É Família...

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Paramos no portão de uma casinha que mais parecia de bonecas. Aquela casa sempre me fazia pensar em castelos pelo seu design exterior antigo, com suas torrinhas e telhados, branca e de mármore acinzentado, enormes janelas de vidro cobertas por uma cortina branca, canteiros de flores rodeavam a casa e um enorme coqueiro na área da frente. Desci do carro e notei um movimento na cortina, alguém espiando, mas foi tão rápido que não tive nem tempo de ver quem. Me despedi do Manoel e antes de chegar na porta a Camila, minha cúmplice, já a tinha escancarado sorrindo pra mim, descalça com um vestidinho branco esvoaçante. Eu sorri de volta e corri para abraçá-la.

- Achei que não fosse aparecer por aqui. – ela disse depois de me soltar, saindo do caminho para que eu entrasse, com as mãos na cintura e batendo o pé como quem se prepara para dar um sermão. 

- Bom, - respondi entrando – não fui convidada.

- Nick? – Chamou a minha vó, a dona da casa, parecendo surpresa ao me ver, ela usava bermudas de um pano que imitava o jeans mas não o era, uma blusa rosa de manguinhas que a deixava corada e sandálias, o cabelo preso em um rabinho de cavalo.

- Oi vó. – disse sorrindo e indo abraçá-la também.

- Oi minha filha. – ela disse sorrindo, mas logo seu sorriso murchou e ela perguntou séria. – O que você está fazendo aqui?

- Ahn? Não sou bem vinda? – pergunto tentando soar em tom de brincadeira. Ela faz sinal para sentarmos. Sento e olho em volta, tudo é igual como na infância, a mesinha de centro redonda e espelhada, com um arranjo, a estante cor de creme, com gavetas brancas com anjinhos, e porta-retratos, um quadro do mar.

- Não se faça de desentendida Nick, você não gostaria de contar o que anda acontecendo?

- Na verdade, não. – respondo apertando as mãos no colo. – Cadê o vô? –pergunto mudando de assunto e ela me olha desconfiada, mas, sei que por dentro ela quer rir dessa situação toda.

- Saiu cedo o seu avô, com aquele bando de velhos desocupados. Agora deu pra isso, vê só! – não consigo não rir da sua cara de brava, mas ela nem nota, continua reclamando. - ... baralho, dominó, dama, xadrez, o que aparecer, e ficam lá o dia todo se puder.

- Meu Deus mamãe! De novo essa história? Não pode dar corda Nick, se não ela não para nunca mais. – é a tia Adriana, com uma blusa verde de alcinhas e uma jardineira, os cabelos cor de mel presos em um nó, ela parecia meio cansada, mas tentava não deixar transparecer. – Tudo bem minha sobrinha? - ela pergunto e ainda rindo do stress da minha vó levanto pra abraça-la.

- Tudo tia, e você?

- Tudo ótimo tirando essas confusões, né mamãe? – ela senta ao meu lado e a minha vó faz cara de emburrada e vira o rosto para o outro lado, mas começa a rir também, a tia Adriana continua. – Achei que não fosse te ver por aqui, na verdade a gente estava planejando ir lá e tudo.

A Camila voltou com a Alice que se jogou no meu colo cantando uma musiquinha irritante e bagunçando o meu cabelo – Alice! Sua pirralha! – grito em meio ao riso e ela sai gritando e correndo de shorts rosa shock e uma blusa de crochê azul como uma patinha rebolativa e desengonçada. – Eu não sabia que estava todo mundo aqui. – respondo arrumando o cabelo, Camila coloca em um programa que eu não sei qual é, mas cujo objetivo parece ser que as pessoas corram de um lado para o outro na lama. – Fui excluída.

- Boba. – diz a minha vó arrumando uma almofada no colo. – não diga isso nunca, você nunca será excluída, sabe disso.

- Sim eu sei. – respondo sorrindo. – Mas de qualquer forma, não fui informada da reunião.

AcrediteiWhere stories live. Discover now