Epílogo

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Estou sentado à minha mesa em uma das minhas empresas e olho para um dos porta-retratos que fica sob ela. Nossa família. Uma família linda que eu amo mais que tudo nesse mundo. Caio está com 11 anos e o pequeno Gui com 5. O sorriso da minha amada esposa é radiante. Um sorriso de total e completa felicidade. Sou mesmo um privilegiado e um sortudo. Começo a divagar pelo passado.

Depois que o grande amor da minha vida me deixou, o único pensamento que povoava a minha cabeça era de vingança. Eu precisava me vingar da mulher que brincara com meu coração e me largara como se eu fosse um sapato velho que não lhe servia mais. Eu lutei como um condenado pra poder subir na vida. E então me vi galgando os degraus do poder. Agora eu tinha dinheiro pra esfregar na cara daquela mulher fútil.

Mandei investigá-la e no silêncio do meu coração eu desejava que ela não tivesse casado. Seria demais pra mim vê-la casada, talvez com filhos e feliz. Felicidade essa que ela só conhecia se houvesse dinheiro e poder. Ah... E berço também. Afinal, para ela e a família, não bastava ter dinheiro, tinha que já ter nascido em berço de ouro.

Quando Ísis foi embora, meu coração ficou quebrado em mil pedaços e eu sabia que não havia mais esperança pra ele. Mas eu me alimentava com o desejo de vingança. Eu a faria sofrer como ela fizera comigo.

Meu filho era a minha única razão de felicidade, mas eu não seria completamente feliz se o objeto da minha desgraça estivesse bem. Ísis de Sousa teria que sofrer. E assim eu proporcionaria a ela tamanho sofrimento tal qual ela me proporcionou.

Eu comprei a maldita revista e qual não foi o meu prazer quando ela deu de cara comigo. Ísis parecia transtornada e eu me alegrei com isso. Mas ao mesmo tempo que era bom vê-la irritada com algo que eu dissesse ou fizesse, era também uma tortura trabalhar com ela e não poder tocá-la. Vê-la todos os dias me angustiava porque eu não podia tê-la em meus braços e eu queria isso demais. E pra piorar a situação, o meu próprio filho se apaixonara por ela também.

Eu comecei a querê-la pra mim de novo. Eu sonhava a beijando, a abraçando e fazendo amor com Ísis e acordava irritado por ter sido apenas sonho. Quando percebi que o Fábio a olhava com olhos apaixonados, o monstro do ciúme que viveu tanto tempo adormecido, acordou irado. Eu nunca me considerei um cara ciumento, só depois dela. E só com ela. Eu tinha um pavor imenso que ela ficasse com o Fábio ou com quem quer que fosse. O tempo que ficamos afastados, tive alguns relacionamentos, claro, eu não sou de ferro. Mas nunca mais amei ninguém. A única mulher que eu amei na vida foi a cruel Ísis de Sousa.

Quando Bárbara chegava perto de mim com aquelas sempre segundas intenções, eu a colocava no lugar dela. Não simplesmente porque eu queria a Ísis, mas porque desde o princípio eu não a suportei. No dia que ela chegou com aqueles malditos doces de amendoim e disse que tinha trazido para todos na revista, eu quase enlouqueci e corri para que a minha Ísis não os comesse. Lembrei do pavor que senti quando ela passou mal no passado ao comer amendoim. O pavor de perdê-la era sufocante.

Eu a vi como se comportava com meu filho e ela parecia verdadeiramente gostar dele. Então percebi que nunca deixara de amá-la. Eu  a queria nos meus braços novamente. Irremediavelmente eu a queria de novo. Então a propus para esquecermos o passado e vivermos o presente. E assim fizemos. Bem, até quando suportamos. Ela me jogou coisas na cara que eu desconhecia e mais uma vez brigamos.

Qual não foi o meu choque quando descobri que a mãe dela tinha provocado o aborto do nosso filho, o fruto do nosso amor. A desgraçada da Teodora que tinha tramado tudo e armado um plano sórdido para nos separar e na segunda vez teve ajuda da Bárbara. Eu fui muito idiota. Como eu caí na maldita armadilha? Eu e Ísis perdemos tanto tempo odiando um ao outro, sofrendo. Mas no fim, o amor venceu. O nosso amor era mais forte do que supúnhamos. Apesar do ódio, do rancor e da maldade, ele permanecera intacto.

Eu odeio meu ex-namorado (Finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora