Nascida de uma vencedora que hoje é extremamente rica e influente, que me criou sozinha com tudo que o dinheiro pode comprar. Sempre tive tudo que quis desde que eu posso me lembrar, estudei nas melhores escolas, sou fluente em várias línguas e uma...
- Vamos fazer uma aposta Scheilinha. - digo invadindo a cozinha e assustando a Scheila que pegava alguma coisa em um armário e não me viu chegar.
- O que é isso menina? Quer me matar do coração? Não tenho mais idade pra isso! - ela reclama colocando umas vasilhas na bancada da pia.
- Desculpe. - digo rindo com a cabeça dentro da geladeira.
- O que você quer apostar? - ela pergunta curiosa enquanto eu abro um iogurte.
- Quantos dias você acha que eu consigo aguentar esse tédio. Acho que não chego até amanhã. Se eu
sobreviver, minha alma é sua. - digo com a mão no peito e uma cara de dor encenada.
- Mas era só o que me faltava! Deixa de palhaçada menina, ora, apostar a alma! Com essas coisas não se brinca em. Deus me livre. - Caio na gargalhada.
- Perdão Scheilinha, mas olhe pra mim! Estou sucumbindo, definhando, veja como estou pálida e magra. - peço me aproximando dela e puxando as pálpebras inferiores para baixo. - Devo ter poucas horas de vida. - digo levando teatralmente a mão a testa. Ela cansa de me ignorar e olha para mim rindo.
- Mas o que é que você está sentindo em? Tão engraçadinha a uma hora dessas.
- Não querida, não to fazendo graça, é tudo verdade.
- Você me parece muito bem, com uma pele ótima e ainda acordou de bom humor! Deve ser por causa do seu amigo arco-íris.
- Ei! - é a vez dela cair na gargalhada e eu volto pro meu iogurte.
- É verdade! Eu lembro bem, quando eu tinha a sua idade também tive uma pele muito bonita.
- Ué só quando tinha a minha idade? - pergunto rindo enquanto a Rita entra na cozinha.
- Bom dia. - ela diz baixinho com sua voz azeda pra mim e logo vira as costas.
- Bom dia. - respondo fazendo caretas atrás dela.
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- Hoje em dia não dá mais né, eu já tenho 52 anos, Roberto Carlos 60, a gente vai perdendo a vontade.
-Vontade de quê? - pergunta a Rita intrometida.
- De transar. - respondo sem pensar duas vezes, só pra ver ela seus olhos arregalados, dou um sorrisinho e sua expressão fica dura, ela vira-se para a Scheila e diz baixinho, como se eu não pudesse escutar:
- Não devia falar sobre isso com essa menina. - dou um muxoxo e antes que eu possa dizer qualquer coisa a Scheila responde:
- Por quê não? Você não sabe o que é isso Nick? - Eu rio.
- Não é apropriado. - Ela diz com a voz fria.
- Por quê não? Você não transa não? - ela cora e eu rio alto.
