Prólogo

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– O que você fez Lílian? – meu pai perguntava em voz alta, mas para mim não passara de um murmúrio abafado ao fundo.
Meus olhos estavam arregalados fixados mais a frente, na multidão de pessoas ruivas que rodeavam minha preciosa prima, Rose Weasley, no chão.
– Lílian! O que você fez?
Era minha culpa, mas talvez papai não precisasse de tanto drama. Ainda caída na grama, recuei, assustada. Papai se afastou de mim com a decepção em suas orbes verdes e juntou-se a família para ver como Rose estava.
Levantei da grama ignorando os arranhões em meus braços, corri para dentro da Toca e subi para o último andar, onde ficava o antigo quarto da minha mãe.
Deixei que as lágrimas rolassem pelos meus olhos e que, assim, levassem junto delas minha dor, minha angústia, minha raiva, meu ódio.
Entrei no meu quarto e sentei no piso de madeira empoeirado, sem me importar no quão sujo ele estava, já que vovó já não tinha o mesmo pique de antes e aquele quarto nunca mais ter sido usado.
Cobri meu rosto com as mãos, repassando todos os acontecimentos daquele feriado. E todos eles, estavam presentes os constantes sermões que eu recebia de todos. Paparicavam a preciosa Weasley, a princesa da Grifinória, melhor jogadora de Quadribol de Hogwarts, Rose Weasley.
Era tudo minha culpa. Sempre eu, sempre Lílian Luna Potter. Sempre Rose Weasley ofuscando todos os meus esforços em tentar ser vista pela família, tornando todas aquelas tentativas, inúteis. Sempre Rose Weasley, nunca eu.
Deixei que mais outras lágrimas rolassem e não pude mais reprimir os soluços. Doía tanto...
*
– É a 10° vez, Lílian Luna! – exclamou meu pai e reprimi as lágrimas que, com tanto esforço, consegui secar antes de descer para a cozinha. O jantar fora silencioso, todos os olhares da família sobre mim. Rose na cabeceira da mesa, ao lado de Hugo, com a perna engessada, já que tio Ron não quis arriscar deixar tia Hermione remendar com mágica e acabar prejudicando as incríveis habilidades em quadribol da filha mais velha – O que tem na cabeça? Você sabia que sua prima teria um jogo importante amanhã!
– Pare de falar assim comigo! – exclamei me levantando da cadeira batendo o punho na mesa, sobressaltando todos os presentes – Afinal, quem é sua filha? Rose ou eu?
– Que grande bobagem, Lílian Luna! - ele me olhou, balançando a cabeça em desaprovação.
– Às vezes, parece que ela é sua filha! – a primeira lágrima ameaçava cair, contra todos meus esforços de me manter firme - O quê? Não cresci de acordo com seus planos? Não entrei pro time de Quadribol? Ou é por que fui pra Sonserina?
– Lily... – mamãe tentou se aproximar, cautelosa. A dor era visível em seus olhos.
– Eu... Eu cansei! – aumentei o tom de voz – Eu não sou perfeita, como Rose Weasley! Não entrei para a Grifinória, como Rose Weasley! Não sou inteligente, como Rose Weasley! EU NÃO SOU ROSE WEASLEY!
E então, permiti que as lágrimas caíssem enquanto eu corria porta a fora. A noite serena aos poucos se tornava gélida e fria. Não percebi isso enquanto me embrenhava no pequeno e escuro bosque, próximo a Toca. Era lá que se tornara meu refúgio naquela páscoa, onde eu me escondia dos meus medos, dos sermões de toda família e da perfeição de Rose Weasley.

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