Mon Amour

34 1 1
                                    


  Bom dia Manoel! - digo já dentro do carro.

- Bom dia menina! - ele responde sorrindo pra mim pelo retrovisor - desculpe acabar tão cedo com a festa.

- Tá tudo bem, a festa mesmo foi ontem, pra de hoje que não sei se tô preparada. - ele ri.

- É bom que esteja menina, é bom que esteja...

Chego em casa e lá está adona Juliana dando ordens sobre a decoração, abraço ela e digo

 - Mãe, é só a nossa família lembra? - ela ri, como se fosse adiantar.

- Claro que eu sei, a mãe Xu sabe de tudo. - começo a rir e ela ri também. 

- Desculpe. - ela ri de novo. -

 Tô lá em cima ok?

- Ok - ela diz, dá um beijo na minha testa e eu subo correndo pro meu quarto, arranco a roupa o mais rápido possível entro na banheira ainda vazia e coloco pra encher. Fecho os olhos e lembro da encochada do Pedrinho no mar, da barba dele arranhando meu pescoço, da minha "brincadeirinha" com o Di na madrugada e me pergunto "o quê que eu tenho na cabeça?". Ponho os fones no ouvido e relaxo ao som de Space Boots, tinha que preparar o psicológico pro almoço. "Ah Nicole, mas é só um almoço de família" Ok, mas a Roberta era da minha família.Minha prima querida, da minha idade, que desde pequena já adorava quebrar minhas bonecas, rasgar minhas revistas e com o passar do tempo passou a gostar, de pegar minhas roupas, sapatos, bolsas, maquiagens, acessórios, qualquer coisa emprestada e não devolver ou devolver em estado decadente. Apesar de tudo isso, nós estávamos sempre juntas, ela sempre estava aqui em casa, fazia questão de fazer amizade com todos os meu amigos, assim pra onde eu era convidada ela também era, estudávamos juntas até o dia que ela resolveu que estava apaixonada pelo Rafa só porque a Manu uma "ex amiga" contou pra ela que eu tinha um quedinha por ele. Tá que eu babava, mas era só uma quedinha. Minha querida prima só relaxou depois de ficar com ele na minha frente. Mudei de colégio no ano seguinte e fazia questão de evitá-la o máximo e o pior, ninguém com exceção da minha mãe acreditava que ela fosse capaz desse tipo de coisa, um doce de menina, sempre preocupada com os outros, super religiosa, uma típica vilã de novela mexicana, Robertinha? Duvido. Mas família é família né? Respira fundo e engole.Acabei meu banho e fui secar o cabelo, fazer make, vesti a primeira roupa que vi e desci.A arrumação já tava pronta e a minha mãe tinha ido se arrumar, me joguei no sofá e fiquei mexendo no celular até a minha mãe descer e a família chegou logo em seguida. Logo de cara vi a Roberta que me olhou de cima a baixo e arregalou os olhos, mas a ignorei e fui falar com a vó Sofia, abracei-a e senti seu perfume de vó. 

- Como você está linda minha neta! - sorri, agradeci e disse que ela também e estava mesmo, a minha vó parece uma bonequinha. Depois fui falar com o meu Avô Dionísio que disse que eu não devia andar vestida daquele jeito, hahaha, A tia Adriana mãe da Alice e da Camila e a tia Luana mãe da Roberta, por fim as primas, primeiro a Alice que tem 14 e é um doce depois a Camila de 18 e por último minha querida Roberta de também 17. 

 - Realmente prima, tá faltando pano nessa roupa, se tivesse avisado eu trazia alguma coisa. - disse rindo a sínica. Sorri e respondi 

-Ô prima, faltar não me falta nada, mas que bom que você não gostou, já sei que não vai pedir emprestado. - disse fazendo aspas no "emprestado". 

A Alice e a Camila que sabiam da nossa "briguinha interna" riram enquanto os mais velhos iam sentado à mesa. Foi lindo ver aquele sorrisinho apagado.O almoço foi servido e todos conversavam com exceção de mim, que comia calada, mas não escapei, perguntaram dos namoradinhos, estudos, planos futuros, como eu estou linda, crescida blá, blá, blá, amo minha família, mas esses momentos de textos decorados, super repetitivos me dão náuseas. Assim que acabou pedi licença e fui pro meu quarto. No segundo que me joguei na cama a Roberta entrou, simplesmente entrou, sem bater na porta nem nada. Ok.

AcrediteiWhere stories live. Discover now