguardando. A ansiedade é grande para alguns. Orlando fica andando de um lado para outro, apesar de ele não participar da hora H. Outros ficam manuseando as armas. Minhoca, Cobra e Pedrão ficam conversando sobre como vai ser, e sobre o que vai acontecer depois de assumirem a boca. Ninguém, em momento algum pensa que tudo pode dar errado. Que talvez este seja o último dia de suas vidas. Que tudo pode acabar daqui a algumas horas.

Chega o momento. Todos guardam as armas em mochilas. Pegam o rádio e fazem o último teste.

— Todos me ouvem? — Pergunta João.

— Sim. — Responde Minhoca, Pedrão e Cobra, quase que ao mesmo tempo.

— Ok. Então vamos. Orlando vai levar os grupos de Pedrão e Cobra e deixá-los posicionado como combinado. Quando estiverem no lugar certo, não se esqueçam de avisar pelo rádio. Eu vou deixar o grupo de Minhoca na posição e quando eu estiver em posição aviso.

Todos então começam a sair da casa. Todos arrumados ou de calça jeans ou bermuda comprida, e tênis. Usam camisa de malha com as mais variadas estampas. Caminham naturalmente, apesar de todos esses homens juntos levantam suspeitas. Pouco tempo depois eles se separam em subgrupos. João e Cobra entram na Rua 39, e Pedrão e Minhoca seguem na rua principal. Porém Minhoca vai para o lado oposto. Ele tem que chegar na ponte. Quando Pedrão está no Patrimônio ouve o rádio de Minhoca.

— João!

— Fala Minhoca.

— Chegamos na Ponte. Estamos posicionados no local. Vamos tomar uma água aqui para refrescar e esperar.

— Entendido.

Eles continuam a caminhada. E quando Chegam no campo de Dona Lourdes, João ouve o rádio de Pedrão.

— Fala Pedrão.

— Chegamos no Barenco. Vamos aguardar você dar a ordem.

— Ok.

A caminhada continua. Até agora tudo bem. Por último João e o grupo chegam ao Buraco da Cobra. Eles se posicionam, e João passa o rádio para os demais.

— Aqui quem fala é João. Já cheguei à base. Como estão todos?

— Aqui está tudo calmo. — Fala Pedrão.

— João, estamos bem. — Diz Minhoca.

Depois fica um silêncio.

— Cobra? Está ouvindo? — O silêncio continua.

— Cobra?

— Oi! Estamos bem. Foi mal pela demora. O rádio caiu.

— Ok. Aguardem todos.

Já são dez horas da noite. As ruas estão mais calmas. As pessoas de bem estão dentro de casa, ou saíram para curtir a noite. Ele coloca o outro rádio na frequência dos traficantes locais. Quando houve a confirmação da troca de locais, João fala no rádio.

— Pessoal chegou a hora. Não avisem e nem falem nada. Apenas atirem. Usem as metralhadoras e atirem. Atirem muito. Mate todos. Não se esqueçam de trazer a minha encomenda. Comecem.

Os moradores começam a ouvir tiros. Muitos tiros. Como João mandou, eles apenas chegaram atirando. Não conversaram e nem se identificaram. Atiram, atiram e atiraram. Foram muitas balas. Rapidamente os corpos caem pelo chão. Não teve muita emoção. Depois de uns cinco minutos de muito tiro o silêncio reinou. As pessoas que estavam em casa não saíram. Todos estavam com muito medo. Depois do silêncio os rádios começam a funcionar.

— João? Acabamos aqui. Diz Minhoca.

— Ok. Também terminamos aqui na base. Responde João. — Mais alguém na escuta?

Cobra e Pedrão respondem positivamente.

— Quero que em cada local fique um vigiando. Não é para ficar no local exato. Se escondam e me mantenha informado de tudo que está acontecendo. Os outros venham para a base.

Minhoca chega à base gritando:

— É nossa. É nossa.

Logo depois chegam Pedrão e Cobra.

— Cara que loucura. — Fala Cobra.

— Muito doido. — Comenta Pedrão.

— João, aqui seu presente.

Pedrão manda os comparsas aparecerem com o motoqueiro. João perde o controle. Fica eufórico. Começa a falar muito rápido e andar de um lado para o outro.

— Vamos. Sigam-me.

João vai andando pelas ruas com o seu pessoal atrás sem saber para onde ele está indo. Entre numa rua, e depois em outra. Vai caminhando até chegar ao campo da Rua 40.

— Traga ele até aqui. — Ordenou João.

O motoqueiro foi levado até o centro do campo, na marca onde começa o jogo. Ele foi posicionado de joelhos. João dispara um tiro para o alto e começa a gritar.

— Esse homem matou meu pai quando eu era uma criança ainda. Hoje ele vai morrer. Que sirva de recado para qualquer um que queira se meter comigo.

Em seguida João posiciona a arma na direção da cabeça,pelo lado direito. Dispara o tiro. O sangue espirra em seu corpo. O motoqueiracai morto. Ele fica contemplando a cena durante uns dez minutos. Depois vaiembora e deixa o motoqueira ali.Mm

Em nome de JoãoWhere stories live. Discover now