Apesar de Orlando e João serem melhores amigos na infância e início de adolescência, nenhum dos dois pode arriscar em dizer o que eles exatamente fazem para sobreviver. O tempo às vezes cura, mas também distancia muitas pessoas. E em muitos casos, depois de alguns anos de afastamento, não dá para reconhecer a pessoa. Não pela aparência, mas sim pelas escolhas feitas durante este período, e pelo caráter atual da pessoa. Orlando agora é o malandro do bairro. João tem seus negócios próprios. Eles têm que se estudar primeiro antes de abrirem o jogo um com outro.
— Então Orlando, o que você tem feito da vida?
— Eu aproveito a vida do jeito que ela é. Com você eu sei que posso me abrir. Estou certo? — Pergunta Orlando desconfiado.
— Claro! Pode falar. — João responde curioso para saber o que se passa no Boaçú.
— O meu negócio é ficar de olho em tudo que acontece aqui. Ganho para isso.
— Como assim? — Pergunta João querendo entender melhor o que Orlando faz.
— Se tem alguém vacilando aqui no bairro eu entrego para rapaziada. Depois eles fazem o serviço. Obviamente que é tudo sigiloso. Sabe como é, as pessoas não gostam muito de dedo duro. Se os homens estão procurando por alguém que fez algo muito grave, eu também entrego para eles. Se tiver alguém devendo a rapaziada, eu o vigio até eles tomarem uma atitude. Mas João, a parte dos homens ninguém sabe, além de você agora. Sinto que posso confiar, pela nossa amizade. No final das contas, ganho uns valores e alguns favores em troca dos serviços.
— Então você é exatamente quem eu estava procurando. — Afirma João com um sorriso animado, sabendo que ele e Orlando poderão trabalhar juntos e reatar a velha amizade.
— Como assim? — Pergunta Orlando curioso.
— Tenho meus próprios negócios. Mas sabe como é, nada legal. Sou gerente de uma boca numa favela do Rio e quero voltar pra minha terra. Dominar geral. Todos vão ficar sabendo que eu voltei, e quero vingar a morte do meu pai, se quem o matou ainda estiver vivo.
— Tenho uma ótima notícia para você João: os donos da boca ainda são aqueles caras que enviaram o homem da moto que estava perseguindo o carro e acabou acertando o seu pai. Inclusive, o motoqueiro ainda está vivo e trabalha para eles.
— Está brincando comigo? — Pergunta João com tom de excitação.
— Não estou. É sério!
— Temos muito que conversar então. Quero pegar todos eles. Principalmente o motoqueiro.
Eles continuaram a conversar por um bom tempo. Durante a conversa sugeriram várias vezes a possibilidade de João invadir a boca, tomar conta do Boaçú, e de quebra, pegar o assassino do pai.
João conseguiu pensar em algo, e explicou exatamente a Orlando o que ele pretendia. Qual seria a sua participação nisso tudo, e quanto ele lucraria com ele no poder, chefiando o tráfico de drogas local.
Orlando, por sua vez, topou na hora a proposta de João. Achou excelente. Mas, além do negócio, rola o fato deles reviverem aquela antiga amizade.
O papel de Orlando é mapear todos os pontos de venda,os locais onde os chefões ficam, além dos soldados e olheiros, colocando osnomes, os locais e os horários de todos. Não pode escapar ninguém. O relatóriodeve conter todas as pessoas envolvidas, por menor que seja a participação nonegócio. Dizer qual o tipo de armamento que cada um tem. Depois disso, o restoé com João. A função de Orlando depois da tomada da boca continuará a mesma.
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Em nome de João
RomanceJoão tem uma infância tranquila e feliz que é interrompida de forma brutal. Após recomeçar a sua vida, e fazer novas amizades, ele retorna a sua origem para comandar o império do tráfico de drogas. Esta estória é baseada em contos ouvidos em convers...