Prólogo

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Ísis...

Nome de uma deusa egípcia que é um modelo para as mulheres e mães, é a deusa da fertilidade e maternidade.

***

Oito anos antes

- Alô, funilaria Magalhães. Em que posso ajudar?- nossa que voz máscula, com certeza era feio.

- Oi. Sabe o que é? É que o pneu do meu carro furou.

- Desculpe mas aqui é uma funilaria. Você tem que acionar uma borracharia.- meu Deus aquela voz emanava testosterona.

- Moço, pelo amor de Deus, eu tô numa estrada sozinha e ja tá anoitecendo. Meu celular tá já descarregando. Por favor me socorra. - o ouvi suspirar.

-Tudo bem, eu vou. Onde você está?

Passei pra ele as coordenadas de onde eu estava e o esperei. Ele estava demorando muito. O pânico começou a tomar conta de mim. Os últimos raios solares já tinham ido embora. Minha mãe iria me matar. Peguei o carro dela escondido depois de uma briga que tivemos. Tenho dezessete anos e não tenho carteira de motorista.Minha mãe queria controlar a minha vida. A briga foi por uma idiotice. Simplesmente porque ela queria que eu prestasse vestibular para medicina pra seguir a sua carreira e a do meu pai . Argumentei que não tinha o menor jeito pra ser médica, tinha pavor de sangue e que eu seria uma péssima médica e ainda por cima, frustrada.

Não faço a menor idéia qual a diferença entre uma funilaria e uma borracharia. Procurei na internet sobre consertos de carro e achei a Funilaria Magalhães, era a mais próxima de onde eu estava e tinha um carro na frente da propaganda. Então por que diabos ele não queria vir me socorrer?

Vinte minutos tinham se passado e nada do carinha aparecer. Será que ele me enganou? Encosto no carro e pego o telefone pra ligar pro meu pai. Não queria ligar pra ele porque certamente levaria uma bronca. O celular por fim descarregou, o jeito era esperar. Escuto o motor de uma motocicleta se aproximando, ela para perto e corro pra dentro do carro trancando as portas. Eu penso logo em estupro. O homem tira o capacete e minha nossa senhora, ele é gato pra cacete.

Ele olha pra mim com interrogação nos olhos.

- Moço, por favor, não me faça mal.

- Fazer mal?

- É melhor você ir embora daqui. Meu pneu furou e eu já pedi ajuda, chegará a qualquer momento.

Ele abre um sorriso que o deixa ainda mais lindo e sedutor. Pega um cartão e coloca próximo ao parabrisa do carro. Leio Funilaria Magalhães. Dou um sorriso amarelo e saio do carro.

- Desculpa. É que pensei que você viesse num carro e que fosse mais velho.

- Sei. - ele abre a mala do meu carro pra pegar o stepe.

- O que você quer dizer com SEI? - ele me olha com desdém.

- Conheço gente como você, moça. Que se acha melhor que os outros porque tem dinheiro, um carro bacana. - eu ri e ele continuava trocando o pneu.

- Você está me julgando porque eu entrei no carro com medo de ser estuprada por um motoqueiro numa estrada deserta?

- Quem começou o julgamento foi você, moça.

- E você se acha no direito de dizer que tipo de pessoa eu sou só por causa de um fato isolado? Então você é muito pior do que as pessoas que você julga.

- Só de olhar pra você já dá pra saber quem você é, moça.

- E quem eu sou, senhor sabe tudo? E pare com essa história de moça porque eu tenho nome. Ísis. - falei levantando o queixo, eu já estava irritada com aquele idiota lindo de morrer.

Ele terminou o serviço, se levantou limpando as mãos e me encarando.

- Você, Ísis, é uma garota riquinha e mimada que se acha melhor que os outros, que acha que os seus probleminhas são mais importantes que o dos outros e que a sua vida é mais preciosa que a dos demais. - eu já estava bufando de raiva. - Mas eu vou te dizer uma coisa, o mundo não gira ao redor do seu umbigo.

- Você é um idiota sempre ou só de vez em quando? - ele riu como se não desse a mínima pra mim.

- O seu pneu está trocado, Ísis. - colocou o pneu furado na mala do carro e fechou.

Eu estava morrendo de ódio daquele idiota lindo. Ai, que raiva, por que ele tinha que ser tão gostoso? Fui pegar minha bolsa no carro.

- Quanto lhe devo? - peguei a carteira e falei sem nem olhar pra cara dele.

- Como eu disse, você ligou pra uma funilaria. Eu só vim aqui lhe fazer um favor.

- Tome. - estendi a mão com três notas altas de dinheiro. - Aceite isso em agradecimento.

- Como eu disse, não é necessário. - ele se virou indo embora.

- Recompensar os outros pela ajuda sempre foi meu princípio de vida. - ele se deteve e virou pra mim.

- Ajudar os outros sem esperar nada em troca é o meu princípio de vida. -deu um sorrisinho debochado. Idiota. Lindo mas idiota.

- Você está rejeitando o meu agradecimento. - falei empinando meu nariz.

- Não. Estou rejeitando o seu dinheiro. - sorriu de novo. Eu queria pular no pescoço dele. - É melhor você ir embora, já está escuro e pode aparecer alguém pra te fazer mal, moça.

Ele se virou e foi embora sem tirar aquele sorrisinho da cara.

Eu odeio meu ex-namorado (Finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora