Capítulo 9

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Depois de Orlando mapear todas as atividades com os locais e os horários necessários, João volta ao Rio, para a favela onde gerencia uma boca de fumo. Reúne seus companheiros de batalha. Claro que ele convocou somente homens de confiança. Para ser mais preciso três homens: Minhoca, Cobra e Pedrão, que já estão na ativa com ele.

Minhoca é alto, com um metro e noventa e um centímetros de altura. Sua pele é morena clara. Ele é magro. Rosto chupado. Não é a toa que tem esse apelido. O seu nome na verdade é Apolinário Januário de Ferreira. É claro que ninguém o chama pelo nome.

Ele foi o primeiro a receber João na comunidade do Rio desde que ele partiu do Boaçú. Foi um amigo perfeito. O acolheu quando ele estava com raiva do mundo. Nem a sua mãe e nem os seus irmãos conseguiram fazer com que ele obtivesse paz no coração. Mas com minhoca foi diferente. Ele levou João para conhecer todos os lugares da comunidade. Conheceu as pessoas. As mercearias. As lojinhas. Todos eram muito receptivos quando apresentados a ele.

Eles conversavam muito. João lhe contou sobre a sua vida no Boaçú. Como era boa. Como ele era feliz com os seus pais e seus irmãos, apesar de não terem muito dinheiro. Também contou o que havia acontecido com o seu pai no campo de futebol e dor que sentia. Minhoca apenas o ouvia. Nada de conselhos e nada de sermões. Emprestava-lhe os ouvidos todas as vezes que ele sentia falta do seu pai, ou que tinha vontade de explodir tudo ou acabar com humanidade. João se acalmava ao ser ouvido, e Minhoca percebeu isso logo que o conheceu.

Cobra tem esse apelido pelo fato dele ser escorregadio. Ele não confia em ninguém. Mas ninguém confia nele também. Ele é mulato, com um metro e setenta centímetros de altura. É careca. Claro que ele raspa a cabeça sempre. Fica brilhando. Parrudo. Sempre impõe medo.

Todos devem estar perguntando por que ele estaria com João nesta. Bem, o que acontece é que Cobra não confiava em ninguém. Isso até ele conhecer João. Depois de uns dois meses já morando no Rio, João presenciou uma cena: Cobra correndo. Ele corria muito, mas muito, e atrás dele dois caras também corriam. João logo percebeu o que estava acontecendo. Quando Cobra chegou perto, João falou para ele entrar na casa e ficar de bico fechado. Quando os dois caras se aproximaram de João, pararam.

— Você viu um rapaz correndo por aqui?

— Vi várias pessoas correndo por aqui. Mas o que vocês querem?

— Ele roubou um frango no açougue do Baixinho lá embaixo. Estamos atrás desse safado.

— Como ele é?

— Moreno quase mulato. Deve ter mais ou menos um metro e setenta e dois centímetros de altura. É careca.

— Tem muitos carecas por aqui, mas com essas características eu vi sim.

Cobra arregalou os olhos quando ouviu João dizer que o conhecia e que tinha o visto correndo por ali. Ele começou a suar frio. As mãos estavam geladas. O corpo tremia. Muitos pensamentos vieram a sua mente. Como, por exemplo, dar uma surra neste cara se ele o entregasse.

— E para onde ele foi? — Perguntou um dos caras que estavam na busca.

— Bem, ele seguiu um pouco mais ali pra cima, mas depois virou naquela rua ali, e desceu até a rua principal.

Os dois homens subiram alguns metros, e logo depois viraram a esquerda e desceram a rua seguindo para a rua principal. Cobra logo em seguida saiu de dentro da casa e agradeceu a João pela ajuda. Nunca ninguém havia lhe ajudado. Ele ficou realmente muito agradecido e disse para João contar sempre com ele, sempre que precisasse.

Bem, João seguiu fazendo amizades. Conhecendo as pessoas. A sua família foi muito bem recebida no Rio. Todos rapidamente ficaram sabendo o porquê eles haviam mudado pra lá. A ajuda para sobreviver vinha de todos os lados. Mesmo assim, a mãe de João estava em busca de trabalho. O que aparecia ela topava. Quer dizer, quase tudo.

Pedrão é branco. Mede em torno de um metro e oitenta centímetros de altura. Corpo atlético com os músculos a amostra. Só que o que ele tem de músculos, falta em raciocínio. Ele é meio abobado. Tem um raciocínio lento, e leva alguns minutos para entender o que às pessoas falam para ele.

A pergunta é: o que ele tem a ver com João? Bem, desde cedo o Pedrão já abusava do álcool. Bebia muito, de ficar caído na calçada. No dia em que João o conheceu, ele estava jogado em uma dessas calçadas, e um cachorro estava lambendo a sua boca. Coisa nojenta. João chegou perto dele, e o cutucou com a mão. Pedrão mexeu-se e resmungou algo que ele não entendeu.

— Você está bem? — Indagou João.

Não adiantou de nada a pergunta, pois o homem continuou a resmungar sem que ele entendesse uma só palavra do que ele estava tentando dizer.

— Venha comigo. Vou te levar pra minha casa. Lá você poderá tomar um banho e se recuperar.

João ajuda o Pedrão a se levantar, e usando o seu ombro como apoio, consegue levá-lo até a sua casa. Lá joga Pedrão dentro do Box do banheiro. Abre o chuveiro na água gelada. Mas estava muito gelada. Pedrão dá um grito de susto. Fica um pouco mais esperto. João o manda ficar ali debaixo da água o tempo suficiente para ele se recuperar. Enquanto isso ele vai para a cozinha preparar um café bem forte para tentar fazer Pedrão ficar mais acordado ainda. Depois que o café ficou pronto, ele pegou uma toalha e umas roupas limpas, grandes o suficientes para entrarem em Pedrão.

— Toma cara, se enxuga e coloque estas roupas.

— E as roupas molhadas? — Pergunta Pedrão ainda falando meio enrolado.

— Deixa aí dentro do Box que eu vou colocar para a minha mãe lavar junto com as minhas.

— Valeu.

Pedrão colocou as roupas que João lhe deu. Mesmo sendograndes, ficaram bem apertadas em Pedrão. Ele fez um comentário bobo sobre elase depois agradeceu. Sentou à mesa para beber o café, e depois foi embora. Nodia seguinte Pedrão foi à casa de João devolver as roupas. A mãe dele estava emcasa e já havia lavado as suas roupas. Ele agradeceu mais uma vez e foi embora.a

Em nome de JoãoWhere stories live. Discover now